Você já percebeu que no calendário de datas comemorativas existem diversas campanhas de conscientização que são representadas por meses coloridos? Essas campanhas são feitas ao longo do ano para conscientizar o máximo de pessoas possível sobre os temas abordados como, por exemplo, o Abril Azul (mês de conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Setembro Amarelo (mês de prevenção ao suicídio). Desse modo, não é de se estranhar que no mês de junho tenhamos 3 campanhas coloridas que merecem destaque: Junho Vermelho que incentiva a população sobre a importância da doação de sangue, Junho Verde voltado para as reflexões em relação às questões e desafios socioambientais e Junho Violeta, tema deste post, que incita contra a violência da pessoa idosa.
Isso mesmo! Dia 15 de junho marca o Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência Contra à Pessoa Idosa, visando sensibilizar a sociedade em prol do combate à violência contra idosos e a disseminação do entendimento da violência como violação aos direitos humanos. Para tanto, o Estatuto do Idoso, que regula os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, estabeleceu no Artigo 4 (quarto) que “nenhum idoso/idosa será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido, na forma da Lei”.
Não há como negar que o Brasil está envelhecendo. Para se ter uma ideia, segundo os dados da PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha, em 2022, mais de 31 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, perfazendo 14,7% da população total do país. Projeções apontam que em 2030 o número de pessoas idosas ultrapassará o número de crianças e adolescentes até 14 anos e em 2050, haverá duas vezes mais idosos do que crianças em terras brasileiras. Diante destes dados, é preciso promover ações para prevenir a discriminação e a violência contra idosos, uma vez que, de acordo com informações divulgadas pela Agência Brasil no início deste mês, “só nos primeiros cinco meses de 2023, o Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), recebeu mais de 47 mil denúncias de violência cometida contra pessoas idosas, que apontam para cerca de 282 mil violações de direitos como violência física, psicológica, negligência e exploração financeira ou material”.
Frente a esta crueldade, a campanha Junho Violeta tem como objetivo despertar a população, os governantes, as instituições públicas e também as instituições não governamentais, inclusive religiosas, para esta gravíssima questão que é a violência contra as pessoas idosas, que são e estão quase sempre fragilizadas física, mental, material e emocionalmente. Mas… Você sabe por que a violeta foi escolhida para ser o símbolo da luta contra a Violência ao Idoso? Porque o tema, deveras chamativo, sugere que, ao invés de se violentar um idoso, dê a ele uma violeta em sinal de gratidão por tudo que representa nesta existência. Afinal, a delicada violeta, além da sua singela beleza, é uma flor que carrega uma série de simbolismos e, dentre os muitos significados à ela associados, é considerada símbolo de sabedoria e conhecimento na mitologia indiana. Por isso, presentear nossos queridos “velhinhos” com um lindo vasinho de violetas é perfeito para expressar afeto e carinho, não é mesmo?
Desse modo, essa campanha nos leva à reflexão sobre a realidade que nos cerca, seja no ambiente familiar, na comunidade, nas igrejas, nas escolas, nos locais de trabalho, no transporte público, nos instigando a “botar a mão na consciência” se estamos ou não tratando nossos idosos e idosas com dignidade e com o devido respeito. Assim, é interessante saber que dentre os principais tipos de violência contra as pessoas idosas, a Secretaria de Educação do Governo de Santa Catarina aponta que a mais comum é a negligência, quando os responsáveis pelo idoso deixam de oferecer cuidados básicos, como higiene, saúde, medicamentos, proteção contra frio ou calor. O abandono vem em seguida e é considerado uma forma extrema de negligência. Acontece quando há ausência ou omissão dos familiares, ou responsáveis, governamentais ou institucionais, de prestarem socorro a um idoso que precisa de proteção. Outro tipo de violência é a violência física, quando a agressão física é usada para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, provocando ferimentos, dores, incapacidade ou até a morte. A psicológica ou emocional é a mais sutil das violências. Inclui comportamentos que prejudicam a autoestima ou o bem-estar do idoso, entre eles, humilhação, constrangimento, destruição de propriedade ou impedimento de que vejam amigos e familiares. Por último, a violência financeira ou material consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou o uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais”.
Posto isto, para que possamos compreender tais atrocidades, muitas vezes marcada pela tristeza e solidão que afetam principalmente os idosos que envelhecem na pobreza, na miséria e no abandono, é essencial abordar essa questão da violência contra essas pessoas em um contexto socioeconômico, político e institucional, não apenas combatendo a forma desumana em que vivem milhões de pessoas em sua fase final da existência, mas também resgatando a dignidade e qualidade de vida que eles merecem.
Precisamos e devemos, sim, ir além deste simples despertar de nossas consciências individuais. É necessário, de fato, lutar para que os direitos e garantias voltados à proteção das pessoas idosas sejam plenamente respeitados, cumpridos integralmente e não apenas objeto de estudos, seminários, discursos, orações e boas intenções, conforme enfatiza o sociólogo Juacy da Silva, uma vez que a violência contra a pessoa idosa é um problema que se agrava e se estende, gradativamente, nos dias atuais, prejudicando sua integridade física e emocional e impedindo, por vezes, o seu desempenho social.
Neste sentido, para lembrar a data, alguns órgãos governamentais como, por exemplo, a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, está iluminada pela cor violeta durante a segunda quinzena do mês de junho. Segundo o deputado Cobra Reporter, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Assembleia, a campanha Junho Violeta faz parte de um trabalho de conscientização da população para mostrar a importância de denunciar todo e qualquer tipo de violação dos direitos da pessoa idosa. Essa dura realidade de maus-tratos contra os idosos deve ser combatida. Para isso, ele destaca que informação e denúncia são fundamentais, alertando que o site http://www.defesadosidosos.org é uma importante ferramenta para queixas, reforçando que são prontamente encaminhadas para as autoridades competentes.
Portanto, como o Brasil caminha para ser um país de pessoas idosas, precisamos nos ater às políticas públicas e ações que protejam estas pessoas que tanto fizeram e continuam fazendo por todos nós. Afinal, respeitar é aceitar, acolher, amar e quando demonstramos, com afeição, o nosso querer bem aos idosos, mostramos o quanto valorizamos a nossa própria história pois, mais cedo ou mais tarde, também chegaremos na melhor idade. Assim, nada melhor do que subestimar o idadismo (atitude preconceituosa e discriminatória com base na idade, sobretudo em relação a pessoas idosas) que persiste nas relações sociais, familiares, no trabalho, em toda a parte. É preciso quebrar estigmas para que se possa garantir o pleno cumprimento dos direitos dessa parcela populacional que deveria ter, ao contrário do que acontece, cada vez mais visibilidade diante das incontáveis violações e aos absurdos abusos enfrentados dia após dia.
Enfim, devemos clamar pelo NÃO à violência pois respeitar o idoso é, acima de tudo, tratar o próprio futuro com respeito!
~ Dani ~
Perfeito Dani! O idoso é merecedor de todo o nosso respeito, afinal, almejamos chegar lá e esperamos que nos respeitem…vale ressaltar que…”colhemos o que plantamos”.
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