Abraçar sem abraçar… 

Fonte: Herp

Hoje vamos falar de abraço porque esse carinhoso gesto que é uma das melhores formas de comunicação universal, dispensa palavras e faz um bem danado à nossa saúde tem, merecidamente, o seu dia especial. Simmm… hoje, 22 de maio, é o Dia Mundial do Abraço!!! Nosso eterno Cazuza já dizia que o abraço é o encontro de dois corações e a não menos famosa banda Jota Quest, em uma de suas músicas diz que o “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”, expressando que “tudo que a gente sofre, num abraço se dissolve e tudo que se espera ou sonha, num abraço a gente encontra”. Melhor interpretação para um abraço não poderia existir, não é mesmo? 

Jota Quest – Dentro de um Abraço

Tanto é que, de acordo com a literatura científica, dar ou receber um abraço é a forma mais simples de fazer o corpo liberar oxitocina, conhecida como o hormônio do amor e da felicidade. Após um abraço, o sentimento de bem estar, conforto e alegria “contagiam” tanto quem abraçou, quanto quem recebeu o abraço, ajudando a curar a solidão, o isolamento e até a raiva, pois desde que nascemos somos condicionados a ter o contato com outras pessoas e antes disso, ainda na barriga da mãe, nos sentimos seguros, abraçados, estabelecendo uma relação de confiança, conforto e acolhimento, de modo que o abraço nada mais é do que “uma forma de expressar sentimentos e emoções, trazendo diferentes sensações para quem oferece e quem recebe. Pode demonstrar intimidade, proximidade, uma relação querida, uma saudade, um cuidado. Pode também significar afeto, carinho, cuidado, amor, perpassando por vezes a necessidade da palavra e se fazendo suficiente ao sentir o abraço naquele momento”, conforme aponta a psicóloga Letícia Lozan.

Ao contrário de alguns países como, por exemplo, o Japão que não tem o costume de abraçar (tema para um post à parte), esta ação aparentemente tão simples sempre esteve presente no  comportamento de todos nós, brasileiros, de modo que, com a pandemia, em razão do distanciamento social, nunca antes um abraço foi tão valorizado. Tivemos que nos adaptar às novas circunstâncias e o abraço foi deixado de lado, sendo substituído pelo toque com os cotovelos ou mãos fechadas que, convenhamos, não se compara aquela gostosa sensação de ternura e de bem-estar-bem que só um abraço pode nos acalentar, uma vez que, como seres humanos que somos, nossas relações são pautadas no contato físico e o abraço faz parte desse universo.

Segundo depoimento do professor de psicologia médica da Pós Graduação em Psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Luiz Guilherme Pinto, à Agência Brasil, a situação que o mundo vivenciou por conta do coronavírus, é muito particular pois boa parte da população que ainda está tomando todos os cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias “está carecendo de abraços” pois não há como negar que tivemos que  ressignificar as formas de transmitir afeto e manter a distância interpessoal impactou negativamente em diversos aspectos da vida, principalmente no psicológico de cada um de nós!  

Conforme descreve o psicólogo Marcello Santos, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) ao referido site, o abraço é a poesia do mundo sem palavras. “É aquele momento em que você envolve o outro e o outro te envolve. É o momento em que você acolhe aquilo que o outro está trazendo. Você acolhe o outro incondicionalmente no seu abraço e isso faz com que o sujeito se sinta dentro de um clima de hospitalidade, de cordialidade, de afeto. Como falam em algumas culturas, é o choque de corações”, reforçando que “o abraço requer uma certa intimidade que, às vezes, ocorre naquele momento único, como acontece muitas vezes em jogos de futebol, quando os torcedores se abraçam para comemorar um gol do seu time. Ou no Ano Novo, em que pessoas desconhecidas uma das outras, acabam abraçando alguém para compartilharem as suas alegrias”. Como podemos verificar, há abraços para muitos momentos: aquele que conforta, o que reforça os laços de amizade, o que protege, o que põe fim à saudade, nos dando conta de que, desde que nascemos, aprendemos a usar o abraço para demonstrar afeto, transmitir segurança, cuidados e muito, muito amor.

Diante desses argumentos em que um aconchegante abraço pode aliviar a dor, a depressão, ansiedade, pânico, abandono, entre outros sentimentos que têm, de uns tempos para cá, abalado emocionalmente a população, a demonstração de carinho, qualquer que ela seja, continua sendo extremamente necessário. Segundo muitos psicólogos, deixar de abraçar “presencialmente” não significa que essa ação não possa acontecer, existindo várias formas de abraçá-la virtualmente. Obviamente, todos nós queremos e buscamos um “caloroso” abraço para nos sentirmos compreendidos, protegidos e confortáveis, mas como demonstrar que estamos próximos mesmo distantes fisicamente? 

Caetano Veloso – Um Abraçaço

A canção de Caetano Veloso, “Um Abraçaço”, que foi lançada em 2012, muito antes do isolamento imposto pelo coronavírus, descreve um pouquinho dos novos tempos que vivemos. O universo que vivenciamos atualmente está cada dia mais residindo nas lentes azuis de computadores, smartphones… e os abraços, infelizmente, ficaram escassos, dando vazão às telas que “felizmente” apareceram em  boa hora para nos ajudar a preencher os espaços que a saudade teima em ocupar. Afinal, não é na adversidade que a vida mostra o lado reverso da moeda? Então, quaisquer que sejam os motivos, se não é possível estar sempre por perto dos familiares e amigos queridos para abraçá-los pessoalmente, podemos e devemos sim,  ressignificar e distribuir “abraços” virtuais. Mas de que maneira?

A manutenção dos vínculos e cuidado com as relações pode, por exemplo, ser feita usando as redes sociais e meios tecnológicos como formas de contato e proximidade, ou seja, através de mensagens, ligações e chamadas de vídeo, a qualquer momento do dia, sem motivo específico, só para “matar” a saudade. Outra forma que também nos faz sentir perto de alguém especial é enviando flores e/ou presentes mas, independente das pequenas atitudes, o que importa mesmo é não deixarmos de cultivar os bons sentimentos e as boas energias pois o abraço, mesmo não sendo presencial, pode nos proporcionar coisas boas, como sugere Kathleen Keating, autora do livro “A Terapia do Abraço”, ao descrever alguns tipos de abraços que valem a pena relembrar, tais como:

  • Abraço Amizade : é um tipo de abraço que ajuda a quebrar a timidez, aumentar a auto-estima e melhorar a confiança entre amigos.
  • Abraço de urso: é um tipo de abraço muito usado entre pais e filhos, avós e netos e até para amigos que queiram expressar sua amizade, solidariedade e alegria de estar junto com aquela pessoa. 
  • Abraço imaginário: é um tipo de abraço, literalmente, imaginário e muito eficiente, principalmente quando estamos em situações difíceis onde precisamos de apoio e não temos ninguém por perto.

Desse modo, quando o abraço convencional não é possível e temos que apelar para o abraço imaginário, as 3 dicas básicas da psicóloga Beatriz Ferreira Neves do Hospital Estadual de Ribeirão Preto (HERP) para se “abraçar sem abraçar”, com bastante criatividade e vontade de abraçar, não só no Dia do Abraço mas em todos os outros dias do ano, são: 

  • Se abrace. Cruze seus braços e envolva seus ombros com suave pressão. Feche os olhos e sinta o quanto o seu abraço é bom e confortante… você é capaz de grandes abraços!
  • Abrace seu animal de estimação. Dê um abraço em seu animalzinho de estimação (proporcional ao tamanho do mesmo) e sinta o carinho e a cumplicidade que os envolve… aproveite este sentimento de amizade verdadeira! 
  • Abrace uma almofada com o cheiro da pessoa que você gosta. Coloque numa almofada um perfume que te lembre a pessoa que você ama ou imagine o perfume dela na almofada… e abrace com vontade!

Eu, particularmente, adoro abraçar e como estou ciente que o abraço é um excelente “suplemento”, mesmo distante não deixo de “abraçar sem abraçar”, quase todos os dias, meus adoráveis netinhos Yan, Léo e Lia e as minhas filhas Dani e Paty, não me sentindo solitária ou emocionalmente machucada por não poder (por enquanto) abraçá-los pessoalmente. Aprendi a dominar algumas dicas de abraços virtuais, desenvolvendo uma certa confiança na minha capacidade natural para compartilhar abraços maravilhosos, como podemos nos encantar neste vídeo em que é perceptível mudar paradigmas e sentir um “delicioso” e carinhoso abraço virtual!

Léo com 1 ano e 11 meses abraçando a vovó Bia

Como se vê, até mesmo abraços virtuais podem despertar uma série de emoções, não existindo receitas prontas a serem seguidas e sim, descobertas e redescobertas a serem feitas quantas vezes forem necessárias, pois dentro de cada singularidade, é possível abraçar sem abraçar, de maneira inimaginável há algumas décadas atrás.

Nunca é tarde para investir nos afetos. Bora começar pelos abraços virtuais…

Feliz Dia do Abraço para todos nós!!!

 ~ Bia ~

Mães mais do que especiais…

Fonte: Canguru News

No mês de maio, mais precisamente no segundo domingo do mês, muitos países como Brasil, Itália, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Japão, entre outros, prestam homenagens à figura materna e todos os sentimentos envolvidos na relação entre mães e filhos. Muitas mulheres almejam ser mães e durante a gravidez, a espera de um filho é cercada de muitas expectativas e idealizações. Afinal, qual é a mãe que não deseja que seu filho(a) venha a este mundo perfeito e saudável, não é mesmo? Todavia, ao depararmos com a célebre frase “quando nasce um bebê, nasce também uma mãe”, quando o bebê nasce com alguma necessidade especial, será que esta mãe também se torna especial, adquirindo super poderes e se transformando em uma heroína? Claro que NÃO!

Só quem tem um filho especial sabe que, receber o diagnóstico que ele é portador de alguma necessidade especial, é como dar à luz novamente, é ter outro parto muito mais doloroso, muito mais longo e sofrido, cuja dor, anestesia nenhuma, por mais eficaz e potente que seja, consegue amenizar. Não há obstetra ou equipe médica, por mais qualificados que sejam, que possa tornar este parto mais tranquilo, menos traumático. Talvez seja o “parto” mais difícil de nossas vidas… é o que revela muitas mães à Associação Caminho Azul, uma instituição de caráter filantrópico, que atende crianças e familiares carentes com Transtorno do Espectro Autista. Por quê?

Porque ninguém está preparado para ter um filho especial! Na verdade, talvez até “bate” um receio que isso possa acontecer, mas muito provavelmente, nenhuma mãe, em sã consciência, sonha em ter um filho com necessidades especiais. Basta tomarmos como exemplo o que habitualmente respondemos quando estamos grávidas, a respeito da preferência do sexo do bebê. A resposta é, invariavelmente, a mesma: “Tanto faz, menino ou menina. O importante é que venha com saúde”.

Desse modo, quando nosso filho é diagnosticado como portador de necessidades especiais, jogando por terra todos os nossos sonhos e expectativas, temos a terrível sensação de estarmos à beira de um precipício. Se nos dizem que devemos ser fortes e que devemos acreditar, incentivar e estimular nossos filhos, como fazer tudo isso? E como atenuar a própria dor, os medos e as dúvidas? Fragilizadas e ansiosas, descobrimos, a duras penas, que precisamos lidar com essa situação que nos pertence, da qual desconhecemos por completo. Temos que reaprender a ser mães, na concepção mais abrangente da palavra, de acordo com as novas especificidades de nossos filhos. E, à medida que a “ficha vai caindo”, o grande dilema é: qual é o caminho? Como podemos nos tornar a mãe que nosso filho precisa, capaz de auxiliá-lo em seu desenvolvimento, se nem mesmo sabemos por onde começar? Infelizmente não existem receitas prontas ou fórmulas mágicas!!! 

No entanto, nesta minha longa jornada de mãe “especial”, compreendi que procurar conversar, interagir e trocar informações e experiências com outras mães e famílias de crianças especiais, quaisquer que elas sejam, costuma ser a tábua de salvação para aquele momento em que parecemos naufragar em meio a um mar de dor, desespero, angústia e falta de esperança. Falar abertamente sobre o assunto com familiares e amigos também nos deixa mais “leves”, pois alivia o peso que sentimos. Inegavelmente, a primeira coisa que precisamos entender é que não existe um “caminho certo” nesta jornada. Existem, sim, caminhos diferentes e formas de caminhar diferenciadas, pois cada família tem o seu ritmo e o seu passo nessa caminhada. No momento e na hora adequada, cada mãe encontra a sua forma, o seu jeito e, principalmente, uma grande força interior. Mas o mais importante é enfrentar corajosamente, dia após dia, os obstáculos que certamente estarão sempre presentes neste caminho, pois só assim, é possível conduzir nossos filhos especiais à conquista da sua autonomia e felicidade. 

Para que possamos compreender melhor a nua e crua realidade vivenciada por muitas mães especiais, quero compartilhar esse interessante artigo publicado pelo Instituto Empathiae (organização sem fins lucrativos preocupada com a situação da família, principalmente da figura materna, quando do nascimento de um bebê com deficiência) acerca de um depoimento bastante emocionante da mãe do João Vicente, sobre a solidão das mães especiais.   

É PRECISO UMA ALDEIA INTEIRA PARA EDUCAR UMA CRIANÇA

Esses dias recebi o convite da festa de aniversário de um colega do João. Uma festa do pijama, que começava às 19hs de um dia, para terminar às 10hs do outro. Gelei. Porque já está em mim pensar que para o meu filho os convites e as atividades vão ser sempre diferentes. Demorei para ligar para a outra mãe. Passei do limite da data de confirmação, acredito que em um boicote inconsciente. Dias antes, mandei um recado: “Cris, querida, escuta, acho que o João pode pelo menos ir e eu busco ele mais tarde, para participar, o que tu acha? Dormir não vai rolar, né”. Ao que ela me respondeu: Se tu topar, eu adoraria que ele dormisse.

Fiquei um pouco em choque com a resposta, porque não esperava. Quantas mães estariam dispostas, no lugar dela? Teve desdobramentos dessa conversa, lógico. Eu explicando para ela – e para mim mesma – que de fato não existem muitas complicações, os remédios poderiam ser dados antes, ele come de tudo, dorme tranquilo a noite toda, e é um menino bem despachado, até. Decidimos juntas que tentaríamos.

O João não voltou para casa naquele sábado. Diz que aproveitou muito. Que estava feliz e muito bagunceiro. Diz que comeu cachorro quente, derrubou cabaninhas, rolou para dentro de encontros secretos das meninas, foi o último a dormir, e antes de pegar no sono só fez uma pergunta: “Mama?”, e quando ouviu que no outro dia de manhã eu estaria lá com ele, se aconchegou.

Essa noite me ensinou algumas coisas. Sobre a normalidade do meu próprio filho, sobre como os medos podem barrar importantes experiências, sobre a minha coragem e a coragem do outro, que quando se encontram podem ser tão mais potentes. Sobre ter uma rede disposta, disponível, A FIM de ultrapassar as barreiras do “é mais difícil” para incluir uma criança com afeto. Senti por algumas horas uma mãe normal. Grudada no celular a noite toda revisando se não tinha ligado o modo silencioso sem querer, mas normal.

É PRECISO UMA ALDEIA INTEIRA PARA EDUCAR UMA CRIANÇA, dizem. Até que essa criança tenha necessidades especiais, o que vira o limite desse provérbio africano bonito que tanto se fala hoje. 

Quando se toca nessa maternidade “especial”, nessa maternidade que ninguém quer, ninguém vê, e todos têm medo de falar sobre, a aldeia se desfaz. Eu sempre neguei tudo isso, me “fiz” de desentendida por muito tempo. Até que, no processo de pesquisa sobre inclusão, me peguei em meio a entrevistas e papos chegando sempre perto nesse assunto. Não que não tenha sentido sempre essa solidão, pelo contrário. Acho que a gente sente tanto que se acostuma.

A verdade é que, se para as crianças com necessidades especiais não existe aldeia, isso significa que para as mães ditas especiais não existe rede. Ou existe, pequena e frágil. Mas na maior parte dos casos o que temos são amigos que não sentem vontade de se aproximar, parentes que têm medo e não querem se envolver, tios e dindos que nunca vão levar essa criança para um dia de passeio, mães de colegas que jamais vão chamar para dormir na sua casa. Convites de aniversário que nunca chegam. Avós que dizem não ter mais idade. Pais que estão, mas não muito. Pais que vão embora – e aqui não falo de separação do casal, falo do abandono do filho. A realidade é que olhando profundamente, muitas vezes, a mãe é a aldeia inteira. E vai tentar ser, com toda a sua força, e vai se cobrar pra que dê conta de tantos papéis, e vai falhar, invariavelmente. Ela não tem nenhuma chance. 

Então vocês me perguntam: por onde posso começar a inclusão?

Sabe aquela amiga com o filho que tem paralisia cerebral? Liga pra ela hoje e pergunta como ela está, com disponibilidade para escutar. Sabe aquela vizinha que tem um filho com Síndrome de Down? Puxa um papo a mais no elevador, convida eles pra virem tomar um chá e brincar. Ou aquela mãe de um coleguinha do seu filho que tem uma síndrome rara que você nem sabe o que é? Perde o medo, pergunta o que quiser perguntar sobre, olha nos olhos dela, e convida para o próximo parquinho. Chama para o aniversário. Arrisca pegar essa criança no colo. Tenta olhar com alguma normalidade. Não leva tão a sério – as vezes não é tão ruim assim, na maioria das vezes é só diferente. Chama pra dormir na tua casa – no máximo vai rolar uma ligação na madrugada e do outro lado vai estar uma mãe pronta para ir buscar (não é assim com todas as crianças?). Tenta passar um pouco do teu limite. Vai descobrir que ele é só medo. Existe vida depois do medo.

Crianças com necessidades especiais também necessitam de uma aldeia, como o seu filho. E como você, mães “especiais” também precisam de uma rede. E estão tão escaldadas da falta dela, que já nem perdem tempo esperando, pedindo, buscando. Nós assumimos a postura de fortaleza, fechada, para evitar frustrações. Nós damos conta. E erramos nisso, de certa forma. Mas é o jeito de proteger nossos filhos de um mundo quase sempre não receptivo.

Então hoje meu convite para vocês como um exercício de inclusão é
SEJAM A REDE
SEJAM A ALDEIA
Escolham uma pessoa nos próximos dias, e deem um passo pra isso. Às vezes parece “forçar a barra” um pouco, e talvez até seja. Mas funciona. Tenho amizades incríveis com gente que “forçou a barra” comigo.

Precisamos ultrapassar obstáculos óbvios, urgentemente.
Precisamos fazer isso por desejo.

É difícil admitir, mas queremos e precisamos de uma aldeia para nossos filhos. E por mais que tudo sempre seja diferente para a gente, algumas coisas podiam ser mais iguais. E depende de tão pouco. Depende – também – de vocês.

(ÓBVIO que devem haver exceções para tudo isso que escrevi, crianças especiais com uma aldeia grande e linda ao redor, e fico imensamente feliz de acreditar nisso, mas está bem longe de ser a maioria, ou pelo menos um número equilibrado. A verdade é que 80% das mães que já conversei se sentem nesse lugar sem rede. Sem aldeia. Como a gente inverte isso?) Texto de Lau Patrón, mãe do João Vicente, da página Avante Leãozinho. 

Maravilhoso esse olhar sincero e profundo de Lau Patrón, vocês não concordam? Provavelmente, muitas mães especiais se identificam com todos esses relatos que ela expõe tão abertamente, sentindo-se muitas vezes sozinhas, abandonadas, sem esperança e com o coração fechado num luto sem fim. No entanto, será que muitas de nós, “mães especiais”, diante da dor e do sofrimento, não estamos nos fechando em uma concha de medos e desconfianças, por conta das dificuldades que acreditamos existir (e elas existem), construindo imensos muros para proteger, não só nossos filhos mas a nós mesmas contra o preconceito e a exclusão social?

