A água e a fábula do beija-flor

Fonte: Saneas Online

Sabemos que a vida neste planeta só é possível graças a presença de água, sendo de fundamental importância para o nosso corpo, que necessita de água para diversos processos, como a manutenção da temperatura corpórea e o transporte de substâncias. No entanto, segundo dados extraídos do Mundo Educação, 97,5% da água do planeta é salgada, não podendo ser usada para consumo humano, destacando-se que a pequena quantidade disponível, não é distribuída igualmente no mundo, existindo locais onde esse recurso é extremamente escasso. 

Além disso, a poluição causada pelas atividades humanas torna a água disponível imprópria para o consumo, fazendo com que, de acordo com a ONU, cerca de 2,1 bilhões de pessoas não tenha acesso à água potável, contabilizando 4,5 bilhões de pessoas a não terem acesso às instalações básicas necessárias para sequer lavar as mãos adequadamente. Já dá pra imaginar o quanto esse quadro é deveras preocupante, pois o hábito de lavar as mãos é indispensável para a prevenção de várias enfermidades, não é mesmo?

Como necessitamos de água para a sobrevivência, a ONU divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, sendo que neste documento são apresentados pontos importantes sobre esse recurso hídrico, destacando sua importância e a necessidade de sua preservação. Veja, a seguir, os principais pontos dos 10 artigos desta declaração:

  • Art. 1º – A água faz parte do patrimônio do planeta.
  • Art. 2º – A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
  • Art. 3º – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados.
  • Art. 4º – O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
  • Art. 5º – A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores.
  • Art. 6º – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
  • Art. 7º – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.
  • Art. 8º – A utilização da água implica respeito à lei.
  • Art. 9º – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
  • Art. 10º – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Neste sentido, em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que a água limpa e segura e o saneamento básico são Direitos Humanos. Entretanto, ainda falta muito para que todas as pessoas tenham esse direito realmente garantido.

Desse modo, não por acaso, mas objetivando promover a conscientização sobre a relevância da água para a nossa sobrevivência, a importância do seu uso sustentável e a urgente necessidade de conservação dos ambientes aquáticos, de modo a evitar a poluição e a contaminação, o Dia Mundial da Água foi criado no dia 22 de março de 1992, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. 

Desde então, a data visa conhecer mais sobre e discutir acerca das problematizações do uso da água, promovendo debates na sociedade e criando estratégias para a utilização consciente do uso da água. Assim, a cada ano, um novo tema é escolhido, de forma que os debates deste ano serão em torno do tema “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”, no intuito de discutir formas de acelerar mudanças para solucionar a crise global da água e saneamento, convidando as pessoas a repensarem suas atitudes em relação ao uso e consumo de água em casa, na escola, na comunidade, enfim, nas nossas vidas, assumindo o compromisso de mudanças nas ações diretamente relacionadas a esse imprescindível recurso natural.

Na chamada da data, a ONU questiona: “neste exato momento, em que estamos diante de uma crise global de água e saneamento, ficaremos parados e olhando ou vamos agir?” Diante deste dilema, a campanha deste ano está usando como estratégia de sensibilização, a fábula do beija-flor que ensina o poder da determinação frente aos obstáculos da vida. Você conhece essa história? A nível de reflexão, como achei interessante a associação do tema à fábula, vou transcrevê-la para que, aqueles que não a conhecem, possam compreendê-la, ok? Então, vamos lá!

Existe uma falsa ideia de que os recursos hídricos são infinitos, mas como comentei no início deste post, menos de 3 % da água do mundo é doce, da qual mais de 99% apresenta-se congelada nas regiões polares ou em rios e lagos subterrâneos, o que dificulta sua utilização pelo Homem. Estamos tão habituados à presença da água, que só damos conta da sua importância quando ela nos faz falta, mas isso precisa mudar. Além de ser o principal constituinte do corpo humano e essencial para o pleno funcionamento do organismo, a água é um elemento essencial para a sobrevivência de animais e vegetais na Terra, fazendo parte de inúmeras atividades dos seres humanos. 

A falta de água é uma ameaça, uma vez que ela é a fonte de vida. Preservar os recursos hídricos é preservar a nossa existência. A conscientização em relação à educação ambiental e atitudes simples do dia-a-dia fazem total diferença. Para isso é fundamental comprometermo-nos a usar a água com moderação, fazendo a nossa parte para evitarmos a contaminação dos ambientes aquáticos como, por exemplo, não lançando lixos nos lagos, rios, mares e oceanos, uma vez que o equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.

No cenário de crise de água e saneamento que enfrentamos atualmente, se cada um de nós reduzirmos um a dois minutos do tempo de banho diário, três a seis litros de água serão economizados. Se multiplicarmos este volume pelo número de habitantes de uma cidade, percebe-se que os resultados trazem impactos consideravelmente positivos. Enquanto cidadãos, ao firmamos um compromisso pessoal com o uso consciente dos recursos hídricos, estaremos ajudando a solucionar a crise sem precedentes da água. Como vimos na fábula, se cada um fizer a sua parte, por menor que seja, no final poderemos fazer uma enorme diferença nesta luta que é de todos nós. Afinal, pequenos gestos como a gota a gota do beija-flor, tendem a gerar excelentes resultados!!! 

~ Bia ~