A verdade é que, para o bem dos nossos filhos, precisamos ter coragem para nos “desarmar” e “forçar a barra”, “dar a cara a tapa” e pedir ajuda, pois uma rede e uma aldeia são essenciais, não só para nossos filhos mas também para nós mesmas. A inclusão é, sem dúvida, uma luta árdua sem tempo definido, mas quando abrimos o coração, podemos nos surpreender com a disposição, boa vontade e o carinho que podem ser revelados pelo outro após o NOSSO primeiro passo.
 

Afinal, modéstia à parte, nós, mães de filhos especiais, somos mais que normais, somos super-mães, não no sentido heróico, mas porque temos o poder de resignação e de entrega muito maior que muitas mães de filhos ditos “normais”, conscientes de que a maior deficiência humana é a espiritual, que traz a insensatez de uma sociedade que nem sempre percebe que a inclusão só acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades. Diante de tantos desafios, não temos como negar que há, sim, momentos em que ser mãe “especial” é extremamente difícil, pois uma solidão massacrante e impiedosa muitas vezes nos domina, dando a impressão que  estamos nadando contra a correnteza. Porém, como nosso maior anseio é que nossos filhos sejam respeitados e se sintam acolhidos, Lau Patrón nos leva à reflexão de um viés da inclusão que raramente é levada em consideração: a da mãe que precisa ser encorajada a ver seu filho com um olhar especial, atenta às suas reais necessidades em distintas fases da sua vida e da sociedade que precisa olhar os portadores de necessidades especiais com mais empatia e menos preconceito. 

Deste modo, cabe primeiramente a nós, mães especiais, “quebrarmos” as barreiras do medo, a DESARMAR E AMAR, sem rótulos e sem regras. Podemos e devemos ampliar a rede e a aldeia de nossos filhos, sendo imprescindível respeitar suas diferenças e limitações pois, acima de tudo, ser mãe especial é, segundo Bruna Saldanha, ser mais, fazer mais, querer mais… tudo que tem que ser potencializado para obtermos resultados gratificantes com nossos filhos, independente do que ele tenha e nem se tem cura ou não, pois o que importa é AGIR e ACREDITAR naquilo que está sendo feito. É a escola da vida nos ensinando a sermos fortes e resilientes todos os dias. Ou seja, ser mãe especial é não desistir, é lutar, é persistir e aceitar o nosso maior presente: um filho que vai estar sempre dependendo de nós e que veio para nós porque, certamente, Deus sabe que vamos dar conta do recado!!!

Nesta data tão especial, Feliz Dia das Mães para todas nós, mães guerreiras, pois aos olhos de nossos filhos, sejam eles especiais ou não, somos mães mais do especiais, não é mesmo Daniele e Patrícia?

~ Bia ~

No mês de maio, a vida tem o seu esplendor

Fonte: Fujiyama

“Azul do céu brilhou / Mês de maio enfim chegou / Olhos vão se abrir pra tanta cor / É mês de maio, a vida tem o seu esplendor”. Assim começa a música “Mês de Maio” do nosso querido cantor Almir Sater e assim começo o post do mês de maio, recheado de várias datas muito muito especiais.

Como deu para perceber, estou bem “atrasadinha” pois hoje é dia 11, já estamos quase na metade do mês e só postei um assunto no final do mês de abril, falando do Dia dos Meninos que foi comemorado no dia 5. Fiquei sem postar na semana passada pois foi o feriado de Golden Week no Japão e aproveitamos para passear nos arredores do Monte Fuji, a montanha “sagrada” da terra do sol nascente. 

No post anterior comentei que a comemoração alusiva ao Dia das Crianças (Kodomo no Hi) faz parte do calendário do Golden Week, mas para que se possa compreender melhor acerca deste feriado, vou falar um pouquinho mais a respeito.

A Golden Week (Semana Dourada) é a junção de 4 feriados nacionais no Japão, comemorados bem próximos uns dos outros no final de abril e início de maio. Estes feriados levam a um período de descanso excepcionalmente longo, considerado o período de férias por excelência para os japoneses, sendo que muitos deles solicitam folgas de trabalho remuneradas (yukyu) para prolongar suas férias e aproveitar alguns dias a mais para “curtir” um merecido descanso.

Embora o início do feriado seja, oficialmente, no dia 29 de abril indo até o dia 5 de maio de cada ano, as festividades geralmente têm início 1 a 2 dias antes e continuam alguns dias depois, especialmente quando os dias de folga caem em um fim de semana prolongado, como ocorreu neste ano, pois o feriado teve início no dia 29 de abril (sábado) e estendeu-se até o dia 7 de maio (domingo). 

Dentre os eventos comemorativos no Golden Week temos:

  • 29 de Abril – Showa no Hi (Dia de Showa) é o aniversário do último imperador Showa, Hirohito, que governou o destino do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
  • 3 de Maio – Kenpo Kinenbi (Dia da Constituição) é o dia em que se comemora a ratificação da constituição japonesa de 1947.
  • 4 de Maio – Midori no Hi  (Dia do Verde) é o Dia do Meio Ambiente, cuja data era comemorada no mesmo dia do aniversário do imperador Showa, sendo posteriormente alterada para o dia 4, devido à lei que estabelece que o dia que cai entre dois feriados nacionais também deve ser feriado.
  • 5 de Maio  – Kodomo no Hi (Dia das Crianças), também chamado de Tango no Sekku (Dia dos Meninos) homenageia principalmente os meninos. 

Diante de todos esses eventos que permeiam o agradável clima primaveril, é certamente uma das datas favoritas para viajar, não só pelo país, mas para o exterior, visitar os familiares ou apenas descansar. Aproveitando o embalo, fomos passear em alguns pontos turísticos das províncias de Shizuoka e Yamanashi.

Fonte: Gurunavi

A primeira parada foi em Fujinomiya (Shizuoka) para conhecermos as famosas Cataratas de Shiraito, cujas águas cristalinas provêm das nascentes do Monte Fuji. Com 150m de comprimento e 20 m de altura, foi nomeada uma das “100 melhores cachoeiras” pelo Ministério do Meio Ambiente do Japão e realmente impressiona pela sua beleza ímpar. Como o cenário muda de acordo com a estação, é um dos lugares que pretendo voltar no outono para apreciar o belíssimo espetáculo das folhas amarelo avermelhadas contrastando com os delicados filamentos das águas com formatos de fios de seda, que emanam das sólidas paredes de lava do Monte Fuji.

Fonte: Tabi

À caminho de Yamanashi, na região dos Cinco Lagos Fuji (Fujigoko) que fica na base norte do Monte Fuji, a montanha nem sempre é visível por causa das nuvens, mas tivemos uma sorte incrível pois fomos agraciados, literalmente, com um maravilhoso “céu de brigadeiro” que permitiu contemplarmos, sob diferentes ângulos, através dos passeios nos lagos Kawaguchiko, Saiko, Yamanakako, Shojiko e Motosuko, a imponente montanha de 3.776 metros diante de nossos olhos.   

Fonte: BBQ HACK

Fujigoko é conhecida como uma área de resort, onde caminhadas, camping e esportes no lago estão entre as atividades populares ao ar livre mais apreciadas pelos japoneses. 

Fonte: Coisas do Japão

Há também muitas fontes termais e museus na área, junto com o Fuji Q Highland, um dos parques de diversões mais populares do Japão, com montanhas-russas de deixar qualquer um de “cabelo arrepiado”. Ao contrário das minhas filhas que adoram esse tipo de entretenimento, prefiro ficar horas a fio apreciando indescritíveis paisagens naturais.

Dentre uma lista enorme de atrações turísticas ao redor dos cinco lagos, a parada obrigatória para fotógrafos e amantes de belíssimas paisagens, sem dúvida, o Arakurayama Sengen Park, o principal ponto turístico da cidade de Fujiyoshida, de onde é possível se encantar com uma das mais exuberantes vistas do Monte Fuji.

Fonte: Yamanashi

Outro passeio imperdível nessa época do ano é o Fuji Shibazakura Festival, onde um gigantesco “carpete” de flores shibazakura (musgo rosa ou musgo flox em inglês), em diferentes tons de rosa, cobre uma vasta área no pé do Monte Fuji. O local do festival, conhecido por Fuji Motosuko Resort, está localizado a cerca de três quilômetros ao sul do Lago Motosuko e durante o festival, que é realizado em meados de abril até o final de maio, os visitantes têm a oportunidade única de apreciar cerca de 800.000 pés de shibazakura floridos, cujo impressionante cenário seria digno de ser, até mesmo, pintado ao ar livre pelo renomado pintor francês Claude Monet, que ficaria encantado em retratar o primoroso campo de shibazakura, com o Monte Fuji ao fundo, em dias ensolarados. Um deleite para os olhos!!!

Fonte: Tenki

Outro cenário que também deixaria Monet de “queixo caído”, considerado um lugar sagrado e fonte de inspiração artística, é Miho no Matsubara, localizada na província de Shizuoka. Com cerca de 54 mil pinheiros negros alinhados à beira mar, numa extensão de aproximadamente 6 km, o local também é um dos três bosques de pinheiros mais famosos do Japão (Nihon Sandai Matsubara). Por causa da sua beleza cênica, tendo como pano de fundo o magnífico Monte Fuji, exibido em várias obras de arte, foi também escolhido como um dos três locais cênicos mais famosos do Japão (Nihon Shin Sankei). A paisagem, de tirar o fôlego, que vem conquistando o coração dos japoneses há decadas, é um tesouro nacional que vale a pena conhecer, sendo tombado como Patrimônio da Humanidade desde 2013. Como o Milton é apaixonado por pinheiros, ficou em êxtase diante deste fascinante espetáculo a céu aberto!!!

Fonte: Hamamatsu.com

Por fim, de volta para casa, passamos em Hamamatsu, ainda na província de Shizuoka, para visitarmos o Parque das Flores que é um belíssimo jardim botânico à beira do Lago Hamana, com mais de 3.000 espécies de plantas espalhadas em uma vasta área de aproximadamente 30.000 metros quadrados. Com variadas espécies de flores que possuem épocas distintas de florescimento, no final de março até o início de abril, cerca de 1.300 cerejeiras e 500 mil tulipas se harmonizam no meio de uma bela paisagem. Durante o mês de abril as azaleias esbanjam sua formosura, seguidas da glicínia que começam a florescer no final de abril e início de maio. As delicadas rosas começam a exalar suas fragrâncias em maio e em junho é a vez das hortênsias ostentarem sua inegável beleza. Como o nosso objetivo era apreciar as glicínias, não poderíamos deixar de “bater o cartão de ponto” neste parque para ver de perto essas lindas flores que são um colírio para nossos olhos. No ano passado, fomos no Ashikaga Flower Park, mas desta vez, optamos por vê-las em Hamamatsu e estavam tão lindas quanto às glicínias de Ashikaga. Além das glicínias, o perfumado Rose Garden, com mais de 1.000 rosas de 270 variedades plantadas em um terreno de 3.000 metros quadrados, foi um espetáculo à parte.  

Fonte: Hamamatsu.com

E assim, em contato com a natureza e “desfrutando” lugares incrivelmente pitorescos, renovamos nossas energias no “Golden Week”. Sem sombra de dúvida, para quem mora no Japão, no mês de maio, no auge da multicolorida primavera, a vida tem o seu esplendor!!!

~ Bia ~

“Kodomo no Hi” – Dia das Crianças no Japão

Fonte: LearnJapanese123

Desta vez os holofotes estão direcionados aos meninos!!! Nas vésperas do tão aguardado feriado de Golden Week, o Japão anuncia a chegada do Kodomo no Hi – Dia das Crianças, com as multicoloridas flâmulas em formato de carpas “Koinobori”, hasteadas em diversos locais para celebrar a felicidade e o bem-estar das crianças, assim como a esperança de que elas cresçam fortes e saudáveis.

O Kodomo no Hi, que será comemorado no próximo dia 5 de maio, faz parte do calendário deste feriado nacional e apesar de ser o Dia das Crianças, é tradicionalmente conhecido como Dia dos Meninos, pois as meninas, como mencionamos anteriormente, têm uma data especialmente dedicada a elas, o “Hinamatsuri”, cujas festividades acontecem anualmente no dia 3 de março. De certo modo, por ser o Dia das Crianças, tornou-se um feriado em que muitas famílias celebram a saúde e a felicidade tanto dos meninos como das meninas, sendo também um dia especial para que elas possam cultivar a gratidão às mães.  

Originalmente conhecido como “Tango no Sekku”, essa data era dedicada exclusivamente aos meninos e remonta ao período Nara (710-794), sendo que em 1948, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o governo japonês estabeleceu que fosse renomeado Dia das Crianças, para que se passasse a valorizar as crianças em geral, e não apenas os meninos. No entanto, ainda hoje a tradição prevalece, de forma que quando um menino nasce, seus pais ou avós costumam comprar (ou passar adiante) os elementos simbólicos dessa data festiva que compõem o altar montado com bonecos de guerreiros samurais (gogatsu ningyo), capacetes de samurai (kabuto), espadas (katana) e outros itens que faziam parte da antiga batalha nipônica, materializando valores como a persistência, a destreza marcial e a lealdade. Os bonecos, por sua vez, representam personagens folclóricos como Kintaro, Momotaro e Issun Bōshi, por simbolizar a força e a coragem dos lendários guerreiros samurais. Como o altar tem um preço relativamente elevado e ocupa espaço dentro das casas, muitas famílias estão optando atualmente por ornamentar suas casas apenas com o kabuto ou um dos bonecos, com o intuito de inspirar força e bravura, protegendo-os dos infortúnios e das doenças.

Fonte: Japan Sauce

No entanto, uma das tradições mais marcantes que comove a população e chama a atenção de qualquer turista estrangeiro, é a quantidade de Koinobori que se espalham nos ambientes externos como jardins, quintais e áreas públicas. Elas representam a energia, a força e a determinação das carpas que nadam contra as fortes correntezas do rio no período de desova, existindo até mesmo uma lenda sobre uma carpa dourada que nadou arduamente contra a correnteza e ao chegar rio acima, devido a sua coragem e persistência, transformou-se em um dragão. Tais atributos são vistos pelos japoneses como essenciais para que as pessoas superem as adversidades da vida, razão pela qual nas semanas que antecedem o Kodomo-no-Hi, o Koinobori é hasteado em todo o país para atrair essas características tão admiradas nas carpas, que passou a simbolizar o sucesso, a prosperidade, a longevidade e o desejo dos pais para que seus filhos cresçam fortes, corajosos e perseverantes.

Fonte: Coisas do Japão

No Koinobori, as cores e a disposição das carpas nas flâmulas tem um significado. No mastro, a carpa preta, que fica no topo da haste e é a maior de todas, simboliza o pai. Logo abaixo, a carpa vermelha, um pouco menor, a mãe e na sequência, a carpa azul, um pouco menor que a vermelha, costuma corresponder ao filho primogênito. Os outros filhos são representados por outras cores e tamanhos, de acordo com a ordem de nascimento, podendo ser verde, roxo ou rosa. Acima de todas essas cores, pode haver o fukinagashi, uma espécie de biruta (instrumento usado para mostrar a direção do vento) com cinco cores. Colocada acima da carpa preta, ela pode ter ou não o brasão da família na sua ponta. Para os japoneses, trata-se de um amuleto que simboliza proteção à criança.

Fonte: Just One Cookbook

Além desses adereços, como há pratos típicos em qualquer ocasião especial no Japão, é óbvio que no Dia das Crianças não poderia ser diferente. Dentre as iguarias servidas nesta data, uma delas é o chimaki, que são bolinhos de arroz cozidos no vapor, envoltos em folhas de bambu, por simbolizar a resistência às intempéries. O chimaki pode ser doce ou salgado, recheado com diferentes combinações de carnes e vegetais. Outra sobremesa bastante apreciada é o kashiwa mochi que é um bolinho de arroz feito com farinha de arroz recheado com doce de feijão vermelho (anko), cozido a vapor e envolto em folhas de carvalho, que por não perderem suas folhas antigas até que novas folhas comecem a surgir, representam a prosperidade da família, de geração a geração. E, para beber, o costume tradicional é saborear folhas de íris picadas e misturadas ao sakê, a tradicional bebida japonesa preparada a partir da fermentação do arroz.

Fonte: Just One Cookbook

Simmm… íris!!! A íris floresce no início de maio e é a flor que se destaca neste feriado para afastar todo e qualquer “mau olhado” nas crianças. Como a flor íris em japonês é shobu, e shobu também significa batalha, assim como os samurais costumavam tomar banho de imersão repleto de folhas de íris antes das batalhas, os japoneses acreditam que banhar as crianças com folhas de íris é extremamente auspicioso.

Fonte: Teniteo

Uma atividade muito legal que costuma fazer parte deste evento são os “origamis” de capacete de samurai. São feitos em diferentes tamanhos, mas o que mais entretém a criançada são os capacetes grandes, para que, ao colocá-los, se sintam como se fossem verdadeiros samurais. Essa diversão me levou às doces lembranças da infância, quando fazíamos, (eu, meus irmãos menores, meus primos e minhas primas) origamis de chapéus com jornais e depois de prontos, uma vez colocados em nossas cabeças, fazíamos a maior algazarra, marchando e cantando a famosa e antiga canção marcha soldado/cabeça de papel/se não marchar direito/vai preso pro quartel. Bons tempos!!!

Léo, Lia e Yan (Abr/2023)

Nostalgia à parte, escrevi este post pensando nos meus netinhos Yan e Léo, pois em março, no Dia das Meninas, prestei a minha homenagem para a minha princesinha Lia. Ao conversar com a Dani, minutos atrás, ela me mostrou uma foto do Léo quando estava com 1 ano e disse estar atônita pois daqui 3 meses ele irá completar 3 anos, me fazendo lembrar que o tempo está passando muito rápido e eu ainda não conheço nenhum dos meus netinhos pessoalmente. Apesar de estar distante, como eu os vejo praticamente todos os dias, acompanhando o desenvolvimento desde o nascimento, não tenho do que me queixar pois eles me proporcionam muitas e muitas alegrias através das nossas “videoconferências”. Aguardo, sim, o dia em que poderei abraçá-los carinhosamente e transmitir “ao vivo” o enorme amor e carinho que sinto por eles, mas enquanto esse dia não chega, é uma bênção ter a internet a meu favor numa hora dessas. 

Assim como as meninas tem uma canção dedicada a elas no Hinamatsuri, como não poderia deixar de ser, os meninos também têm uma canção dedicada a eles. Que tal homenagearmos todos os meninos, ouvindo a antiga e popular canção alusiva à essa data? A canção é Koinobori e para acessá-la, é só clicar neste link, ok?

Feliz Dia das Crianças! Feliz Dia dos Meninos!

~ Bia ~

Livrarias à beira da extinção?

É impressionante como no mês de abril temos várias comemorações alusivas à leitura. No dia 2 tivemos o Dia Internacional do Livro Infantil, no dia 18 comemoramos o Dia Nacional do Livro Infantil e no dia 23, foi dia de celebrar o Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral. Do papiro utilizado para a escrita na Antiguidade à tela dos aparelhos eletrônicos, o percurso do livro ao longo da História vem alicerçando a importância desse produto cultural como instrumento de difusão de conhecimento, além de fonte inesgotável de entretenimento, visto a humanidade ter experimentado nas páginas de romances, contos, crônicas, textos teatrais, coletâneas de poemas, entre outros, inúmeras emoções desencadeadas pela literatura, que tem o livro como principal suporte. O escritor, por sua vez, figura imprescindível para a existência do livro, não poderia ser deixado de lado nessa data, uma vez que a celebração do dia do livro está diretamente associada ao reconhecimento dos direitos autorais.

Tendo, portanto, como principais objetivos o reconhecimento e a exaltação da importância do livro e do escritor para o desenvolvimento intelectual da humanidade, o Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral é, sem dúvida alguma, a materialização física e simbólica da criatividade humana pois, através dele, compartilha-se conhecimentos sistematizados por todas as ciências — exatas, biológicas e humanas —, impulsionando o desenvolvimento da humanidade em múltiplos aspectos: econômicos, científicos, sociais, políticos, sociológicos, históricos e antropológicos.

Embora a existência de um dia dedicado à celebração do livro e do autor também venha, ano após ano, incentivando o debate acerca das incertezas advindas da popularização de novos suportes tecnológicos para a difusão de conhecimento e sobre os direitos do autor na era digital, colocando-nos frente a frente com situações que despertam a nossa atenção em um mundo cada vez mais carente de humanização, não é de se estranhar que a chegada de formatos digitais tenha aflorado discussões acerca da sobrevivência do “livro de papel” propriamente dito. Razão que nos leva a direcionar para o futuro incerto das livrarias, que é o título deste post. 

Vocês sabiam que a livraria mais famosa do mundo fica no coração de Paris? Segundo Taísa Szabatura, em seu artigo publicado na Revista IstoÉ em 13/11/2020, a Shakespeare and Company fez no início do mês da publicação, há quase 3 anos, um pedido inusitado aos seus clientes, pedindo para que comprassem livros pois, caso contrário, teriam que fechar as portas. A mensagem, enviada por Sylvia Whitman, proprietária da famosa livraria, pegou muita gente de calça curta por não ser um simples golpe de marketing, mas por expor a nua e crua realidade que livrarias do mundo todo vem enfrentando ao longo dos tempos. 

Se antes da pandemia o setor já estava em crise, com o “lockdown”, até os endereços mais charmosos da literatura anunciaram o fechamento. A pergunta que se fez naquela ocasião foi: livrarias fazem parte do “serviço essencial” ao cidadão durante uma crise sanitária? Anne Hidalgo, então prefeita de Paris, disse que sim e foi mais longe, pedindo à população para que não comprasse livros na Amazon e valorizasse as livrarias alternativas da cidade. Apesar da atenção recebida naquele período, Taísa acredita que ainda é cedo para cravar um final feliz ao pequeno, porém poderoso endereço às margens do Sena, em frente à Notre-Dame, ressaltando que “a livraria de língua inglesa que leva o nome de William Shakespeare é tão relevante quanto o museu do Louvre ou a Torre Eiffel”. Para se ter uma ideia da sua imponência, a livraria faz parte da vida de escritores renomados há mais de um século, motivo pelo qual o pedido de socorro causou enorme repercussão entre os bibliófilos. Fundada em 1919, a tradicional Shakespeare and Company conquistou o coração de muitos escritores ao amparar, em 1922, o lançamento de “Ulysses”, obra máxima de James Joyce, tornando-se, desde então, local de peregrinação entre os amantes da literatura. 

Até mesmo em Nova York, conforme destaca Taísa, quem está com o futuro ameaçado é a Strand Book Store, fundada em 1927 e um cartão postal da cidade. Assim como a Shakespeare, a Strand que é uma das maiores livrarias de livros novos e usados do planeta, corre o risco de sumir do mapa, pois mesmo tendo um “espaço” que define a clássica imagem do negócio livreiro, com iluminação controlada, chão de madeira e “ares” de biblioteca, sua clientela diminuiu drasticamente.

De acordo com o presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Bernardo Gurbanov, a crise do setor é generalizada e se manifesta em vários países, sendo um dos principais motivos a compra de livros, tanto digitais como impresso, pela internet, que vem substituindo o comércio presencial, fato este que infelizmente culminou no fechamento de várias lojas da Livraria Cultura, cuja falência foi decretada recentemente, causando burburinho no mercado editorial. O diretor comercial da Editora Planeta, Gerson Ramos, disse ao PublishNews que a renomada livraria marcou a vida de milhares de leitores e profissionais do livro, enfatizando que “um dos ônus de ser profissional no mercado de livros é o de precisar separar a emoção e a paixão que temos pelas obras dos autores e das livrarias, para conseguir manter foco na obtenção dos resultados necessários para mantermos nossas empresas saudáveis”. Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da Editora Rocco, também deu o seu parecer, citando que a Cultura fez história no mercado brasileiro com ótimos livreiros e um padrão que era modelo para outras redes, lamentando que o mercado tenha perdido uma rede como essa e apontando que o declínio vem desde 2018 e que esse desfecho não pegou ninguém de surpresa, pois o mercado, como um todo, assistiu a sua longa agonia.

No entanto, o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares, comentou que “as livrarias são fundamentais para um mercado saudável e sustentável e que a diversidade de pontos de venda contribui para um mercado mais estabilizado e promove o acesso ao livro”, anunciando que “felizmente, podemos constatar, nos últimos meses, o surgimento de novas livrarias no país e expansão das redes de forma renovada e com foco no leitor e que o interesse pela leitura continua vivo e isso é perceptível pela grande quantidade de conteúdos sobre livros nas redes sociais”. Compartilhando desta visão otimista, Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL) esclarece que “aqueles que amam o livro lamentam toda e qualquer perda ocorrida no mundo das livrarias”, argumentando que “ver outras livrarias prosperando, abrindo novas filiais, em novos formatos, nos alegra”, ao observar a retomada do hábito de leitura da população brasileira, após os últimos três anos, em meio a um cenário econômico complexo devido à pandemia. Ele, inclusive, analisou que “ao longo de 2022, esse comportamento foi mantido e influenciou o crescimento do mercado e a abertura de novas livrarias, superando o saldo de livrarias fechadas”.

Deste modo, muitas livrarias estão buscando a criatividade para não terem que fechar as portas. Em Paris, o pedido de socorro teve efeito imediato e a Shakespeare and Company foi obrigada a suspender temporariamente as vendas. A procura pelo seu clube de assinaturas, chamado “Amigos da Shakespeare and Company”, no qual o leitor recebe, por um preço fixo, livros exclusivos, carimbados e cuidadosamente embalados, chamou a atenção do público leitor que tem a comodidade de receber o livro em casa, de qualquer lugar do mundo. Da mesma forma, a Strand manda um alerta: apoie o nosso negócio e compre um “gift card”. Como podemos verificar, apoiar ações que fortaleçam as livrarias, sejam elas pequenas, médias ou grandes, é o caminho para que, em médio prazo, possamos recuperar os espaços perdidos desde 2018. Até mesmo a Editora Todavia, em nota enviada ao PublishNews, alega que quando uma livraria deixa de existir é um estrago brutal na paisagem da cidade e no cenário cultural do país inteiro, torcendo para que a nossa indústria encontre nesse revés, motivação para criar e manter caminhos sustentáveis para chegar ao leitor. Afinal, percebe-se uma mudança cultural que mostra a queda do prestígio do livro como objeto de consumo, pois não temos como negar que a praticidade da compra remota e os livros digitais tornaram as visitas às livrarias cada vez mais eventuais e, assim, muitos clientes simplesmente desapareceram.

“Criei esta livraria como um homem escreveria um romance, construindo cada cômodo como um capítulo, e gosto que as pessoas abram a porta do jeito que abrem um livro, um livro que leva a um mundo mágico em sua imaginação.” George Whitman – fundador da Shakespeare and Company

~ Bia ~ 

Libras é língua ou linguagem?

Fonte: Filhos especiais, pais abençoados

Sendo hoje, 24 de abril, o Dia Nacional da Libras, na condição de professora de Libras, acho por bem esclarecer que, ao contrário do que muitos dizem (até mesmo porque eu já vi vários apresentadores famosos dos telejornais referir-se à Libras como linguagem de sinais), que a Libras – Língua Brasileira de Sinais, como o próprio nome diz, não é linguagem. É língua!!!

Para compreendermos melhor a diferença entre língua e linguagem que confunde mesmo a cabeça de muita gente, a linguagem é a capacidade de se comunicar através da linguagem oral, corporal e/ou visual, de forma a transmitir uma mensagem para outra pessoa. Temos também a linguagem digital que usa combinações numéricas para criar sites, jogos e aplicativos que permitem a comunicação via computadores, celulares e qualquer outro meio eletrônico. Por outro lado, a língua é um conjunto organizado de sons e/ou sinais que um determinado grupo usa para se comunicar, com um sistema que possui estrutura e regras próprias. Um bom exemplo é imaginarmos que estamos em um restaurante na França e não sabemos falar o idioma francês. Ao utilizarmos a linguagem corporal e/ou visual, conseguimos mostrar para o garçom o prato que desejamos pedir, apesar de não sermos capazes de fazer o pedido na língua dele e de não sabermos pronunciar o nome do prato. Será que deu para perceber a diferença entre língua e linguagem?

Agora que já sabemos que Libras é uma língua, vamos falar um pouquinho sobre esse idioma que é utilizado pela comunidade surda brasileira. Como nas diversas línguas naturais e humanas existentes, a Libras também é composta pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. Ao contrário das línguas orais-auditivas que fazem o uso das palavras, nas línguas de sinais a comunicação está diretamente ligada a movimentos e expressões faciais, ou seja, a diferença está na modalidade de articulação, que no caso da Libras é a visual-espacial, não envolvendo apenas o conhecimento dos sinais, mas o domínio de sua gramática para combinar as frases, no sentido de estabelecer a comunicação de forma correta, evitando-se assim, o uso do “português sinalizado”. Muita gente pensa que a Libras é só um conjunto de sinais como simples gestos ou mímicas, mas ela vai muito além disso!!!

Para vocês terem uma ideia, os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação – locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos – e de expressões faciais e corporais que transmitem sentimentos, que compõem as unidades básicas dessa língua. Um ponto importante que devemos destacar é que cada palavra possui seu próprio sinal e somente quando não for possível identificá-lo como, por exemplo, nomes próprios, recorremos à datilologia, isto é, a soletração por meio do alfabeto em Libras. Deste modo, a língua de sinais se apresenta como um sistema de transmissão de ideias e fatos, possibilitando o desenvolvimento linguístico, social e intelectual, favorecendo o acesso à comunicação mais adequada aos surdos e, consequentemente, ao conhecimento cultural-científico, bem como a integração no grupo social ao qual pertence.

Posto isso, vou contar alguns fatos interessantes sobre a Libras. Para começar, vocês sabiam que ela não é uma língua universal? Isso mesmo! Assim como existem várias línguas faladas no mundo, existem mais de 200 línguas de sinais no mundo e cada uma tem suas próprias normas, havendo até mesmo alguns países, como o Canadá, que mais de uma língua de sinais é utilizada. Lá se usa a Língua de Sinais Americana (American Sign Language) e a Língua de Sinais de Quebec (Langue des signes québécoise) justamente pelo fato do país ter tanto o inglês quanto o francês como línguas oficiais. Da mesma forma, como o idioma português, espanhol, italiano e francês se originaram da evolução do latim, línguas de sinais também têm semelhanças umas com as outras e muitas vezes compartilham a mesma origem. A própria Libras tem, por motivos históricos, forte influência da língua de sinais francesa, quando foi criada em 1857.

Hoje em dia ela tem a sua própria identidade graças à luta sistemática e persistente da comunidade surda que fez com que a Língua Brasileira de Sinais fosse reconhecida como o meio legal de comunicação e expressão através da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, razão pela qual comemoramos nesta data, o Dia Nacional da Libras. Sem dúvida, foi uma grande vitória para a comunidade surda pois o decreto garante o direito à Libras como a língua das pessoas surdas no acesso à educação, à saúde, à cultura e ao trabalho. A Lei também serviu de alicerce para uma série de políticas públicas. A partir de então, somaram-se novas conquistas, sendo que em 2003 foi aprovada a Portaria nº 3.284, que dispõe sobre a acessibilidade dos surdos dentro das universidades brasileiras. No ano seguinte, em 2004, foi ratificado o Decreto nº 5.296, o qual estabeleceu mais prerrogativas legais de acessibilidade.

Todavia, apesar de reconhecida, a Libras só foi regulamentada em 22 de dezembro de 2005, por meio do Decreto nº 5.626, que incluiu a Libras como disciplina curricular obrigatória na formação de professores surdos, professores bilíngues, pedagogos e fonoaudiólogos. Assim, a primeira universidade a inserir o curso de graduação em Língua de Sinais Brasileira foi a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da qual, orgulhosamente, fui aluna da primeira turma. Em 2010 foi regulamentada a profissão de Tradutor/Intérprete de Libras através da Lei nº 12.319 de 1° de setembro de 2010, simbolizando mais uma grande conquista. Em 6 de julho de 2015, entrou em vigor a Lei nº 13.146, denominada Lei Brasileira da Inclusão de Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), incumbindo ao poder público, entre outras coisas, a oferta de educação bilíngue, uma vez que é dever do Poder Público garantir acesso e educação para surdos nas escolas regulares de ensino, garantindo seu aprendizado e progressão educacional. Mais recentemente, foi sancionada a Lei nº 14.191, em 2021, que insere a Educação Bilíngue de Surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, como uma modalidade de ensino independente, antes incluída como parte da educação especial.

Como podemos observar, foi somente a partir de 24 de abril de 2002, com a Lei nº 10.436, que a Libras projetou-se nacionalmente, passando a ocupar o status de língua e reconhecida pela linguística. Para que se possa compreender a importância da Libras no desenvolvimento cognitivo da criança surda, pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos com filhos surdos de pais surdos vêm comprovando que a aquisição precoce da língua de sinais dentro do lar, contribui de maneira mais rápida e eficaz o aprendizado do português escrito como segunda língua, se comparado com crianças surdas de pais ouvintes que tiveram acesso tardio à língua de sinais. Apesar dos meus pais não serem surdos e só ter o acesso à Libras aos 8 anos, pelo fato de ter o mais alto grau da perda auditiva (profunda), foi somente após ter assimilado a língua de sinais como a minha língua natural, que passei a compreender melhor, não só o português, mas outros idiomas como inglês, espanhol e japonês.

Desse modo, tenho que corroborar com diversos estudos que demonstram que a língua de sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que ela se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas, considerando-se que a forma de comunicação natural seja aquela em que a criança, surda ou ouvinte, se sinta mais confortável. Diante dessa premissa, a Libras vem sendo, dia após dia, direcionada como um caminho necessário para a efetiva mudança nas condições oferecidas pela escola no atendimento educacional de alunos surdos. Apesar de enfrentarmos controvérsias que perpassam a discussão nesta área, além de ambiguidades e indefinições nas propostas para o ensino do surdo, temos plena consciência que concretizá-las envolve desafios de como lidar com a inclusão da Libras nos âmbitos escolares.

No Dia da Libras, que acima de tudo “marca a luta pela busca do reconhecimento, pela aceitação e inclusão do direito de aprender e de ensinar, de ingresso no mercado de trabalho e de acesso ao direito humano à qualidade de vida da comunidade surda”, como tão bem enaltece a jornalista Maria Clara no seu artigo “Dia da Língua Brasileira de Sinais – Libras: A luta pela inclusão social“, é sim, um dia de comemoração, mas ela também expõe que é uma data de “reflexão sobre a necessidade de ampliar e fortalecer políticas públicas de formação de professores e de difusão e disseminação da Língua Brasileira de Sinais no PaÍs”, conforme afirma a professora Sinara Pollom Zardo, da Universidade de Brasília (UnB), destacando, inclusive, que “é preciso que o Estado assegure uma educação inclusiva, com oferta do ensino bilíngue executado por profissionais qualificados e concursados em todas as escolas da rede pública”.

Diante desta perspectiva, em que a Libras é fundamental à educação bilíngue em nosso país, sendo coincidentemente comemorado em Portugal, no dia anterior, 23 de abril, o Dia Nacional de Educação de Surdos, o diretor do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Carlos Maciel, aponta que é preciso reforçar a defesa dos direitos das pessoas surdas às políticas públicas do Estado, à educação pública gratuita e de qualidade, por meio de uma educação livre de capacitismo e com mais inclusão e igualdade. Afinal, temos que convir que a Libras, que é língua e não é linguagem, enquanto fenômeno social, cultural e político da comunidade surda, veio para autenticar que nós, surdos, somos sujeitos de direitos, com diferenças culturais e que o primeiro artefato de manutenção desta diferença é, sem dúvida alguma, a Língua Brasileira de Sinais.

Encerro o post com um trecho do livro “O voo da gaivota”, da escritora Emmanuelle Laborit: “Recuso-me a ser considerada excepcional ou deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna excepcional…”

Sem mais delongas… Viva o Dia Nacional da Libras!!!

~ Dani ~

Ler dá asas à imaginação!

Fonte: Pinterest

Foi com esta epígrafe “Quem escreve um livro cria um castelo, que o lê mora nele”, que Monteiro Lobato se inspirou para escrever dezenas de livros infantojuvenis, sendo considerado o pai da literatura infantojuvenil no Brasil, razão pela qual comemoramos anualmente, no dia 18 de abril, data natalícia do escritor, o Dia Nacional do Livro Infantil. Talvez meus queridos netinhos que acabaram de nascer e que já estão vivenciando um mundo altamente tecnológico, jamais compreenderão como Monteiro Lobato deu asas à minha imaginação, me levando a aventurar num mundo repleto de aventuras e de peripécias que povoam uma de suas maiores criações, o Sítio do Picapau Amarelo.

Composta por uma série de 23 volumes de fantástica literatura, a história se passa em um sítio que leva o nome de Picapau Amarelo, onde mora uma senhora chamada Dona Benta, junto com sua neta Lúcia, mais conhecida por Narizinho, Tia Nastácia que é a cozinheira que trabalha na casa e Tio Barnabé. Nos livros da série, o Sítio também recebe a visita de Pedrinho (outro neto de Dona Benta), que vive na cidade grande e vem passar as férias com a avó e a prima. 

Muito sábia, Dona Benta sempre lê e ensina coisas novas aos netos, contando para eles sobre a cultura do Brasil e do mundo. Já Tia Nastácia, além de preparar os famosos bolinhos de chuva, ensina às crianças sobre cultura popular e o folclore brasileiro, costurando para Narizinho sua inseparável amiga: a espevitada boneca de pano falante Emília. As leituras e ensinamentos de Dona Benta e Tia Nastácia levam as crianças a desenvolver a criatividade e a imaginarem um mundo de fantasias, envolvendo-se em diversas aventuras.

Tio Barnabé, por sua vez, é um grande conhecedor da floresta e de seus habitantes fantásticos, sendo alguns deles o Saci Pererê, a Cuca e o Visconde de Sabugosa, um inteligente boneco feito de sabugo de milho, cuja sabedoria também obteve por meio dos livros da estante de Dona Benta. Nas aventuras, o Visconde é sempre escolhido por Pedrinho para fazer as coisas mais perigosas, pelo fato dele ser “consertável”. Até mesmo Emília usa e abusa do Visconde, ameaçando “debulhá-lo”. Entre os animais do Sítio, temos o Marquês de Rabicó, o burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim, onde todos convivem harmoniosamente com personagens do mundo da imaginação, além de personagens que Monteiro Lobato resgata da mitologia grega. 

Dessa maneira, o escritor tinha como principal intenção nos levar para o incrível mundo da imaginação e, ao mesmo tempo, despertar e aguçar a nossa curiosidade em aprender cada vez mais por intermédio da leitura. Dentre os livros mais famosos do Sítio do Picapau Amarelo que até hoje se mantêm vivas em minha memória estão: As Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho, O Picapau Amarelo, Emília no País da Gramática e Histórias de Tia Nastácia. O Sítio do Picapau Amarelo também foi adaptado diversas vezes, desde 1950, para filmes e séries de televisão, sem contar que as trilhas sonoras das séries inspiradas neste Sítio são um capítulo à parte. Muitas das canções foram compostas e interpretadas por grandes nomes da nossa MPB como, por exemplo, a faixa que leva o nome da série, música tema composta e cantada por Gilberto Gil. 

Como vimos, o Dia Nacional do Livro Infantil é uma homenagem a Monteiro Lobato e eu espero, à medida que meus netinhos forem crescendo, ter a oportunidade de acompanhá-los no encantado mundo do Sítio do Picapau Amarelo. Não obstante, não podemos nos esquecer que essa data celebra a literatura infantil brasileira como um todo. Afinal, ela só passou a ser consagrada no Brasil no início do século 19, conquistando leitores, emocionando gerações, fornecendo às crianças a chave do mundo da leitura, tão essencial para despertar o interesse pela literatura e possibilitando experienciar sentimentos complexos que farão parte da vida adulta. 

Neste sentido, ler as obras de vários autores é importante para que as crianças criem um repertório de leitura e possam descobrir quais estilos mais lhes agradam pois, quaisquer que sejam os gêneros, seja poemas, contos, fábulas, tirinhas, textos teatrais ou novelas juvenis, o mais legal é que temos uma extensa lista de obras literárias. Selecionar as melhores delas é basicamente impossível, mas sendo hoje uma data especial em que podemos homenagear todos os escritores da literatura infantojuvenil brasileira, vamos destacar apenas alguns deles e suas imperdíveis obras:

1- Ana Maria Machado foi a primeira autora de literatura infantil a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Tem mais de cem livros publicados, com mais de 20 milhões de exemplares vendidos, publicados em vinte idiomas. Bisa Bia, Bisa Bel surgiu do desejo da autora de falar sobre os seus avós para os seus filhos, abordando a memória e ensinando as novas gerações a refletirem sobre as origens da família, investigando antepassados com quem não se teve a chance de conviver.

2- José Mauro de Vasconcelos é o autor da obra O Meu Pé de Laranja Lima, um clássico da literatura infantojuvenil nacional e um campeão de vendas. Publicado pela primeira vez em 1968, conta a história do menino Zezé e seu amigo vegetal Minguinho, o pé de laranja lima, com quem desabafa, pois seu mundo não se restringe à fantasia infantil. Zezé vive uma dura realidade: a violência doméstica, cuja realidade é amenizada pela sensibilidade e carisma do protagonista e por sua amizade com Manoel Valadares, o Portuga. O livro ensina as crianças sobre injustiças e trata também do pesado tema da negligência durante a infância, ilustrando como elas tendem a se refugiar no seu próprio universo particular quando se sentem acuadas ou com medo.

3- Clarice Lispector costuma ser celebrada pelos seus livros de literatura adulta. No entanto, os seus livros infantis são igualmente uma preciosidade. Escritos inicialmente para os próprios filhos, as obras foram publicadas e hoje são consideradas referências da literatura infantil brasileira. Em A Mulher que Matou os Peixes ficamos conhecendo uma narradora culpada pelo assassinato – sem querer! – de dois pobres peixinhos vermelhos que eram os bichos de estimação dos seus filhos. Ao longo das vinte e poucas páginas, a obra ensina o pequeno leitor a lidar com a dor e com a perda, e também exercita nos pequenos a capacidade de compreensão e do perdão.

4- Ziraldo é um artista de muitas facetas. Além de ilustrador, é cartunista, jornalista, chargista, pintor e também dramaturgo. Autor de mais de 130 livros, é um dos escritores mais amados do Brasil e responsável por um dos grandes fenômenos da literatura infantil: O Menino Maluquinho, publicado pela primeira vez em 1980, em que propõe fazer com que as crianças agitadas se sintam compreendidas e acolhidas pelo convívio com o seu menino maluquinho. Além disso, é interessante assistir o pequeno garoto enfrentando uma série de desafios e situações limite, o que fortalece sua autonomia e identidade.

5- Lygia Bojunga é lembrada como um dos nomes mais fortes da literatura infantil brasileira por investir em histórias que dialogam de maneira certeira com os pequenos. Em A Bolsa Amarela, Raquel é a protagonista dessa história que marca o desejo da descoberta, os anseios pela autonomia e alguns toques dos questionamentos de identidade, característicos da pré-adolescência.

6- Mauricio de Sousa é um dos mais famosos cartunistas do Brasil, membro da Academia Paulista de Letras e, é claro, criador da Turma da Mônica, que já estimulou várias gerações de crianças a criarem o hábito da leitura através das histórias em quadrinhos. Uma Aventura no Limoeiro é o livro personalizado da Turma da Mônica, onde qualquer criança pode criar seu próprio personagem e fazer parte de uma aventura com a turminha. 

7- Ruth Rocha é uma das mais importantes escritoras brasileiras de literatura infanto juvenil com mais de duzentos títulos publicados, cujas obras já foram traduzidas para vinte e cinco idiomas. Em seu livro infantil Marcelo, Marmelo, Martelo, o livro faz menção a uma das maiores dúvidas de Marcelo: por que as coisas têm determinados nomes? Inconformado, Marcelo decide dar novos nomes àqueles que considera não combinarem com o nome que originalmente têm. Assim, neste enredo, a escritora investiga a persistente curiosidade das crianças e o gesto de questionar o já pré-estabelecido.

8- Pedro Bandeira é um dos autores mais populares da literatura infantil brasileira. Em Papo de Sapato o escritor parte de uma ideia bem criativa: e se os sapatos pudessem contar histórias? É no meio do lixão que os sapatos velhos e sem uso são descobertos. Encontra-se desde as botas antigas de um general, que já testemunharam duras batalhas, até a sapatilha de uma grande bailarina e as chuteiras de um famoso jogador de futebol. A criação de Pedro Bandeira nos faz pensar na sociedade de consumo que muitas vezes estimula a compra e depois o descarte. Também convida o leitor e a leitora a refletir sobre justiça social.

9- Marina Colasanti é uma escritora ítalo-brasileira, que publicou diversos livros de contos, poesia e literatura infanto-juvenil. Sua obra Uma ideia toda azul recebeu o prêmio de melhor livro para jovens, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Para compor a criação, a autora se inspirou nos contos de fadas clássicos e muitas vezes fez uma releitura de histórias já presentes no inconsciente coletivo, narrando um universo mágico e maravilhoso que transporta as crianças para essa realidade paralela, estimulando a imaginação.

10- Oswaldo Faustino é jornalista e escritor, tendo atuado em diversos veículos de comunicação como TV, rádio e mídia impressa. Em 1999 começou a se aventurar na coautoria de títulos voltados ao público infantil e desde então, segue fascinado por esse universo e também pelas relações etnico-raciais. Luana – A Menina que viu o Brasil Neném leva o leitor a viajar através do berimbau mágico de Luana para diferentes momentos da história do Brasil. As viagens consistem em apresentar determinadas épocas e despertar a importância de nossa diversidade e cultura.

Além desses escritores, temos dezenas de outros autores de livros infantojuvenis que nos contemplam com suas magníficas obras. Gostaria muito de honrá-los agora, mas como o post ficaria muito, muito longo, deixarei para apreciá-los posteriormente. Todavia, antes de finalizar, sendo hoje o Dia Nacional do Livro Infantil, não posso deixar de citar o livro infantil O Extraordinário Mundo de Miki, totalmente escrito em língua de sinais (SignWriting) especialmente dedicado às crianças surdas. O livro, escrito pela Dani, recebeu o prêmio literário Aniceto Matti da Secretaria de Educação e Cultura de Maringá em 2019, ocasião em que 1000 livros foram publicados e distribuídos gratuitamente para as crianças surdas de todo o Brasil.

Muito orgulho da mamãe aqui que, cercada de livros, livros e mais livros, também conseguiu incutir nas “filhotas” o gosto pela leitura, a ponto da Dani ser uma ávida leitora desde a infância e se empenhar em escrever e promover livros infantis em escrita de língua de sinais, pois só assim, através do contato desde cedo com livros que sejam acessíveis e de fácil compreensão, é possível incentivar a formação do hábito de leitura pelas crianças surdas, oferecendo-lhes as asas tão necessárias para que possam desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Enfim, como exaltou Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. 

~ Bia ~

Abril Marrom: cuide da saúde dos seus olhos

Fonte: Instituto de Olhos Marques 

Nas primeiras noites de abril, luzes azuis iluminam vários monumentos mundo afora para anunciarem a Campanha Abril Azul, que visa primordialmente conscientizar e mobilizar ações e atividades referentes aos Transtorno do Espectro Autista (TEA), na tentativa de reduzir o preconceito e a discriminação que cercam as pessoas afetadas por esse transtorno. No entanto, outro importantíssimo movimento que também dá o ar da graça neste mês e merece a nossa especial atenção é a Campanha Abril Marrom que tem como objetivo alertar a população sobre a importância de cuidar da saúde dos olhos e prevenir doenças que podem levar à cegueira, uma vez que, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, existem mais de 1,2 milhão de cegos no Brasil. 

Como mencionei no post Uma luz que brilha na escuridão, em homenagem ao Dia do Cego, que é comemorado no dia 13 de dezembro, a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) é a principal causa da cegueira entre adultos. Outras doenças como o glaucoma, diabetes e catarata também podem causar a perda da visão. Entre as crianças, as principais causas são glaucoma congênito, toxoplasmose ocular congênita e retinopatia da prematuridade, enfatizando-se que, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% desses casos podem ser evitados ou tratados com acompanhamento oftalmológico.

Neste sentido, a Campanha Abril Marrom visa a conscientização sobre as principais doenças oculares responsáveis pela perda de visão, alertando sobre a necessidade de se prestar mais atenção aos nossos olhos e da importância de se fazer um acompanhamento oftalmológico para prevenir as doenças que podem resultar na perda parcial ou total da visão. Infelizmente, como muitas pessoas só buscam tratamento quando não é mais possível reverter o avanço da doença, diversas ações são realizadas em todo o país durante o mês de abril, destacando a importância da saúde ocular.

O alerta também é para as mamães e os papais, pois algumas dessas doenças, como o glaucoma e a catarata congênitos, acontecem nos primeiros meses/anos de vida. Vale lembrar que o “teste do olhinho” deve ser feito até 48 horas após o nascimento, pois através desse exame é possível detectar doenças oculares que possam causar cegueira com o passar do tempo, permitindo identificar as melhores alternativas para o tratamento desses problemas.

Criada em 2016, a cor marrom foi a cor escolhida pelo fato da maioria dos olhos da população brasileira serem castanhos, sendo que a campanha é veiculada no mês de abril por comemorarmos, no dia 8, o Dia Nacional do Braille. Caso você queira saber mais a fundo sobre esta campanha, vale a pena conferir o vídeo do oftalmologista Dr. Rodrigo Omoto, falando sobre a Campanha Abril Marrom. 

Sabemos que muito do mundo nos chega através dos olhos, não é mesmo? Então, como evitar problemas de visão? 

Não temos como discordar que a consulta a um oftalmologista é uma das medidas mais importantes para evitar problemas oftalmológicos, visto que esse profissional avalia o quadro atual e recomenda as melhores formas de prevenção e tratamento. De maneira geral, devemos agendar uma consulta, pelo menos, uma vez por ano. A Academia Americana de Oftalmologia (AAO) também orienta a visita ao médico para as seguintes situações: 

  • Pacientes com 20 anos e olhos saudáveis: marque apenas um exame completo feito pelo seu oftalmologista;
  • Pacientes com 30 anos: agende um exame completo, duas vezes, ao completar essa faixa etária;
  • Idosos com 65 anos ou mais: façam exame de sua saúde ocular a cada um ou dois anos. Aqui, seu médico verifica sinais de doenças associadas à idade, tais como: catarata, retinopatia diabética, degeneração macular e glaucoma.

Existem ainda outros casos em que a consulta é indicada: 

  • Se você tiver uma infecção, lesão ou dor nos olhos, ou se notar moscas volantes repentinas e flashes ou padrões de luz;
  • Se você usa lentes de contato, consulte seu profissional anualmente;
  • Se você tem diabetes ou histórico familiar de doença ocular, converse com seu médico sobre a frequência com que seus olhos devem ser examinados.

Além dessas orientações, dentre algumas medidas para se evitar problemas oculares e preservar a saúde dos olhos. temos:

  • Manter a imunidade alta por meio de exercícios físicos e uma alimentação adequada; 
  • Cuidados com as tecnologias como celulares, tablets e demais computadores, pois o uso excessivo desses equipamentos pode prejudicar a visão;
  • Em hipótese alguma se automedicar, buscando sempre um especialista em olhos para realizar os exames e só então usar o medicamento certo;
  • Se trabalha em áreas de risco, é importante seguir à risca todas as regras da empresa usando os Equipamentos de Proteção Individual e relatando alguma anomalia ao setor responsável;
  • Ficar atento ao histórico de doenças oculares na família, pois algumas são transmitidas por herança genética.

Diante do exposto, a campanha Abril Marrom é uma oportunidade para disseminar informações e orientações sobre a prevenção e tratamento das doenças oculares que podem levar à perda da visão. Assim, é essencial estarmos cientes da “obrigatoriedade” de se fazer exames oftalmológicos regulares, sobretudo para quem tem histórico de doenças oculares na família ou já apresentou sintomas como dor nos olhos, visão embaçada ou outros desconfortos.

Afinal, é preciso que as pessoas entendam que a maioria das doenças que afetam a visão podem ser prevenidas ou tratadas com sucesso, desde que sejam diagnosticadas precocemente. Ao participarmos das ações promovidas pela campanha, estaremos de alguma forma contribuindo para a promoção da saúde e do bem-estar de todos, pois ter uma vida plena e poder enxergar as belezas do mundo com todas as suas cores e formas, é um bom incentivo para ter cuidado com os olhos, vocês não concordam?

~ Bia ~

Saúde para todos

Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde

O Dia Mundial da Saúde, celebrado anualmente no dia 7 de abril, marca o aniversário de fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, ocasião em que vários países se uniram para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir aos vulneráveis ​​– para que todos, em todos os lugares, pudessem atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar. Além de focar na jornada para alcançar a Saúde para Todos, que é o tema deste ano, a OMS celebrará seu 75º aniversário sob o tema 75 anos melhorando a saúde pública, objetivando relembrar os sucessos da saúde pública que melhoraram a qualidade de vida durante as últimas sete décadas, além de motivar ações para enfrentar os desafios de saúde de hoje e de amanhã.

No quesito saúde, muitas pessoas consideram-se saudáveis quando estão sem nenhuma doença, não é mesmo? Porém, a falta de enfermidades não significa, necessariamente, presença de saúde, pois afirmar que uma pessoa está saudável requer a análise de um conjunto de fatores, tais como a qualidade de vida e aspectos físicos e mentais. Diante dessa ambiguidade, a OMS aprovou, em 1946, o conceito que visa ampliar a visão do mundo a respeito do que é ser ou estar saudável, definindo que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Para se ter uma ideia acerca da sua importância, de acordo com a Lei nº 8.080, de 1990, “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.

A lei também aponta que para haver saúde, alguns fatores são determinantes, tais como: “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer, e o acesso aos bens e serviços essenciais”. Assim, por mais irrelevantes que esses fatores possam parecer, de uma forma ou de outra, podem afetar a vida de um indivíduo e, consequentemente, a sua saúde, fazendo com que o Estado tenha o dever de garantir o bem-estar da população, sendo ele o responsável pela qualidade de vida de todos os cidadãos. No entanto, para que a gente possa se valer dessa premissa, é fundamental que, além de cuidarmos da nossa saúde, possamos nos engajar nas lutas sociais em nosso país, destacando que não devemos reivindicar melhorias apenas em hospitais, mas lutar por mais segurança, educação, lazer, cultura, entre outros direitos básicos e fundamentais para o completo bem-estar individual e social.

Euforismo à parte, o Dia Mundial da Saúde é uma data que deve ser lembrada principalmente para que todos nós possamos redobrar cuidados próprios e preventivos com a saúde, com atenção voltada ao corpo, à mente e, portanto, ao bem-estar físico, psíquico e social. Muitas vezes não é fácil levar uma vida saudável, seja pela praticidade ou pela correria do cotidiano, mas que tal verificarmos algumas dicas de saúde do Hospital Santa Cruz de Canoinhas que podem, ao longo do tempo, fazer toda a diferença?

  • Alimente-se bem:  A alimentação é parte fundamental em nossa saúde e tudo aquilo que ingerimos, trará algum resultado, seja positivo ou negativo. O corpo humano precisa de uma série de nutrientes, mas não é raro que alguns destes nutrientes fiquem fora da nossa dieta.  Evitar alimentos gordurosos, processados e com excesso de sódio e açúcar já é um bom começo. O sódio é um grande vilão da pressão arterial e os alimentos gordurosos podem provocar, a longo prazo, o entupimento de artérias importantes.
  • Beba água: Pode parecer bobagem, mas o consumo de água é vital para o nosso corpo. Para se ter uma ideia, o corpo humano é formado por cerca de 70% a 75% de água e ela está presente em cada célula do nosso organismo. A água é responsável pelo transporte de vários nutrientes que alimentam nossas células. Para que o nosso corpo funcione “a todo vapor” é preciso estar hidratado. Outro motivo para uma boa hidratação é o funcionamento dos órgãos, principalmente dos rins. Com o consumo baixo de água, o rim começa a diminuir o processo de filtragem das toxinas e minerais, o que pode ocasionar problemas de cálculos renais. Lembrando que a dose diária de água recomendada para uma pessoa adulta é de, no mínimo, 1,5 litros a 2 litros.
  • Durma o necessário: A vida moderna pode oferecer centenas de maravilhas, como internet, celulares, televisões. Nossos dias ganharam inúmeras tarefas e o tempo para o descanso acabou diminuindo. Você se considera uma pessoa descansada e acha que tem dormido o suficiente? Segundo o Instituto do Sono, a dose diária recomendada de descanso pleno é de oito horas. Porém, o sono precisa ser de qualidade, num local confortável e livre de claridade e ruídos. Muitas vezes dormimos pouco e, pior, dormimos mal.
  • Cuide da higiene: Algumas doenças oportunistas podem aparecer por causa da imunidade baixa ou pela falta de higiene. Lições simples como lavar as mãos após ir ao banheiro ou antes das refeições diminuem consideravelmente o risco de infecções por bactérias. Além disso, tomar banhos com frequência e viver em ambientes limpos são atitudes importantes que evitam a proliferação de fungos e bactérias. Ainda falando em higiene, é muito importante não esquecermos da saúde bucal. Para manter a boca livre de cáries e os dentes saudáveis é importante escová-los sempre após as refeições, de maneira adequada, e não esquecer a utilização do fio dental.
  • Movimente-se: Eis uma das etapas mais difíceis de serem cumpridas, pois precisa de tempo, dedicação e força de vontade. Porém, não é preciso fazer uma mudança tão radical para conseguir uma qualidade de vida melhor. As pequenas atitudes podem ser fundamentais. Evite fazer pequenos percursos de carro, se puder fazê-los a pé. Caminhe sempre quando tiver oportunidade – este hábito pode se tornar uma constante e, só assim, você estará preparado para outras etapas como corridas ou outros esportes.
  • Beba com moderação: O alcoolismo é um dos problemas sociais mais graves do mundo. Os casos de dependentes do álcool são analisados anualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que sempre divulga relatórios sobre o consumo de bebidas alcoólicas no mundo. Faça uma análise e veja o quanto de bebida alcoólica você consumiu no último mês. Se você bebe diariamente ou em quantidades excessivas, talvez seja a hora de dar uma analisada com cuidado na situação. Beber com moderação não faz mal à saúde, mas o consumo excessivo e constante pode prejudicar gravemente o organismo, além de promover o estado viciante. No último Relatório Anual do Consumo de álcool da OMS, o Brasil foi elogiado pela adoção da Lei Seca, que pune severamente quem dirige após o consumo de álcool. Este é mais um dos motivos para se controlar.
  • Esqueça o cigarro: Alguns estados brasileiros também adotaram uma lei enérgica contra o consumo de cigarros em locais fechados e de convívio coletivo. Mesmo sendo uma droga legal, o cigarro é reconhecidamente o causador de diversas doenças como câncer de pulmão e enfisema pulmonar. Deixar de fumar não é uma tarefa tão simples e é preciso muita força de vontade e apoio de pessoas próximas. Mesmo assim, não desista e opte por uma vida mais saudável e duradoura.
  • Consulte o médico: Uma das causas de mortalidade precoce é o diagnóstico tardio. Tente entender que o corpo humano funciona como uma máquina e, se alguma parte desta máquina parar de funcionar, o corpo vai sentir. Se você está com alguma dor ou percebeu algo diferente, por menor que seja, procure um especialista e esclareça suas dúvidas. Mesmo se não sentiu nada, tente fazer exames periódicos e fique de olho em doenças que estão presentes na sua família. Diabetes, hipertensão e câncer são doenças que podem ser hereditárias, portanto, todo cuidado é pouco nestes casos.

O Dia Mundial da Saúde vem ao encontro com propostas que se concentram em incentivar boas práticas para que a saúde seja tanto preservada, quanto tratada da melhor forma possível. É também um dia especialmente dedicado para se analisar as questões relativas à saúde no mundo, uma oportunidade para motivar ações de enfrentamento aos desafios da saúde atuais e futuros, informar a população e promover a saúde, para que todos, em todos os lugares, possam atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar. Que essa data nos leve à  conscientização sobre o tema “Saúde para todos”, pois como dito anteriormente, a saúde é um direito de todos os cidadãos e é garantida pela Constituição Federal do Brasil de 1988. De acordo com o Art. 196 da Constituição:

“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

Todavia, esse Artigo ainda desafia nossa reflexão e mobilização pela concretização do direito à saúde, pois como afirmam David Stuckler e Sanjay Basu, “a verdadeira fonte de riqueza de qualquer sociedade é o seu povo. Investir na saúde pública é uma escolha sensata em tempos de prosperidade e uma necessidade urgente em tempos de aflição”.

~ Dani ~

Abril Azul: mais informação, menos preconceito!

Fonte: Câmara Municipal de Campo Grande – MS

Para iluminar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser comemorado no dia 2 de abril, esse mês “abriu” as portas colorindo vários monumentos em todo o Brasil com luzes azuis, no intuito de chamar a atenção para a campanha nacional, que neste ano traz o tema: “Mais informação, menos preconceito”.

Por que essa data é importante?

Uma vez que muitas pessoas desconhecem o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a data tem como objetivo difundir informações, valorizar a importância do diagnóstico, além de conscientizar e mobilizar ações e atividades referentes aos Transtorno do Espectro Autista (TEA), reduzindo o preconceito e a discriminação que cercam as pessoas afetadas por esse transtorno.

Mas, o que é autismo?

De acordo com a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (ANIA/BR), o autismo é uma condição biopsicossocial que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento de uma pessoa. A deficiência biopsicossocial é um modelo que considera a pessoa como um todo, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Esse modelo reconhece que as condições de saúde não são apenas resultado de fatores biológicos, mas também de fatores psicológicos e sociais. O autismo é considerado uma deficiência biopsicossocial porque envolve aspectos biológicos, como a genética e o desenvolvimento cerebral, aspectos psicológicos, como o processamento sensorial e a cognição, e aspectos sociais, como a interação social e a adaptação ao ambiente.

Por causa dessas características, a referida associação esclarece que as pessoas com autismo muitas vezes precisam de apoio em diferentes áreas, como terapia ocupacional, fonoaudiologia, terapia comportamental, psicoterapia e educação especial. É importante reconhecer e atender às necessidades biopsicossociais das pessoas com autismo, para ajudá-las a desenvolver todo o seu potencial e ter uma vida plena e satisfatória.

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, de acordo com o quadro clínico, os sintomas podem ser divididos em 3 grupos:

– ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;

– o paciente é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;

– domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite levar a vida próxima do normal.

Como acabamos de verificar, esses sintomas prejudicam a pessoa com autismo no seu relacionamento com outras pessoas e podem afetar o desenvolvimento da sua autonomia. Entretanto, os sinais podem ser tão leves que acabam até mesmo passando despercebidos, conforme mencionei no post sobre a Síndrome de Asperger, publicado há dois meses. No entanto, diante destes sintomas, como a suspeita dos pais pode ajudar no processo de diagnóstico do autismo? 

Identificar características do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) nos comportamentos infantis é fundamental para o entendimento da família a respeito do transtorno, além de trazer clareza e direcionamento para promover as melhores intervenções no escopo de oferecer mais qualidade de vida à pessoa autista. O TEA geralmente é identificado por especialistas quando a criança possui entre 1 e 3 anos. Porém, é possível que os próprios pais ou parentes próximos ao convívio com a criança sejam capazes de identificar os primeiros sinais a partir dos 8 meses de vida, sendo que esse diagnóstico precoce melhora o desenvolvimento geral da criança, ajudando-a a ter mais independência e autonomia e, consequentemente, levando-a a adquirir mais habilidades sociais essenciais, fazendo com que tenha capacidade de um convívio melhor em diferentes ambientes.

Neste sentido, conforme a Tismoo, a intervenção precoce tão logo os primeiros sinais do transtorno do espectro do autismo são identificados, é de suma importância pois, por meio desta intervenção, crianças de até 5 anos desenvolvem habilidades de comunicação, ganham competências sociais, aumentando o desenvolvimento cognitivo e habilidades motoras. Quando iniciada logo nos primeiros anos de vida, a intervenção se torna mais eficiente, com maior probabilidade de ganhos no desenvolvimento e reduzindo as chances da manifestação de outros problemas. Dentre eles é importante destacar o Modelo Denver, desenvolvido após duas décadas de estudo e pesquisa, e que em 2012 foi considerado uma das maiores descobertas médicas pela revista Times. O Modelo utiliza princípios da Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis), em que os pais e terapeutas utilizam atividades lúdicas e brincadeiras para reforçar os comportamentos positivos. 

De um modo geral, todas as crianças devem ser monitoradas quanto aos primeiros sinais, ressaltando-se que irmãos de crianças já diagnosticadas com autismo estão mais suscetíveis ao risco e devem receber atenção redobrada. Apesar de não ser possível diagnosticar o autismo somente por meio de análises visuais, alguns sinais são comuns e devem receber atenção, tais como: 

  • Repetição de ações contínuas;
  • Dificuldade de relacionamento social; 
  • Limitação de resposta somente ao próprio nome;
  • Pouco entendimento sobre as próprias emoções;
  • Dificuldade em lidar com mudanças; 
  • Repetição de palavras ditas a eles;
  • Dificuldade em receber ou fazer contato físico e visual;
  • Respostas incomuns a ações cotidianas; 
  • Dificuldade de envolvimento em brincadeiras imaginativas. 

Uma vez que os sinais na infância são geralmente evidentes até os 5 anos, dentre algumas orientações que podem ajudar os pais a perceber alterações importantes no comportamento dos seus filhos nos primeiros meses de vida, temos:  

  • Aos 12 meses: crianças autistas podem não responder ao ouvir seu nome, mesmo que repetido várias vezes, mas podem ser capazes de responder a outros sons;
  • Aos 18 meses: em muitos casos, não realizam nenhuma tentativa de compensação no atraso da fala como, por exemplo, a utilização de expressões faciais, sendo que nesta etapa, algumas crianças podem apresentar ecolalia maior que o esperado, repetindo frases e palavras que ouve, seja das pessoas ou quaisquer outros meios de comunicação. 
  • Aos 24 meses: a maioria das crianças autistas não têm o costume de mostrar objetos aos pais na tentativa de interagir e, quando o fazem, geralmente não mantêm contato visual. 

Diante do exposto, na condição de mãe especial, sei o quanto o diagnóstico do autismo ou de qualquer outra deficiência é um baque no primeiro momento, um mar de incertezas e insegurança, sendo extremamente necessário que este sentimento seja acolhido e processado, para que a família se fortaleça nesta nova jornada. Apesar de inesperado em um primeiro momento, é importante buscar ajuda não só para a criança, mas para os pais também. 

Amor é e sempre será o melhor remédio. Toda criança especial precisa de muito amor e não pense que a criança autista não tem sentimentos ou que não goste de carinho! Devemos aprender como dar este carinho, pois cada um sente e reage do seu jeito. Não podemos jamais perder a esperança e devemos sim, acreditar sempre no potencial da criança portadora de necessidade especial que, no post de hoje, é a criança autista. Elogiar e elevar constantemente a sua autoestima vai permitir que ela se desenvolva melhor sabendo que está sendo amada e reconhecida.

Paciência é, sem dúvida, a base de tudo. No caso específico de pessoas autistas, precisamos nos ater que elas não compreendem todos os sinais sociais. Por isso, é importante facilitar a comunicação com frases curtas, utilizar figuras, cores e formas como didática para facilitar a interação. Afinal, demonstrar interesse pelo universo da criança autista através de  interações, cria aproximação e gera confiança, além, é claro, de ajudar no desenvolvimento da interação social. Assim, somadas às intervenções psicossociais baseadas em evidência, tais como terapia comportamental e programas de treinamento para pais, reduz-se às dificuldades de comunicação e de comportamento social, resultando em um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida de pessoas com TEA e seus cuidadores. As intervenções devem sim, serem acompanhadas de atitudes e medidas amplas que garantam que os ambientes físicos e sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores.

Desse modo, nesse evento que é reconhecido internacionalmente como Abril Azul, vamos “abraçar de corpo e alma” esse movimento que visa promover a plena participação de todas as pessoas com autismo na sociedade, garantindo que elas tenham o apoio necessário para exercer seus direitos e liberdades fundamentais. Afinal de contas, os autistas, assim como as aves, são diferentes em seus voos. Todos, no entanto, são iguais em seu direito de voar.

~ Bia ~

Primavera cor-de-rosa no Japão

Fonte: Quickly Travel | Monte Fuji e Sakura

Está oficialmente aberta a temporada de flores no Japão e para o deleite da população, quem, em todo o seu esplendor, inaugura esta belíssima estação é a tão aguardada flor de cerejeira, mundialmente conhecida por sakura, que pincela o país em vários tons de rosa nesta época do ano. Simmm… desde o dia 21 de março, Equinócio da Primavera na terra do sol nascente (Shunbun no Hi), que marca o término do rigoroso inverno e o início da primavera, a previsão do dia de florescimento das sakuras em cada região, viram as notícias mais importantes desta estação. O fenômeno do desabrochar desta flor, que acontece primeiro no sul, onde o clima é mais quente, e depois mais ao norte, onde o clima é mais frio, é chamada de “linha de frente das cerejeiras”, ocasião em que os japoneses esperam, empolgados, pelo florescer das sakuras de sua região, ocorrendo geralmente entre o final de março e começo de abril, para fazer passeios ao ar livre.

Fonte: Japan Meteorological Corporation

Em plena floração, a flor de cerejeira é o marco de importantes eventos, como as cerimônias de graduação em março e as cerimônias de ingresso nas escolas, faculdades e empresas em abril, considerados pontos de virada essenciais na vida dos japoneses. Assim, a sakura está enraizado no coração de toda a população, trazendo à tona sentimentos como a alegria de presenciar o crescimento dos filhos, a gratidão pelas pessoas e também expectativas e preocupações em relação a um novo começo, sendo até mesmo possível apreciar diversas canções que expressam esses sentimentos através desta flor. Uma das minhas preferidas é a do cantor Naotaro Moriyama e se você tiver curiosidade, não deixe de ver esse video que acabei de encontrar no Youtube:

Sakura – Naotaro Moriyama

No Japão, mais de 100 espécies de cerejeiras florescem em todo o país, apreciadas não só pelos japoneses, mas pelos estrangeiros, sendo a primavera a estação que mais atrai turistas do mundo inteiro, que visitam o país exclusivamente para contemplar essa flor, cuja floração acontece uma única vez a cada ano. Em razão da curta duração de 7 a 10 dias, porém intensa e fascinante, para muitos japoneses, as sakuras remetem à vida humana no sentido da grandiosidade e efemeridade. Assim, elas florescem e no auge de sua floração e beleza, as flores começam a cair, mostrando que, embora a vida seja bela, também é curta e passageira, passando a ser relacionada com o conceito de wabi-sabi (refere-se à beleza de poder sentir a profundidade e a riqueza da natureza em meio à tranquilidade), que faz parte da estética e espiritualidade japonesa. 

Fonte: CicloVivo

Definitivamente, o Hanami Matsuri, que quer dizer “Festival de contemplação das flores”, é um dos mais belos festivais do Japão, com várias atividades que são realizadas em torno destas árvores, como festivais com músicas e danças. Mas a principal atividade é, sem dúvida, o tradicional piquenique sob as árvores repletas dessas delicadas flores. É uma tradição que existe há séculos, sendo preservada e praticada pela maioria das famílias japonesas. Por causa da sua popularidade, muitas famílias chegam a madrugar para garantir um bom lugar nos parques, a fim de reunir  famíliares e/ou amigos, para apreciarem a beleza das flores, enquanto saboreiam o tradicional “obentô”, geralmente acompanhado do indispensável chá, além de bebidas alcoólicas, como saquê e cerveja, ficando até o escurecer para celebrarem essa ocasião que tem um significado muito especial: tudo o que é bom, dura pouco!

Fonte: Good Luck Trip

Neste sentido, o hanami à noite é chamado de Yozakura (literalmente “sakura noturno”) e, em muitos lugares, como no Parque Hirosaki, localizado na província de Aomori, que abriga cerca de 2600 árvores de 52 espécies, incluindo a yae-beni-shidare, é possível apreciar o esplêndido espetáculo das flores, especialmente iluminado à noite durante o período do festival, que neste ano ocorrerá do dia 21/04 a 05/05.

Fonte: Japan House

Um pouquinho mais ao norte, dentre os inúmeros pontos famosos para apreciar as belas flores de cerejeira, a estrada Nijukken-Shinhidaka, na província de Hokkaidō, possui um trecho reto de 7 quilômetros com mais de 2000 árvores, que formam a fileira de sakuras mais longa do Japão. 

Fonte: Viagem e Turismo

Do final de março ao início de abril, as passarelas ao redor do fosso Chidorigafuchi, perto do Palácio Imperial, são tingidas de rosa por centenas de cerejeiras, proporcionando uma das vistas mais impressionantes de Tóquio. Esta visão mágica atrai muitos visitantes e nas noites em que as flores são iluminadas, é possível alugar barcos para desfrutar de um belo passeio noturno sob o túnel brilhante de sakuras refletidas na superfície da água. No final da temporada, o fosso fica quase completamente coberta de pétalas, criando a ilusão de um rio rosa etéreo.

Fonte: Quickly Travel | A circunferência de Yamataka Sakura é de 11,8 metros em torno de suas raízes externas

No entanto, a maior e a mais antiga cerejeira do Japão está localizada nos jardins do templo Otsuyama Jisso, na cidade de Hokuto, província de Yamanashi. Chamada de Yamataka Jindai Sakura (Zakura), Yamataka Kamishiro Sakura, entre outros nomes, a antiga árvore é Patrimônio Natural do Japão e existe há, pelo menos, 2 mil anos, de acordo com histórico divulgado no site oficial da prefeitura de Hokuto. Durante a floração, que ocorre entre a última semana de março e início de abril, podendo variar de acordo com as condições climáticas, seus longos galhos, que percorrem por uma extensa área no templo, são cuidadosamente amparados por varas para que não se quebrem com o peso das flores. Junto à Usuzumizakura de Motosu (província de Gifu) e à Miharu Takizakura (província de Fukushima), elas são conhecidas como as Três Grandes Cerejeiras do Japão.

Fonte: Qual Viagem

Localizada na província de Nara, Monte Yoshino é um dos lugares mais belos do Japão para admirar a sakura. Uma trilha que passa pelos pequenos vilarejos da montanha, colorindo uma extensa área de 8 quilometros de degrade rosa, leva ao topo para um deslumbrante cenário de 30.000 cerejeiras inalteradas por um milênio, que cobrem os vales e as cordilheiras, florescendo no início até o final do mês de abril.

Fonte: Japan House | Templo Tsubosaka

No templo Tsubosaka – Takatori, também na província de Nara, cerca de 300 cerejeiras somei-yoshino, criam a ilusão de que as construções flutuam entre as flores, cobrindo até mesmo a estátua de Buda feita de pedra, com cerca de 15 metros, chamada de “Sakura Daibutsu”. O melhor período para visitar o local vai do fim de março ao início de abril, valendo a pena ver as cerejeiras iluminadas, inclusive, durante à noite.

Fonte: Mitoyo Kanko

Quando o tempo está ensolarado, do topo do Monte Shiude, situado em Mitoyo, na província de Kagawa, é possível ver a famosa Grande Ponte de Seto (Seto Ohashi).  Na primavera, cerca de mil cerejeiras florescem e o contraste da montanha cor-de-rosa com o azul do Mar Interior de Seto é de tirar o fôlego!!! 

Mesmo diante desses inusitados panoramas, onde é possível se encantar com diferentes cenários cor-de-rosa, vale lembrar que o Japão nos contempla com centenas de outros locais, onde as cerejeiras esbanjam sua imponência, e qualquer que seja o lugar que a gente more ou vá passear, neste curto período de floração, sempre tem uma bela sakura nos dando boas-vindas para curtirmos a estação mais agradável e aguardada pelos japoneses, que costumam dizer que o ano só começa de verdade quando a primavera chega e o inverno dá o seu adeus.

Fonte: Japan House | Hana Kasane, doce japonês inspirado na Sakura

Além dos belíssimos espetáculos a céu aberto, a sakura também é apreciada na vida cotidiana. Doces como o hanami dango e o sakura mochi podem ser encontrados não só em lojas especializadas em doces japoneses, mas também em lojas de conveniência. Outros doces, como a hana kasane, são tão bonitos que nos entretêm só de olhar. É possível encontrar, também, roupas, acessórios e objetos de arte com o tema sakura, além de perfumes e cosméticos com a fragrância desta flor. 

Deste modo, as sakuras nos lembram que é preciso aproveitar a beleza enquanto ela está presente, pois o mundo não é o tempo todo cor-de-rosa, nos mostrando que a natureza tem seu próprio ritmo e as coisas começam e terminam, independente da nossa vontade. Além do significado profundo, da beleza do transitório e do renascimento, a primavera no Japão é a estação propícia para celebrar a vida com amigos e familiares, sendo uma ótima época para começar novos projetos e renovar esperanças, pois como declama a poetisa Crysgrer: “Meu mundo não é azul. Nem cor-de-rosa. Ele tem vida, sentimento e saudade da outrora. Há defeitos. Ajustes. Começos, tropeços e recomeços”.

~ Bia ~

À procura da felicidade

Fonte: Canção Nova

Quem diria que até a felicidade tem a “felicidade” de ter o seu próprio dia! Essa semana, mais precisamente no dia 20 de março, comemoramos o Dia Internacional da Felicidade. Instituído em 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) financia anualmente o Relatório Mundial da Felicidade, com indicativos medidos em vários países. A Finlândia lidera o ranking pela 6º vez consecutiva como o país mais feliz do mundo e o Brasil vem perdendo posições, sendo que de 16º lugar em 2016, foi para 41º em 2021, ocupando atualmente o 49º lugar. 

Mas… o que é felicidade?

Embora existam muitas definições para o que seja a felicidade, segundo a pesquisadora Carla Furtado, fundadora do Instituto Feliciência, o conceito de felicidade significa mais do que um estado de euforia ou alegria, afirmando que “a felicidade é uma construção feita ao longo da vida, baseada na percepção das emoções positivas que vivemos e no propósito de vida que temos”. Ela diz, inclusive, que é possível ser feliz mesmo em tempos nebulosos, a partir do momento que buscamos ativamente por coisas e pessoas que nos tragam sentimentos positivos, de pertencimento e conexão, apontando ser uma habilidade que adquirimos treinando todos os dias e que “ser feliz é esse caminho que vamos construindo, não o destino final”.

Nesse sentido, muitos cientistas sociais atribuem a felicidade a dois elementos: o equilíbrio emocional que diz respeito à quantidade de emoções e humores positivos vivenciados por uma pessoa e os níveis de satisfação que se referem à quão satisfeita essa pessoa se encontra com a sua vida. Assim, ao experimentarmos uma variedade de emoções, ser feliz também está associado à percepção geral sobre a vida. Se somos otimistas, é provável que mais sentimentos e emoções boas sejam experimentados no dia a dia. Em compensação, se enxergamos a vida como um estorvo, a tendência é estar rodeado de emoções ruins, pois raiva, tristeza e angústia são expressões claras de infelicidade. 

De acordo com a Vittude, a felicidade é um termo abrangente e pessoal, sendo que na Psicologia usa-se a expressão bem-estar subjetivo (BES), que engloba três aspectos:

  • Subjetividade: bem-estar conquistado através da experiência pessoal de cada indivíduo, envolvendo os eventos de vida, os relacionamentos interpessoais e a vivência diária. Sentir que possui um propósito de vida também proporciona felicidade. As pessoas precisam ver sentido em seus relacionamentos, planos e comportamentos, mesmo que sejam simples.
  • Satisfação: para o psicólogo Martin Selligman, a principal forma de medir a felicidade é analisar o seu nível de satisfação com a vida. Quanto mais satisfeitas as pessoas estiverem com todos os segmentos de suas vidas, mais bem-estar psicológico terão. 
  • Predominância do positivo: surge do prazer em fazer o que se gosta e de realizar desejos. Em ambas as situações, as pessoas ficam mais felizes ao satisfazerem as suas necessidades. Essas, por sua vez, dependem muito da personalidade, objetivos pessoais e crenças cultivadas desde os primeiros anos de vida. Algumas pessoas encontram a felicidade na simplicidade, enquanto outras somente estão felizes quando se desafiam e prosperam. 

Apesar das pessoas felizes possuírem mais familiaridade com esses aspectos, não é possível analisar as suas experiências de vida e torná-las uma referência universal, pois todos nós possuímos percepções diferentes sobre o que é felicidade. Por exemplo, para alguns, viajar pode ser a principal razão da felicidade, enquanto para outros, fazer trabalhos voluntários pode trazer uma imensa satisfação. Tomando-os como pressuposto, para analisar o nível de felicidade, a psicóloga Tatiana Pimenta sugere respondermos às seguintes perguntas:

  • Que experiências, hábitos, objetos e relacionamentos lhe fazem feliz?
  • Quão satisfeito você está com a sua vida?
  • Você sente mais prazer e alegria do que emoções negativas, como tristeza, medo e raiva?

Através das respostas, é possível pontuar quais aspectos da vida necessitam ser ajustadas. Por exemplo, se existe uma insatisfação com o trabalho atual, quais mudanças podem ser feitas para elevar o nível de satisfação? As pessoas felizes geralmente compartilham algumas características, cujos atributos também podem ajudar a responder a última pergunta, tais como:

  • risadas e sorrisos constantes;
  • reconhecimento da alegria diária;
  • facilidade em fazer amigos e manter relacionamentos;
  • postura benevolente e vontade de ajudar o próximo;
  • se colocar em primeiro lugar;
  • resiliência;
  • fé no futuro;
  • otimismo;
  • paciência;
  • assume responsabilidade por seus atos;
  • jogo de cintura no ambiente de trabalho;
  • habilidade de resolver conflitos. 

Por que é difícil ser feliz?

Nem todas as pessoas conseguem sustentar a felicidade por muito tempo ou encontrar motivos para rir. Às vezes, essa dificuldade pode estar associada a transtornos mentais nem sempre diagnosticados, como a depressão e a síndrome do pânico. Em outras, pode ser por conta da mentalidade cultivada por esses indivíduos, pois como mencionado anteriormente, uma parcela considerável do nosso bem-estar psicológico é afetado por eventos de vida e sentimentos. Assim, a psicóloga Tatiana Pinheiro argumenta que uma pessoa pode ter vivências incríveis, mas alimentar o tédio, a insatisfação e o medo, não conseguindo aproveitar as oportunidades que vão ao seu encontro. Em contrapartida, outra pessoa pode viver em um ambiente estressante e, ainda assim, encontrar motivos para sorrir. Ela consegue fazê-lo através da esperança e do bom humor. 

Querendo ou não, encontraremos situações desagradáveis em nossas vidas, de maneira que quando damos muita atenção para os elementos negativos, muitas vezes distante do nosso controle, pois envolvem atitudes de outras pessoas, decisões de governantes, ações do clima, avanço ou estagnação da economia global, entre outros fatores, acabamos por consumir informações de má qualidade e cercados de emoções negativas e, de quebra, as razões para ser feliz vão desaparecendo cada vez mais de nossa vida. Contudo, quando valorizamos os aspectos positivos, encontrar a felicidade deixa de ser um desafio, uma vez que, ao enxergarmos o lado bom de toda situação, somos capazes de superar grandes adversidades, de sentir satisfação e gratidão com o necessário, não se deslumbrando com o luxo e nem com a riqueza e de desenvolver bons hábitos. 

Posto isso, para não sermos afetados diante de acontecimentos ruins, a neuropsicóloga Juliana Gebrim orienta que “celebrar pequenas vitórias, por exemplo, mesmo as que passariam despercebidas, nos ajuda a focar no aspecto positivo da vida”, incentivando-nos à prática de atividades físicas para manter a saúde mental e emocional em dia. No caso das situações que provoquem muita angústia, ela aconselha buscarmos ajuda profissional, pois “a psicoterapia auxilia a encontrar a felicidade e alcançar bem-estar físico e emocional, além de ajudar a ter mais autoconhecimento, autoestima e confiança”.  

Então, como manter a felicidade no dia a dia?

Muito embora possa parecer utópico ser feliz o tempo inteiro, é possível ser feliz a maior parte do tempo. No intuito de dar o pontapé inicial na jornada pela felicidade, vale a pena dar uma “olhadinha” nas dicas da Vittude que nos ajudam a ser feliz: 

  • Agradecer pelos bons elementos presentes em nossa vida com constância é uma estratégia simples para elevar o humor e renovar a perspectiva sobre ela. Praticar a gratidão especialmente nos dias que sentir que nada dá certo vai fazer com que a gente se sinta bem melhor. 
  • Conhecer-se é essencial para ter uma vida feliz já que, através do autoconhecimento, conseguimos identificar exatamente o que gostamos e o que não gostamos. Então, nada melhor do que questionarmos quais fatores nos causam alegria e sensações boas, trazendo-os para a nossa vida, mas tomando o devido cuidado para não utilizá-los como mecanismos de gratificação, uma vez que podemos nos tornar dependente deles. 
  • Fazer boas amizades pois as pessoas querem ficar perto de quem é positivo para compartilhar a abundância de positividade. Assim, como as pessoas felizes têm mais facilidade e oportunidades de criar laços afetivos, a dica é fazer amizade com pessoas bem humoradas e aprender a ver o lado bom da vida com elas. 
  • Aprender a controlar as emoções para não sofrermos desnecessariamente. Sempre que sentirmos tristeza ou raiva, devemos refletir se realmente vale a pena se entregar às essas emoções. Com a prática, esse exercício simples pode nos ajudar a controlar as emoções com mais eficiência.

Como acabamos de ver, a felicidade pode sim, ser construída diariamente. Quando nos dispomos a isso, adquirimos mais qualidade de vida, resiliência e controle emocional. Afinal, nada melhor do que nos deixar levar pelo pensamento de Santo Agostinho, que enfatizou que a “felicidade é seguir desejando aquilo que já se possui”. Vamos, então, focar ainda mais na lista de agradecimentos do que na lista de desejos, como sugere Carla Furtado, e nos aproximarmos cada vez mais da felicidade ordinária, ao invés de procurá-la no extraordinário, pois a felicidade está basicamente em cultivar todos os dias uma mentalidade otimista perante tudo e todos!!!

~ Bia ~ 

A água e a fábula do beija-flor

Fonte: Saneas Online

Sabemos que a vida neste planeta só é possível graças a presença de água, sendo de fundamental importância para o nosso corpo, que necessita de água para diversos processos, como a manutenção da temperatura corpórea e o transporte de substâncias. No entanto, segundo dados extraídos do Mundo Educação, 97,5% da água do planeta é salgada, não podendo ser usada para consumo humano, destacando-se que a pequena quantidade disponível, não é distribuída igualmente no mundo, existindo locais onde esse recurso é extremamente escasso. 

Além disso, a poluição causada pelas atividades humanas torna a água disponível imprópria para o consumo, fazendo com que, de acordo com a ONU, cerca de 2,1 bilhões de pessoas não tenha acesso à água potável, contabilizando 4,5 bilhões de pessoas a não terem acesso às instalações básicas necessárias para sequer lavar as mãos adequadamente. Já dá pra imaginar o quanto esse quadro é deveras preocupante, pois o hábito de lavar as mãos é indispensável para a prevenção de várias enfermidades, não é mesmo?

Como necessitamos de água para a sobrevivência, a ONU divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, sendo que neste documento são apresentados pontos importantes sobre esse recurso hídrico, destacando sua importância e a necessidade de sua preservação. Veja, a seguir, os principais pontos dos 10 artigos desta declaração:

  • Art. 1º – A água faz parte do patrimônio do planeta.
  • Art. 2º – A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
  • Art. 3º – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados.
  • Art. 4º – O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
  • Art. 5º – A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores.
  • Art. 6º – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
  • Art. 7º – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.
  • Art. 8º – A utilização da água implica respeito à lei.
  • Art. 9º – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
  • Art. 10º – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Neste sentido, em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que a água limpa e segura e o saneamento básico são Direitos Humanos. Entretanto, ainda falta muito para que todas as pessoas tenham esse direito realmente garantido.

Desse modo, não por acaso, mas objetivando promover a conscientização sobre a relevância da água para a nossa sobrevivência, a importância do seu uso sustentável e a urgente necessidade de conservação dos ambientes aquáticos, de modo a evitar a poluição e a contaminação, o Dia Mundial da Água foi criado no dia 22 de março de 1992, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. 

Desde então, a data visa conhecer mais sobre e discutir acerca das problematizações do uso da água, promovendo debates na sociedade e criando estratégias para a utilização consciente do uso da água. Assim, a cada ano, um novo tema é escolhido, de forma que os debates deste ano serão em torno do tema “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”, no intuito de discutir formas de acelerar mudanças para solucionar a crise global da água e saneamento, convidando as pessoas a repensarem suas atitudes em relação ao uso e consumo de água em casa, na escola, na comunidade, enfim, nas nossas vidas, assumindo o compromisso de mudanças nas ações diretamente relacionadas a esse imprescindível recurso natural.

Na chamada da data, a ONU questiona: “neste exato momento, em que estamos diante de uma crise global de água e saneamento, ficaremos parados e olhando ou vamos agir?” Diante deste dilema, a campanha deste ano está usando como estratégia de sensibilização, a fábula do beija-flor que ensina o poder da determinação frente aos obstáculos da vida. Você conhece essa história? A nível de reflexão, como achei interessante a associação do tema à fábula, vou transcrevê-la para que, aqueles que não a conhecem, possam compreendê-la, ok? Então, vamos lá!

Existe uma falsa ideia de que os recursos hídricos são infinitos, mas como comentei no início deste post, menos de 3 % da água do mundo é doce, da qual mais de 99% apresenta-se congelada nas regiões polares ou em rios e lagos subterrâneos, o que dificulta sua utilização pelo Homem. Estamos tão habituados à presença da água, que só damos conta da sua importância quando ela nos faz falta, mas isso precisa mudar. Além de ser o principal constituinte do corpo humano e essencial para o pleno funcionamento do organismo, a água é um elemento essencial para a sobrevivência de animais e vegetais na Terra, fazendo parte de inúmeras atividades dos seres humanos. 

A falta de água é uma ameaça, uma vez que ela é a fonte de vida. Preservar os recursos hídricos é preservar a nossa existência. A conscientização em relação à educação ambiental e atitudes simples do dia-a-dia fazem total diferença. Para isso é fundamental comprometermo-nos a usar a água com moderação, fazendo a nossa parte para evitarmos a contaminação dos ambientes aquáticos como, por exemplo, não lançando lixos nos lagos, rios, mares e oceanos, uma vez que o equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.

No cenário de crise de água e saneamento que enfrentamos atualmente, se cada um de nós reduzirmos um a dois minutos do tempo de banho diário, três a seis litros de água serão economizados. Se multiplicarmos este volume pelo número de habitantes de uma cidade, percebe-se que os resultados trazem impactos consideravelmente positivos. Enquanto cidadãos, ao firmamos um compromisso pessoal com o uso consciente dos recursos hídricos, estaremos ajudando a solucionar a crise sem precedentes da água. Como vimos na fábula, se cada um fizer a sua parte, por menor que seja, no final poderemos fazer uma enorme diferença nesta luta que é de todos nós. Afinal, pequenos gestos como a gota a gota do beija-flor, tendem a gerar excelentes resultados!!! 

~ Bia ~

Mãe de gêmeos especiais

Fonte: Metrópoles

Quando o primeiro ultrassom aponta a chegada de filhos gêmeos, certamente o universo familiar se inunda de alegria, sonhos e até mesmo, de medos. Afinal, criar um filho não é tarefa fácil, imagina o trabalho e tempo direcionados à criação e cuidados com dois ou mais bebês ao mesmo tempo? Será que tudo vem realmente em dobro? Embarcando na onda do dia mundial dos gêmeos, que é celebrado anualmente no dia 18 de março, não vou falar especificamente sobre irmãos gêmeos, mas de duas mães que tiveram filhas gêmeas e ambas, portadoras de necessidades especiais. 

Para começar, é preciso dizer que quando escrevi o post Meio litro de lágrimas, narrando como foi “impactante” descobrir que, além de uma deficiência, tivemos que “driblar” mais uma outra deficiência que apareceu na vida da Dani e que, apesar da nossa dor e do meu profundo sentimento de culpa, não poderíamos ficar chorando pelo “leite derramado”, pois existem pessoas que estão passando por situações muito mais complicadas, como o caso da Aya Kito que, diagnosticada com degeneração espinocerebelar aos 15 anos, teve que enfrentar a dura e cruel realidade de, em sã consciência, ver seu corpo sendo dizimado, até não conseguir mais comer, andar ou conversar, falecendo ao 25 anos, na ocasião acabei não comentando que também tem mães que, num misto de imensa alegria mas de muita preocupação, dão à luz não só a um, mas a dois ou até mais filhos especiais. Se, por natureza, sabemos que não é fácil criar um filho, se ele for especial, é fato que vai exigir mais cuidados. Dois filhos gêmeos especiais, então, é algo inimaginável para muita gente, não é mesmo?

Mas não é que tem gêmeos cegos, autistas, surdos, com Síndrome de Down e também com paralisia cerebral? Difícil acreditar mas tem!!! Estes dias atrás fiquei muito emocionada ao ler um artigo do blog Crianças Especiais que conta como Ayla Martins, mesmo com tantas dificuldades financeiras, mergulhou de “cabeça” num novo mundo cheio de dúvidas, medos e incertezas, ao descobrir que as suas filhas, gêmeas idênticas, Manuella e Gabriella, tinham paralisia cerebral e Síndrome de West, que é uma epilepsia de difícil controle. Apesar de aceitar e compreender que as meninas iriam precisar de infindáveis cuidados, carinho e do amor incondicional dos pais por toda a vida, muito mais do que qualquer outra criança dita “normal”, ela diz que o que mais “doeu” foi ter que lutar por acessibilidade e contra o preconceito, para dar o mínimo de dignidade possível para suas filhas.   

Porém, mesmo diante de tantas intempéries, Ayla conta que suas filhas fizeram com que ela e seu marido Tiago enxergassem a vida com outros olhos, acreditando nas coisas boas da vida e declarando, inclusive, que mesmo enfrentando tantos infortúnios, suas filhas são felizes. Apesar de não pronunciarem uma única palavra, elas conseguem transmitir coisas incríveis com seus expressivos olhos de “jabuticaba” e seus sorrisos abertos e cheios de inocência. Ela agradece a Deus todos os dias pela vida e saúde das filhas e por serem assim, exatamente como elas são, pois o que pode parecer supérfluo para algumas famílias em relação ao desenvolvimento dos filhos, para ela e seu marido, cada conquista é uma grande vitória. Lindo depoimento dessa mãe que, nadando contra a correnteza, está sempre de bem com a vida, “fazendo das tripas coração” para oferecer uma vida digna para suas princesinhas Manu e Gabi, vocês não acham?

Pois é! Mas agora vou falar de uma outra mãe que teve duas filhas gêmeas surdas e que, de certo modo, teve uma expressiva repercussão na minha vida. No post Resultado da Audiometria: seu filho é surdo (a) comentei que para nós, pais ouvintes que não têm a menor noção do que é ter um filho surdo, ao depararmos com o resultado da audiometria, diagnosticando que nosso filho tem algum grau de surdez, ficamos “sem chão” diante desta nova realidade que se apresenta à nossa frente. Na época em que ficamos sabendo que a Dani era surda, nós morávamos em São Paulo e eu me recordo claramente que quando fui passar as férias na casa dos meus pais, em Maringá, ainda no período de “luto”, como define a psicóloga Larissa Vendrusculo, enfatizando que a descoberta de uma deficiência traz uma ideia de morte não real, mas simbólica, ou seja, morte dos planos, sonhos e projetos que se tinha para a criança, meu pai, na tentativa de me confortar, contou-me que sua colega de trabalho havia dado à luz a trigêmeos, sendo um menino e duas meninas e que elas eram surdas. Saber que tinha uma mãe que estava numa situação duplamente “pior” que a minha, me deixou um pouquinho mais conformada mas, ainda assim, precisava de tempo para “digerir” uma nova situação na minha vida. 

Ao saber que em Maringá havia uma escola oralista (atualmente escola bilíngue) para crianças com deficiência auditiva, à procura por uma qualidade de ensino que fosse favorável à Dani, acabei voltando para a minha cidade natal e meu pai, sempre que surgia uma oportunidade, no intuito de me acalentar ou incentivar, gostava de me contar do empenho da sua colega Clélia em relação às suas duas filhas gêmeas surdas. À medida que o tempo foi passando, ao conviver com minhas filhas e observar como a Dani exigia atenção e cuidados especiais, meu pai passou a admirar ainda mais a Clélia que, assim como ele, também era professora de Matemática na Universidade Estadual de Maringá. Além de lecionar, ela tinha que dar conta, não só das duas crianças surdas, mas de outros 3 filhos pequenos, sendo um deles da mesma idade das meninas, pois como citei um pouco antes, eles eram trigêmeos. 

Não tenho muita noção de como meu pai atuou profissionalmente, pois ele era uma pessoa muito reservada e na sua discrição, não tinha o costume de falar sobre seus colegas de trabalho, abrindo uma única exceção para tecer elogios à mulher “guerreira” Clélia, que era a sua fonte inspiradora para me “elucidar” que tinha mães enfrentando “em dobro” as mesmas dificuldades que, porventura, eu tivesse que encarar. 

Dani com a Marília

Alguns anos depois, Dani conheceu a Marília e a Beatriz, as filhas gêmeas da professora Clélia. Participando, atualmente, da comunidade surda de Maringá, Dani e Marília são, por enquanto, as únicas “doutoras” surdas da cidade. Pai… talvez nem em sonho você pudesse imaginar que a sua neta Dani e a Marília dariam continuidade à tão nobre missão de ensinar que, tanto você como a professora Clélia, abraçaram incansavelmente durante décadas e mais décadas. E quem diria que um dia, lá no futuro, elas seriam amigas, hein, meu querido pai?

Professora Clélia… talvez você não saiba, mas não foram poucas as vezes que meu pai, nutrindo imensa admiração pela sua família, se inspirou na sua garra e determinação, para me dar forças na minha incessante busca por uma vida digna para a Dani. Nesta data, em que o mundo comemora o dia dos gêmeos, é com imensa emoção que presto a minha sincera homenagem às mães que, assim como você, Clélia Maria Ignatius Nogueira, Ayla Martins, Vanessa de Paiva, mãe das gêmeas Clara e Alice, portadores de síndrome de Down, Rose Barossi, mãe dos gêmeos autistas Gigi e Rafa, Fabiana Clarck, mãe adotiva dos gêmeos Raíssa e Benjamin que nasceram com paralisia cerebral e tantas outras mães, têm filhos gêmeos especiais.

Vocês realmente sabem o que é ter que, em dose dupla, mover “mundos e fundos” a que todas nós, mães de crianças especiais, nos empenhamos diariamente em prol da inclusão social e, de quebra, insistindo e persistindo pelo direito de ir e vir como cidadãos. No arbitrário “show da vida”, vocês nos contemplam com verdadeiras lições de superação e cientes de que “o essencial é invisível aos olhos”, conforme sacramentou o escritor Antoine de Saint-Exupéry, não se prendem às superficialidades, valorizando a beleza interior, que toca lá no fundo do coração. Vocês merecem, mais do que ninguém, aplausos e mais aplausos da platéia mundial. “Tiro o meu chapéu” para vocês. Parabéns!!!

~ Bia ~ 

Obesidade não se mede só na balança

Fonte: Unimed

Dando continuidade ao post anterior, onde falamos sobre Sedentarismo, como no início deste mês, mais precisamente no dia 4 de março, foi o Dia Mundial da Obesidade, achei por bem trazer esse assunto, pois ambos, na quase totalidade das vezes, costumam andar de mãos dadas.  

Mas, o que é obesidade? 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por  definição, a obesidade é uma doença crônica, com o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo que pode prejudicar a saúde. A caracterização da obesidade depende de um parâmetro muito importante: o Índice de Massa Corporal (IMC) que é um índice simples que considera o peso e a altura da pessoa, comumente utilizado para classificar sobrepeso e obesidade. Apesar de ser um método prático e rápido, o IMC nem sempre é o mais preciso, pois desconsidera a distribuição de gordura no corpo e as proporções corporais, indicando que uma das formas de controlar essa limitação é também analisar, além do IMC, a circunferência abdominal. Nesse caso, medida igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres são sinais de alerta, principalmente para doenças do coração.

No entanto, combater a obesidade não é só uma corrida contra a balança e a fita métrica pois, apesar de muita gente achar que ela está associada apenas ao sedentarismo, a obesidade não pode ser simplesmente vista apenas como uma questão de “vencer a preguiça e a gula” ou até mesmo da “falta de vontade” em  praticar atividades físicas. Por conta de uma série de fatores (hormonais, inflamatórios, medicamentosos e genéticos), pessoas obesas geralmente não se satisfazem com a mesma quantidade de comida que as pessoas de peso considerado adequado e, muitas vezes, se elas emagrecem, o cérebro entende que o corpo precisa poupar energia,  o que acaba fazendo com que elas voltem a ganhar peso novamente. Estudos científicos também mostram que, nos últimos vinte anos, o número de crianças e adolescentes com obesidade e sobrepeso quase dobrou no mundo. Se essa tendência continuar, poderemos, daqui a alguns anos, ter mais casos de obesidade infantil do que crianças com baixo peso corporal.

Por que será que isso está acontecendo?

Além dos fatores acima mencionados, outros fatores também interferem na obesidade, como a situação socioeconômica e o ambiente em que vivemos, onde é possível verificar as drásticas mudanças causadas pela tecnologia no estilo de vida, principalmente dos mais jovens. As atividades e brincadeiras ao ar livre, por exemplo, perderam espaço para smartphones e jogos eletrônicos; e os hábitos alimentares também mudaram radicalmente, sendo que o estilo de vida “moderno” está levando milhões de pessoas a consumirem cada vez mais alimentos processados e os famosos “fast-foods”, mais e mais acessíveis ao consumidor. Deste modo, não é raro encontrarmos adultos, crianças e adolescentes consumindo cada vez menos alimentos saudáveis.

Quais são as causas da obesidade?

De acordo com a Sabin, a obesidade é uma doença que pode ser influenciada por múltiplos fatores, como a alimentação, hábitos de vida (tabagismo e consumo de álcool, por exemplo), sedentarismo, fatores psicológicos e sociais sendo, portanto, considerada uma doença multifatorial.

A causa fundamental da obesidade é um desequilíbrio energético entre as calorias consumidas e as calorias gastas. Ou seja, a pessoa ingere mais calorias do que seu corpo consegue gastar, fazendo com que o corpo, ao longo do tempo,  vá armazenando toda essa caloria na forma de gordura, aumentando o peso corporal.

A partir desse conceito, fica bem mais fácil compreender que o principal fator influenciador para o desenvolvimento da obesidade é o sedentarismo (falta de atividade física) aliado ao consumo excessivo de alimentos calóricos e com excesso de gordura. Razão pela qual, diz-se que o desenvolvimento da obesidade está diretamente ligado a questões comportamentais e de estilo de vida.

No entanto, fatores genéticos que facilitem o acúmulo de gorduras também podem influenciar no desenvolvimento da obesidade. Afinal, nem toda pessoa sedentária e com uma má alimentação torna-se obesa. 

Fatores psicológicos e ambientais também exercem influência, especialmente questões emocionais como o estresse, baixa autoestima, preconceito, depressão, ansiedade e insatisfação com o corpo podem desencadear uma compulsão alimentar, prejudicando a manutenção do peso corporal.

Alterações glandulares em crianças e adolescentes como, por exemplo, deficiência do hormônio de crescimento ou alterações na tireoide, também propiciam o aumento de peso. Por fim, a utilização de alguns remédios como antidepressivos, antipsicóticos e corticoides (recomendados contra alergias e inflamações) podem levar ao ganho de peso.  

Desse modo, o excesso de gordura no corpo acaba desencadeando ou agravando muitas doenças, atingindo o coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo. Isso leva a uma série de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer, bem como problemas de saúde mental, sem considerar que pessoas com obesidade também têm três vezes mais chances de serem hospitalizadas devido à COVID-19. 

Diante de todos esses “males”, a chave para prevenir a obesidade é agir cedo, de preferência antes mesmo de o bebê ser concebido. Uma boa nutrição na gravidez, seguida de amamentação até os seis meses de idade e continuada até dois ou mais anos, é ideal para todos os bebês e crianças pequenas, pois uma das formas mais eficazes de combater a obesidade é a mudança no estilo de vida, com hábitos saudáveis, ressaltando-se que intervenções medicamentosas só devem ser consideradas quando medidas não farmacológicas não surtem efeito, contribuindo para o controle da doença e diminuição das comorbidades. Se você, assim como eu, está acima do peso, vale a pena conferir algumas dicas legais para mudar o estilo de vida, clicando no site Saúde Não Se Pesa que é um movimento para conscientização sobre obesidade, organizado pela Novo Nordisk.

Como não existe uma fórmula mágica para tratar o excesso de peso sem adotar um estilo de vida saudável, com menos consumo de alimentos calóricos, prática regular de exercícios físicos e atividades de lazer que auxiliam na redução do estresse e, consequentemente, na perda de peso, caso seja necessário, é aconselhável consultar um profissional da saúde para uma avaliação de possíveis fatores que possam estar contribuindo para a obesidade e a busca por um tratamento e orientações que possam  reduzir o fator causal do problema. Assim, se você tem interesse em saber se está acima do peso, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) disponibiliza uma calculadora de IMC, que calcula o resultado de acordo com peso e altura fornecidos e indica a sua classificação, bem como o peso ideal seguindo a tabela de referência. É só clicar aqui para fazer uma autoavaliação. Caso o resultado esteja alterado, é recomendável procurar um médico especialista para uma avaliação mais criteriosa e iniciar o tratamento mais indicado para seu caso.

Como acabamos de ver, falar sobre a obesidade vai muito além dos números da balança. A obesidade é realmente uma doença complexa, de origem multifatorial, com diversas causas envolvidas em seu surgimento, que podem ser de natureza individual, coletiva, social, econômica, cultural e ambiental, não estando relacionada apenas a atitudes e comportamentos individuais. Porém, vale lembrar que dentre as estratégias de prevenção e cuidado da obesidade para deter o avanço ou reduzir a prevalência da doença, é preciso manter hábitos saudáveis como alimentação adequada e uma vida mais ativa fisicamente, gerando maior qualidade de vida. Afinal, a prevenção sempre foi, é e será a melhor estratégia, e isso vale para qualquer doença!!!

~ Bia ~

Sedentarismo: o mal do século 21

Fonte: Dignus

Você sabia que no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física?

E você? Faz parte dessa estatística? Honestamente, esse post é para mim mesma, pois eu faço parte das milhões de pessoas que (até agora) não se movem, literalmente, em busca de uma vida mais saudável. Justamente para alertar pessoas que, assim como eu, são sedentárias, é que se comemora, no dia 10 de março, o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo, cujo objetivo é colocar em pauta a importância de práticas saudáveis, como atividades físicas e alimentação adequada.

Para se ter uma ideia, conforme a Revista Suplementação, uma pessoa é considerada sedentária quando não “queima” 2.200 quilocalorias em qualquer tipo de atividade ao longo de uma semana, ou seja, quando os movimentos que realiza no dia a dia não se encaixam nesse patamar. Assim, causando diversos prejuízos para o corpo, o sedentarismo pode se manifestar em 4 diferentes níveis:  

 • No primeiro nível, estão as pessoas que fazem eventuais caminhadas durante a semana, mas não consideram a prática como algo que deve fazer parte da rotina;

• Já no segundo, estão aqueles que só se movimentam para separar o lixo, lavar a louça e, eventualmente, ir ao supermercado;

 • O terceiro nível é composto por quem evita qualquer tipo de esforço físico, por mais sutil que ele seja;

 • Por fim, no nível quatro, estão as pessoas que dificilmente se lembram quando foi a última vez que caminharam e, geralmente, passam o dia sentadas em frente ao computador, assistindo televisão ou em repouso (deitadas).

Considerado o mal do século, embora o sedentarismo esteja diretamente associado à obesidade, ao contrário do que muita gente pensa, ele pode provocar outros  problemas ligados à saúde que não estão necessariamente relacionados ao aumento de peso. Não praticar atividades físicas pode contribuir para a elevação do colesterol ruim, além do aparecimento de outros males, como: 

• Doenças cardiovasculares: a falta de atividade física pode causar aumento da pressão arterial, entupimento de veias ou artérias, infarto ou acidentes vasculares. Além da alimentação saudável, é importante cuidar do coração movimentando o corpo;

 • Diabetes: o sedentarismo dificulta o  equilíbrio entre a produção ideal de insulina e seu consumo, levando o organismo a desenvolver um quadro de diabetes e demandar, consequentemente,  o uso de medicamentos para controle da doença;

 • Ansiedade: quando exercitamos, nosso corpo passa a produzir maiores quantidades de hormônios da “felicidade”, como a dopamina e a endorfina. Em contraposição, o sedentarismo estimula a produção de cortisol, hormônio do estresse e da ansiedade;

 • Problemas nos ossos e músculos: o fortalecimento do tecido ósseo e muscular depende da prática regular de atividade física. Quem é sedentário prejudica a fixação de cálcio e proteínas nesses órgãos, podendo levar à osteoporose, entre outras doenças relacionadas.

Desse modo, de acordo com o depoimento da médica Rosylane Rocha à Agência Brasil, a prática de atividade física traz diversos benefícios à saúde; favorece a normalização dos níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia; previne doenças cardiovasculares e atenua a evolução da osteoporose. Além disso, também libera endorfinas, os famosos hormônios da felicidade, fazendo com que o indivíduo se sinta com mais energia para as atividades diárias e de trabalho, bem como melhorando a qualidade do sono e o próprio humor.

Porém, para quem está sedentário e quer começar a praticar alguma atividade física, a médica recomenda que quem queira começar, deve procurar um médico para ver o padrão cardiorrespiratório e, posteriormente, um profissional de educação física que possa orientar as atividades de acordo com as condições físicas. Ela também alerta para os cuidados de se realizar a atividade com regularidade, pois há quem queira fazer atividades muito desgastantes num curto período de tempo e isso pode causar uma lesão ou um trauma, ao invés de trazer benefícios.

Assim, após uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade física, combinar uma alimentação equilibrada à prática regular de exercícios como, por exemplo, caminhada diárias de 30 minutos é uma boa opção para começar. A hidratação e a escolha da roupa adequada também ajudam nesse processo. A boa notícia é que não é preciso se matricular em uma academia para deixar de ser uma pessoa sedentária.

Para começar a se mexer, a recomendação é adotar pequenos hábitos no dia a dia. O primeiro passo é encontrar algo que a gente gosta, assim teremos mais chances de nos manter ativos com essa atividade. Além disso, simples ações podem ser inseridas no dia a dia para ajudar a ter uma vida mais saudável. Algumas dicas são:  

Com a atribulada realidade vivenciada pela grande maioria da população mundial, o tempo se tornou o maior empecilho para a prática de uma atividade física. Entretanto, precisamos (pelo menos, eu preciso) nos conscientizar de que a adoção de um estilo de vida mais saudável, com menor ingestão de calorias e aumento das atividades físicas é extremamente necessário para evitarmos os inconvenientes riscos do sedentarismo. 

Como existem muitas opções de atividades, desde uma simples caminhada até a natação, passando pela musculação e outros esportes, planejar demais, esperar por isso ou por aquilo pode nos desmotivar e fazer com que a gente nunca comece. O jeito é não dar margem às indecisões, vestir um agasalho, calçar um tênis confortável e começar fazendo uma bela caminhada. Eu, pelo menos, não tenho mais desculpa para procrastinar!! E você, já praticou alguma atividade física hoje? “Bora” se mexer, pois tudo leva a crer que “quem não se movimenta, se trumbica”!!! Rs.

~ Bia ~

Mais do que flores e chocolates

Fonte: Guia da Semana

Se tem uma data comemorativa que se destaca no mês de março, ela é, sem dúvida, o Dia Internacional da Mulher. O dia 8 de março é celebrado mundialmente para reconhecer as conquistas sociais, políticas e culturais das mulheres, sendo a data escolhida pela ONU para chamar a atenção sobre a necessidade de acelerar os movimentos em direção à igualdade de direitos e de condições em relação aos homens, visto ainda levar, de acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, mais de 100 anos para que a equidade em áreas como participação econômica, educação, saúde e empoderamento político, realmente aconteça.

Embora ainda tenhamos que enfrentar os resquícios das heranças do sistema social patriarcalista, com o passar das décadas, graças às conquistas heróicas de muitas mulheres que lutaram bravamente pelo direito ao voto e pelo fim da discriminação, especialmente no trabalho, a mulher vem conseguindo ampliar o seu espaço nas estruturas sociais, deixando de lado a figura de mera dona de casa e assumindo cargos importantes, tanto em empresas como nas estruturas governamentais de diversos países.

No entanto, apesar da presença cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho, ainda há uma desigualdade no que se refere à diferença de gêneros. A mulher, em muitos perfis familiares, acumula as funções trabalhistas, domésticas e até maternais, ficando, muitas vezes, extremamente sobrecarregada diante de tantas responsabilidades. Além disso, convenhamos que o número de mulheres ocupando cargos de nível superior nas empresas ainda é bem menor, sem levar em consideração que o salário é proporcionalmente inferior à remuneração dos homens na sociedade atual.

É por conta dessa desigualdade ainda latente, fruto de um passado que ainda deixa os rastros, que se faz necessário continuar lutando pelos direitos femininos. Não por acaso, a influência do feminismo vem se expandindo cada vez mais, apesar do fato de muitas pessoas “torcerem o nariz” acerca desse movimento, acreditando que feminismo é o oposto de machismo ou que as mulheres feministas lutam contra os homens, entre outros equívocos. Não!!! A luta feminista é pela igualdade entre mulheres e homens na sociedade, é contra o machismo e o patriarcalismo, buscando acima de tudo, a liberdade individual pois, dentre os problemas vivenciados pelas mulheres, a violência continua firme e forte pairando em muitos lares mundo afora. Ainda que leis específicas como a “Lei Maria da Penha” e as Delegacias da Mulher tenham sido criadas no Brasil, são numerosos os casos de agressões no ambiente domiciliar, assédio, estupro, assassinatos, entre outros. 

Diante dessa polêmica, você sabia que o Dia Internacional da Mulher tem, anualmente, um tema específico para homenagear essa data? Esse ano o tema é: “DigiALL: Inovação e tecnologia para a igualdade de gênero” pois, de acordo com a ONU,  37% das mulheres não utilizam a Internet e 259 milhões têm menos acesso ao universo tecnológico do que os homens, apesar de representarem quase metade da população mundial. 

Desse modo, como nossas vidas dependem de uma forte integração tecnológica, tais como assistir a um curso, ligar para entes queridos, fazer uma transação bancária ou marcar uma consulta médica, onde tudo passa por um processo digital, trazer as mulheres para a tecnologia resulta em soluções mais criativas e têm maior potencial para inovações que atendam às necessidades das mulheres e promovam a igualdade de gênero. 

Neste sentido, segundo a ONU Mulheres, “uma abordagem sensível ao gênero para inovação, tecnologia e educação digital pode aumentar a conscientização de mulheres e meninas sobre seus direitos e engajamento cívico”, uma vez que os avanços na tecnologia digital oferece imensas oportunidades para enfrentar os desafios humanitários e de desenvolvimento e para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Infelizmente, as oportunidades da revolução digital também representam um risco de perpetuar os padrões existentes de desigualdade de gênero, de forma que essas crescentes desigualdades tornam-se cada vez mais evidentes no contexto das competências digitais e do acesso às tecnologias, com as mulheres a serem deixadas para trás como resultado desta divisão digital de gênero. Assim, a necessidade de tecnologia inclusiva e a educação digital é, sobretudo, crucial para um futuro sustentável.

Por todos esses motivos, não obstante as mulheres venham se projetando cada vez mais no cenário socioeconômico e político mundial, sendo uma centena delas, conforme a Revista Forbes, listadas como as mulheres mais poderosas do mundo, existem ainda muitos e muitos obstáculos a serem enfrentados. É preciso combater a cultura machista e aqui faço uma ressalva, pois isso não quer dizer, de forma alguma, “combater os homens”, mas sim melhorar o acesso das mulheres a postos de trabalho e cargos elegíveis, promover melhores salários, efetivar o direito da mulher sobre o seu próprio corpo e sobre a sua liberdade individual, além de promover a proteção de muitas mulheres que continuam sendo ameaçadas no seu dia a dia. Como podemos verificar, os desafios são gigantescos, mas quanto menor for a resistência das pessoas no sentido de questionar ou combater as pautas femininas, mais ampla será a efetivação de uma sociedade mais igualitária. Trata-se de uma missão a ser concluída por toda a sociedade, tanto pelas mulheres quanto pelos homens.

Posto isso, como comemorar o Dia Internacional da Mulher? Apesar de não ser uma data comercial, o Dia Internacional da Mulher deve, sim, ser comemorado. Afinal, quem não conhece uma mulher especial? Por isso, além de receber flores e/ou chocolates, a maioria das mulheres apreciam serem reconhecidas, porque todo dia, na verdade, é Dia da Mulher e clamamos, sim, por justiça, respeito e dignidade!!! 

~ Bia ~

O Poder da Oração

Fonte: Conhecimentos do Pai

Já estamos no final do primeiro trimestre do ano e nos deparamos com mais uma data comemorativa que leva à reflexão. Celebrado na primeira sexta-feira de março em mais de 170 países, o Dia Mundial da Oração ajuda a fortalecer a importância da religião no cotidiano das pessoas, além de promover o aumento de obras missionárias e doações de civis a entidades religiosas que desempenham projetos sociais. Porém, é relevante destacarmos que essa data não é direcionada apenas a uma religião, mas para todos os credos que se utilizam das orações para a realização de obras benéficas para toda a humanidade.

Segundo o Calendarr, o Dia da Oração teve a sua origem no século XIX, através de um grupo de mulheres cristãs dos Estados Unidos e do Canadá que se propuseram a conscientizar as pessoas de que o ato de orar ia além de proferir palavras ou fazer penitências, mas também agir efetivamente no auxílio de causas sociais. Compartilhando dos mesmos ideais, grupos femininos de diversas outras denominações cristãs como batistas, anglicanos e presbiterianos, também foram estabelecendo dias para orar pelas missões de suas próprias igrejas. Entretanto, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), diante da caótica realidade de que o mundo estava sofrendo dos mesmos problemas, muitas associações femininas se uniram para criar um dia especial onde se orasse por todos aqueles que necessitavam de auxílio, surgindo-se, assim, na década de 20, o Comitê do Dia Mundial da Oração, que ficou encarregado de elaborar uma liturgia específica para este dia. Em 1968, ficou estabelecido que a cada quatro anos o Comitê Internacional do Dia Mundial de Oração se reuniria, em prol da expansão desse movimento. 

Após esses esclarecimentos que justificam a criação de uma data comemorativa, vamos divagar sobre a oração propriamente dita. Afinal, o que é orar? Orar é falar com Deus, de sermos sinceros sobre nossas preocupações e necessidades, ainda que Ele já saiba o que se passa em nossa vida e em nossos corações. Aqueles que, assim como eu, conversam diariamente com Ele, também têm a liberdade de pedir em favor dos outros, pois temos a fé de que Ele pode intervir e transformar toda e qualquer situação.

No entanto, para muitos, a oração é simplesmente um ritual religioso. Às vezes, a visão da oração pode ser bastante limitada, não levando em conta uma série de benefícios que a conexão diária com Deus pode nos proporcionar. Mas, qual a importância da oração? Por que é necessário orar? 

Porque quem busca forças na oração, renova-se diariamente, consciente de que, mesmo em meio à imensidão de compromissos profissionais e pessoais, ter contato com Deus por alguns minutos é fundamental para construir uma vida plena em todos os sentidos, seja mental, física ou espiritual. Assim, quando criamos o hábito de orar, devemos orar sempre com o espírito de gratidão por tudo que temos, pois ao sermos gratos, o cérebro cria novos neurotransmissores que nos dão mais motivação, mais bem estar e serenidade. Afinal, ter uma postura de gratidão, como já mencionado em um dos posts anteriores, é a chave para viver uma vida feliz e abençoada.

Quando oramos de forma sincera e autêntica, renasce dentro de nós a esperança, o otimismo e a vontade de viver, pois a oração tem o poder de nos levar a um profundo sentimento de alegria e satisfação, capaz de trazer Deus ao cenário de nossa existência, reconhecendo que Ele ajuda a superar os sofrimentos, os infortúnios e as contrariedades da vida. 

A oração faz sim, um bem “danado”, fortalecendo nossa fé e a nossa caminhada neste mundo, proporcionando-nos inúmeros benefícios, principalmente para a nossa saúde. Isso mesmo!!! A oração reflete no corpo humano e segundo Dr. Don Colbert, médico cristão e pesquisador, “a oração pode ter um efeito a longo prazo positivo, chegando realmente a reprogramar e reconstruir o cérebro”. Ele ainda afirma que os pesquisadores, por meio da ressonância magnética, têm conseguido “observar mudanças fisiológicas que ocorrem nos cérebros daqueles que oram regularmente”. De acordo com as pesquisas da Dra. Lisa Miller, diretora do Instituto de Espiritualidade para o Corpo e Mente, da Universidade Columbia (Estados Unidos), pessoas que costumam orar com frequência tendem a ter um córtex cerebral mais espesso, que é associado ao menor risco de depressão, ansiedade e estresse. Até mesmo diversos outros cientistas concordam que orar ou meditar tem o poder de aliviar as preocupações, pois como nossa “alma” se alimenta daquilo que oferecemos, ao orarmos, fortalecemos nossa vida contra os vírus que querem a todo custo destruir nosso sistema imunológico espiritual.

Neste sentido, a oração realmente nos fortalece e nos ajuda a superar as dificuldades da vida, pois ela tem o poder de acalentar, apaziguar, encorajar e despertar novas esperanças. Quando iniciamos uma vida de oração, descobrimos que a felicidade é fruto do amor infinito de Deus por nós e como ela tem o poder de restaurar corações e transformar vidas. Da mesma forma, quando deixamos de orar, nossa alma desfalece e, gradativamente, nossa fé diminui. Quanto mais oramos, mais estamos unidos a Deus e maiores são os efeitos da oração em nossa vida.

Ainda que muitos enxerguem a oração dentro de uma doutrina, não é necessário seguir uma religião para orar. Para Bruno Gimenes, cofundador da instituição Luz da Serra, não importa o caminho religioso que a pessoa tenha escolhido, a oração é um meio universal de se conectar com o planeta, com um Deus ou, até mesmo, um momento de introspecção e autoconhecimento. “Palavras que proporcionam alívio para um sofrimento ou com o objetivo de ter paz interior são bem-vindas, independentemente de credo. Há religiões que seguem ritos, mas o que importa é a busca interior por respostas que, muitas vezes, vêm em momento de oração e meditação.”

Enfim, diante do exposto, verificamos que a oração, tem sim, o poder de  nos ajudar de diversas maneiras, mas eu acredito que o verdadeiro benefício da oração não é a saúde, nem a paz interior, nem o equilíbrio, tampouco a eficiência no trabalho ou a prosperidade econômica. Tudo isso pode nos beneficiar em determinadas circunstâncias; todavia, a essência da oração, é a profunda gratidão à Deus pela nossa existência, pois sem Ele, nenhum benefício se reverte para o nosso bem. Os milagres divinos se manifestam diariamente em nossas vidas e quando agradecemos, Deus, em sua onipotência, nos presenteia com muito mais do que esperamos.

Encerro este post com o pensamento de Mahatma Gandhi: “Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma. Como o corpo que se lava não fica sujo, sem oração se torna impuro”. Portanto,  não vamos deixar para amanhã, a oração que podemos fazer hoje! Afinal, o Ministério da “Criação Humana” adverte: orar faz muito bem para a saúde e não é proibido para menores de 125 anos!!!

~ Bia ~

“Hinamatsuri”: Dia das Meninas no Japão

Fonte: Caçadores de Lendas / Japão

Assim como o Dia dos Namorados (Valentine’s Day e White Day) é comemorado separadamente, o Dia das Crianças também é celebrado em diferentes datas no Japão. Desse modo, a festividade alusiva ao Dia dos Meninos (“Kodomo no Hi”) é no dia 5 de maio e hoje, 3 de março, é o dia em que os holofotes estão direcionados exclusivamente às meninas.

Simmm! Hoje é o Dia das Meninas, conhecido por “Hinamatsuri” e também como “Momo no Sekku” (Festival de Flores de Pessegueiro), por coincidir com a primeira floração dessas árvores, indicando o término do inverno e o início da primavera, cujas belas e delicadas flores simbolizam um matrimônio feliz para as futuras donzelas. É uma das tradições mais bonitas do Japão, pois é o dia que as famílias que têm filhas pequenas, pedem às divindades por saúde e boa sorte, vestindo-as com kimono, para receberem suas amiguinhas para um lanche, para cantarem e se divertirem.

Fonte: Caçadores de Lendas / Japão

Neste festival, as famílias costumam decorar suas casas com bonecas típicas chamadas “hina ningyo” pois muitas creem que essas bonecas têm o poder de proteger as meninas de doenças, acidentes e espíritos malignos. Essa antiga crença de que os infortúnios podem ser transferidos para as bonecas começou no Período Heian (794 – 1185), onde o ritual consistia em colocar uma boneca feita de palha ou papel no corpo da menina, para que o “mau-olhado” passasse para a boneca sendo, então, colocada em um pequeno barco de palha e enviada às águas do rio. Através dessa prática, conhecida como “Hina Nagashi”, acreditava-se que todos os maus fluidos seriam levados pela correnteza. 

No entanto, durante o Período Edo (1603 – 1868), ao invés de cultuarem o “Hina Nagashi”, as famílias optaram por colocar as bonecas “Hina” em exposição por um curto período de tempo em suas próprias casas, fazendo oferendas e orando pelo crescimento saudável e pela felicidade das meninas. Com o passar dos tempos, as bonecas de palha foram substituídas por luxuosos bonecos de cerâmica, considerados atualmente como herança de família, cujas valiosas peças são cuidadosamente embaladas e guardadas para serem novamente expostas no próximo ano. 

De modo similar aos presépios que são montados na época do Natal, em meados de fevereiro, monta-se um “altar” forrado preferencialmente com um tecido de seda vermelha, onde um sofisticado conjunto de bonecos ficam expostos sobre uma plataforma de cinco a sete degraus (Hina-dan), que representam a antiga Corte Imperial japonesa. Além dos bonecos, pequenos utensílios e peças de mobiliário são dispostos nos andares inferiores do altar, assim como pequenas árvores “Ukon no Tachibana”, uma miniatura de laranjeira, que fica sempre à direita e a  “Sakon no Sakura”, árvore de cerejeira, que fica à esquerda sendo, muitas vezes, substituída por um pessegueiro, posto que seja a estação do desabrochar de suas flores, o que faz desta exibição uma verdadeira produção artística.

Fonte: Coisas do Japão

A disposição dos bonecos segue uma hierarquia que representa o Palácio Imperial, sendo expostas na seguinte ordem:

• O topo é reservado ao Imperador (O-Dairi-sama) e a Imperatriz (O-Hina-sama) ricamente trajados, sentado diante de um biombo dourado e iluminado por duas lanternas (bom-bori); 

• Na sequência figuram três damas da corte, representando a aristocracia;

• O terceiro nível  é composto por cinco músicos que representam os artistas e literatos;

• Em seguida, dois ministros que representam os funcionários do governo, religiosos e as oferendas;

• No quinto nível,  três samurais simbolizam a classe guerreira e os domínios feudais;

• No sexto nível são dispostos objetos usados na Corte, como miniaturas laqueadas de móveis, baús para quimonos, penteadeira, caixa de costura, utensílios para a cerimônia do chá, entre outros;

• Por fim, no sétimo nível encontram-se os objetos usados pelo povo em geral, tais como miniaturas laqueadas de carroça de boi, palanquim, caixas empilháveis, carroça de flores, etc.

Fonte: Yawataya Ningyo Center

No entanto, manter-se em dia com essas tradições está ficando cada vez mais difícil para muitas famílias japonesas. Devido à falta de tempo, altíssimo valor das delicadas peças (o conjunto completo de bonecos custa de 3 a 5 mil dólares) e também pela falta de espaço, muitas famílias vêm optando por modelos compactos com 5 ou 3 plataformas ou menores ainda, contendo apenas a Imperatriz e o Imperador. Porém, qualquer que seja a escolha, os bonecos devem ser guardados imediatamente após o festival, mais precisamente no dia 4 de março, pois existe a superstição de que manter os bonecos por mais tempo resultará em um casamento tardio para as filhas.

Fonte: Kodawari Times

Como em muitos outros feriados, no “Hinamatsuri” as famílias japonesas também apreciam pratos especialmente elaborados para essa ocasião. Um dos mais populares é o Chirashizushi, que é uma tradicional iguaria japonesa composta por arroz levemente ácido, com uma variedade de ingredientes, incluindo vegetais como raízes de lótus, omelete em tiras e frutos do mar que são espalhados por cima do arroz. 

Fonte: Kodawari Times

Outro prato muito apreciado é o “Hamaguri Ushio-jiru”, uma sopa que contém mariscos como ingrediente principal, cujas conchas simbolizam a união e a tranqüilidade de um casal, pois apenas duas conchas simétricas podem se encaixar perfeitamente. Dizem que, assim como os flocos de neve, não há dois mariscos iguais. 

Fonte: Japankuru

Cremoso e levemente adocicado, oAmazake é uma bebida quente japonesa muito popular durante o Hina Matsuri como uma opção não alcoólica ao “shirozake”, ​​um saquê branco doce, que é tradicionalmente servido neste dia.

Coisas do Japão

Para a sobremesa, não podem faltar doces com tema de primavera, como o “Sakura Mochi”, bolinho de arroz recheado com feijão doce e enrolado em uma folha de cerejeira.

Fonte: Nippon.com

Outra sobremesa que também compõe o cardápio desta festividade é o “Hishimochi”, que é um bolinho de arroz com três camadas coloridas, em formato de diamante. Antigamente (Período Edo), acreditava-se que este doce estava associado à fertilidade.

Fonte: Coisas do Japão

No lanche da tarde, as crianças aproveitam para “beliscar” o “Hina Arare” que são  biscoitinhos coloridos à base de arroz, revestidos com açúcar, mas não muito doces e com  textura crocante. 

Fonte: Caçadores de Lendas / Japão

Diante de tanta formosura e gostosura, é inegável que o Dia das Meninas no Japão é um evento marcado pela graça e beleza, tanto da homenageada, vestindo o tradicional kimono, como dos preciosos bonecos em seus riquíssimos trajes cerimoniais. E… como não poderia deixar de ser, tudo alinhado às delicadas flores, que representam os traços femininos de gentileza, serenidade e tranquilidade, indispensáveis neste dia. Apesar de estar tão distante da minha princesinha Lia, que acabou de completar 7 meses, escrevi este post dedicado à ela pois, mesmo não estando presente neste momento, chegará o dia em que farei uma linda festa para comemorarmos juntas o “Hinamatsuri”!!! 

Você já conhecia esse belíssimo festival? Que tal homenagear todas as meninas, ouvindo a antiga e popular canção alusiva à essa data? A canção é ‘Ureshii Hinamatsuri’ (Feliz Dia das Meninas) e, para acessá-la, é só clicar neste link, ok?

~ Bia ~

“Não sois máquinas, homens é que sois…”

Fonte: Pulsar

É com essa indelével frase de Charles Chaplin que vou começar a discorrer sobre o Dia Mundial de Combate às Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Hoje, 28 de fevereiro, é a data escolhida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT),  agência multilateral da Organização das Nações Unidas (ONU), especializada nas questões do trabalho, para chamar a atenção para esses distúrbios que têm relação direta com o trabalho e que atingem milhões de trabalhadores.

Mas, você sabe o que é LER/Dort?

Para entendermos melhor, é preciso esclarecer que em relação ao trabalho propriamente dito, quando algumas precauções não são tomadas, alguns distúrbios podem aparecer, como a LER (Lesões por Esforços Repetitivos), que está inclusa em um grupo de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Apesar de ser menos conhecido do que a LER, o termo Dort foi introduzido para substituí-la, pois existem outros tipos de sobrecarga no trabalho que podem ser prejudiciais, como excesso de força, vibração constante de algum objeto de trabalho e as posturas inadequadas para a execução das tarefas, que também são nocivas ao trabalhador.

Fonte: Suzanclin

Dentre alguns distúrbios mais frequentes estão as tendinites (principalmente na região do ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias (dores musculares em vários locais do corpo), podendo afetar pessoas de diferentes idades e passíveis de acometê-las em qualquer tipo de trabalho que seja executado de forma inadequada ou que não respeite os limites do corpo. A constituição física também é um fator de risco, precisando ser investigados cuidadosamente, uma vez que podem ser resultado de condições relacionadas ao trabalho somadas às condições extra laborais.

Apesar dos sinais de LER serem identificados desde a Antiguidade, foi a partir da Segunda Revolução Industrial, em 1850, ocasião em que os trabalhadores começaram a adquirir importância socioeconômica, que seu “adoecimento” começou a ser objeto de estudo por parte da ciência, proliferando-se assim, descrições de trabalhadores com casos de LER/Dort.

Neste contexto, o filme Tempos Modernos (1936) retrata extraordinariamente a condição do homem naquele período, como uma peça dentro de um mecanismo industrial, em que Carlitos, o personagem de Charles Chaplin, passa longas horas desempenhando uma mesma tarefa na linha de produção e mostrando que a não adaptabilidade ao ritmo da esteira, simboliza a submissão do homem ao ritmo imposto pela máquina. Ao mesmo tempo, no momento em que ele sai do ambiente de trabalho, reproduzindo o mesmo movimento realizado na esteira fabril, mostra como a especialização do trabalho impõe uma repetição que anula completamente o significado do trabalho em sua vida. Em outros termos, o homem se transforma em uma mera extensão da máquina.

Fonte: Viewpoint Magazine

Mesmo sendo bastante cômicas as situações encenadas no filme, podemos ver que a sátira está atrelada a uma forte e consciente mensagem que desafiou a lógica do trabalho industrial, expondo que, dentre diversos problemas que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora, evidenciou-se a prevalência cada vez maior das LER/Dort, acometendo trabalhadores de diversos setores em todo o mundo onde, segundo o Ministério Público do Trabalho, registros de epidemias foram constatados na Inglaterra, países escandinavos, Japão, Estados Unidos, Austrália e Brasil. Conscientizar trabalhadores sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento é o remédio mais eficiente para minimizar essa “doença” profissional, de forma que, desde 2000, o último dia do mês de fevereiro é lembrado em vários países como o Dia Internacional de Conscientização sobre as LER/Dort.

Considerando que esses distúrbios pode atingir qualquer pessoa que execute determinado movimento repetidamente, como limpar a casa, carregar peso, tricotar, jogar videogame e, em voga, a digitação intensa que vem, atualmente, contribuindo para o aumento do número de casos de doenças ocupacionais, é interessante sabermos que dentre os principais sintomas de LER/Dort estão:

  • Dor localizada, especialmente nos membros superiores e dedos;
  • Dificuldade de movimentação;
  • Fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de diminuição, perda ou aumento de temperatura e sensibilidade;
  • Redução na amplitude do movimento;
  • Dificuldades para o uso dos membros, particularmente das mãos e, mais raramente, sinais flogísticos e áreas de hipotrofia ou atrofia.

De acordo com a Escola Paulista de Medicina, esses sintomas podem ser exacerbados ao realizar determinados movimentos, mas também é importante observar quanto tempo duram, quais atividades o agravam, qual a sua intensidade e se há sinais de melhora com o repouso, nos feriados, fins de semana, férias, ou não. Normalmente os sintomas iniciam de forma leve e pioram apenas nos momentos de pico de produção, no final do dia, ou no final da semana, mas se o tratamento não for iniciado e se não forem tomadas medidas de prevenção, existe uma piora do quadro e os sintomas se tornam mais intensos e a atividade profissional fica prejudicada.

Fonte: Freepik

Vale ressaltar que a demora em tratar do problema pode trazer um problema ainda maior, exigindo, em alguns casos, fisioterapia, intervenção cirúrgica ou, até mesmo, a troca do posto de trabalho pode ser uma opção para que a cura seja alcançada. Na fisioterapia, algumas orientações para o dia a dia envolvem opções de alongamentos, movimentos que devem ser evitados e o que se pode fazer em casa para se sentir melhor. Inclusive, uma boa estratégia caseira é colocar uma compressa de gelo sobre a articulação dolorida, deixando atuar por 15 a 20 minutos.

O tratamento em caso de LER/Dort é demorado, havendo períodos de grande melhora ou de estagnação, e por isso é preciso ter paciência e cuidar da saúde mental durante esse período para evitar o quadro depressivo, de modo que atividades ao ar livre como caminhada e corrida, exercícios como Pilates e hidroginástica são as opções mais recomendadas. Entretanto, o combate à LER/Dort é uma via de mão dupla, pois além dos ajustes no ambiente e da adoção de medidas preventivas como equipamentos adequados ergonomicamente por parte da empresa, as ações individuais também fazem a diferença. Como exemplo de cuidados, a fisioterapeuta Ana Fraga, professora do curso de Fisioterapia da Estácio, sugere boas práticas como:

  • Pausar as tarefas e fazer alongamentos nos períodos que não prejudiquem sua produção;
  • Trocar de tarefas ao longo do dia, evitando assim os esforços repetitivos;
  • Fazer pausas de 15 a 20 minutos a cada três horas, a fim de poupar os músculos e tendões;
  • Ingerir líquidos para que todas as estruturas corporais sejam bem hidratadas, o que diminui o risco de lesões.

Além desses cuidados, a Escola Paulista de Medicina recomenda manter sempre uma postura apropriada durante o horário de trabalho, com as costas eretas e bem apoiadas no encosto da cadeira, respeitar os limites do corpo, utilizar apoios ergonômicos para os punhos e pés durante a utilização do computador, manter o monitor na altura dos olhos para não ter que forçar o pescoço para baixo, utilizar cintas e outros acessórios de proteção fornecidos pela empresa ao executar tarefas que exigem força física, praticar exercícios físicos regularmente e manter um estilo de vida saudável.

Fonte: CIEE/PR

Assim, como forma de prevenção e contribuição para a qualidade de vida no ambiente de trabalho, a instituição aponta que a ginástica laboral também deve (ou deveria) ser executada no próprio local de trabalho, tendo como principais objetivos a prevenção das LER/Dort, a diminuição do estresse, dores musculares, fadiga, tensão muscular, aumento da consciência corporal, melhora do condicionamento físico, flexibilidade, coordenação e resistência, atuando de forma preventiva e terapêutica.

Diante do exposto, a falta de informação, tanto do empregador como do trabalhador, ainda é um forte obstáculo contra a prevenção das LER/Dort. Se de um lado, temos a falta de investimento em melhores condições de trabalho e do outro, o medo de perder o emprego, muitas vezes ocultando a dor até chegar à incapacidade laboral, precisamos ter em mente que, acima de tudo, não somos máquinas, mas pessoas “de carne e osso”. Como vivemos numa sociedade que busca evoluir de modo mais eficiente e produtivo, é fundamental “blindar” o nosso corpo e a nossa mente acerca dos processos mecânicos e repetitivos onde, vira e mexe, acabamos trabalhando como complemento de uma máquina. Vale a pena refletirmos sobre essa questão pois, como já comentei anteriormente, prevenir ainda é melhor do que remediar!!!

~ Bia ~