Nosso planeta pede socorro!!!

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) | Fonte: Direção-Geral da Educação

Discorrer no post anterior sobre os lixos plásticos que infestam os oceanos, impactando negativamente na sobrevivência dos habitantes marinhos, me deixou de “cabelos em pé” diante do futuro nada promissor que estamos deixando para as próximas gerações. Encerrei o artigo questionando o que fazer e, sabiamente, a Carmo deixou o seu comentário: 

É difícil encontrar uma solução, mas sabemos que a conscientização da população mundial seria o primeiro passo, né Bia! É necessário e urgente uma educação direcionada, mais rígida. Quiçá… nossos governantes venham a se importar com essa situação…

Exatamente!!! Penso da mesma forma e torço para que ainda dê tempo para salvar, não só os nossos mares e oceanos, mas o nosso planeta que carece de tanta consciência em relação à pegada ecológica.

Mas, o que é pegada ecológica?

Segundo um artigo do Me. Rodolfo Alves Pena, publicado no Brasil Escola, é um conceito criado para representar a relação entre o consumo, exploração e utilização dos recursos naturais e a capacidade do planeta em repor tais elementos naturalmente. Em outras palavras, significa a qualificação do planeta em suportar as atividades humanas e o que falta para garantirmos uma sociedade sustentável, ou seja, que utilize os recursos naturais sem comprometer sua disponibilidade para as futuras gerações. Refere-se também à quantidade de resíduos que produzimos em relação aos limites de quanto o planeta consegue absorvê-los e transformá-los em recursos ao longo do tempo.

Essa relação entre o uso de recursos naturais e produção de lixo, com a velocidade de reposição do planeta é chamada de biocapacidade. Um importante conceito que retrata o quanto o nosso planeta consegue suportar em relação às atividades humanas, sem perder seu espaço natural. Se o nosso nível de consumo for maior do que aquilo que pode ser reposto pela natureza, significa que estamos vivendo em uma sociedade não sustentável, representando uma ameaça à manutenção da vida no nosso planeta. E adivinhem? Segundo Pena, os cálculos realizados apontam que a biocapacidade do planeta é de 2,1 hectares por ano, enquanto o nosso consumo aponta para 2,7 hectares anuais, revelando, infelizmente, uma pegada ecológica negativa.

Algumas organizações ambientais e ONGs afirmam que se todos os países estivessem mantendo o mesmo nível de consumo das grandes potências econômicas, seriam necessários quatro planetas iguais ao nosso para manter uma biocapacidade equivalente. Por esse motivo, a despeito desses dados cada dia mais alarmantes, preciso “botarmos a mão na consciência” e buscarmos novas formas de reduzir o consumo, no intuito de garantir uma sociedade verdadeiramente sustentável em todo o globo terrestre. Razão pela qual, conforme mencionou a Carmo em seu comentário, é crucial que nossos governantes venham a se importar com essa situação. A boa notícia é que ainda resta um fio de esperança…

Isso mesmo! Diante deste quadro deveras assustador, a Organização das Nações Unidas inseriu a Agenda Mundial de Desenvolvimento Sustentável durante a Cúpula das Nações, em setembro de 2015. Na época, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desdobrados em 169 metas, se tornaram uma forma de provocar o mundo inteiro,  num esforço para que as pessoas e o planeta estejam interligados e caminhem para um mundo mais sustentável, garantindo que até 2030 todas as pessoas desfrutem de paz, sustentabilidade ambiental, justiça e igualdade.

Pode até parecer utópico, mas nesta Agenda acredita-se que a ação em uma área afetará os resultados em outra e o desenvolvimento deve equilibrar a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Neste sentido, estão previstas ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outros.

Vale ressaltar que apesar das dificuldades, os ODS têm um grande poder mobilizador, pois são uma agenda positiva, de oportunidades, e podem favorecer a maior articulação entre os diferentes setores e forças políticas. A discussão sobre financiamento, assistência técnica e descentralização de capacidades no território, o envolvimento de estados e municípios e a articulação entre governos, sociedade civil e setor privado são as questões decisivas para uma implementação bem sucedida. 

Trata-se, portanto, de um apelo que nasce da necessidade de engajar e conscientizar a sociedade a respeito de seu papel e dos esforços necessários para que o cumprimento da Agenda 2030 seja bem-sucedido, zelando, prioritariamente, para que o entendimento dos ODS perpassa a concepção de uma mera relação de aspirações e boas intenções, de forma que seja objeto de diálogos e esforços conjuntos, e que os objetivos e princípios que os fundamentam, sejam enraizados nas ações e condutas gerais de toda população mundial.

Para que possamos ter uma ideia da evolução desses objetivos, oito anos depois, muita coisa avançou, outras, nem tanto. Rodrigo França, presidente do Instituto de Desenvolvimento e Sustentabilidade Humana, avalia que alguns dos objetivos ainda exigem um esforço significativo para serem alcançados, citando que a mudança climática, por exemplo, é uma ameaça crescente para a realização dos ODS, já que pode agravar a pobreza e a fome e dificultar o acesso à água potável e saneamento. Entretanto, destaca que foi possível identificar progresso significativo em muitas áreas  e que, em termos gerais, um relatório das Nações Unidas de 2021 sobre os ODS aponta que antes da pandemia da COVID-19 houve avanços em diversas áreas como redução da pobreza extrema, avanços na educação primária, melhorias no acesso à eletricidade, no acesso à água potável e saneamento básico e um aumento substancial no investimento e na capacidade de geração de energias renováveis, como solar e eólica, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Contudo, apesar de algumas conquistas importantes, os 17 objetivos estão longe do ideal. Existem várias áreas em que as mudanças não avançaram o suficiente e que são consideradas urgentes.  Dentre elas, a disparidade na distribuição de renda e riqueza é um obstáculo para alcançar muitos dos ODS, sendo fundamental adotar políticas e medidas para reduzir as desigualdades e promover a inclusão econômica. A fome e a insegurança alimentar também estão aquém das expectativas, sendo essencial garantir o acesso universal a alimentos nutritivos e suficientes, promover práticas agrícolas sustentáveis e resilientes às mudanças climáticas, além de fortalecer os sistemas de produção de alimentos e as cadeias de abastecimento. A pandemia da COVID-19 destacou a importância da saúde global, evidenciando enormes deficiências nos sistemas de saúde e nas capacidades de resposta, mostrando a necessidade urgente de fortalecer os sistemas de saúde, melhorar o acesso a serviços de qualidade, incluindo a vacinação, a fim de garantir uma cobertura universal de saúde para todos.

Essas são apenas algumas das mudanças que não avançaram e requerem atenção prioritária, sendo importante lembrar que todos os ODS estão interconectados, e o progresso em uma área pode impulsionar em outras, uma vez que esforços coordenados e colaborativos são necessários para enfrentar esses desafios e alcançar os ODS até 2030, conforme destaca França no artigo da Exame. Posto isso, a concretização dos ODS dependerá, não apenas do compromisso dos governos, mas também do envolvimento de todos nós, cidadãos do planeta Terra. As crianças e os jovens são as prioridades nesta ação global de participação e a escola é, sem dúvida, a peça-chave para orientar acerca desta agenda global, inspirar e incentivá-los a participarem no desenvolvimento das comunidades.

Assim, também podemos contar com A Maior Lição do Mundo, uma iniciativa internacional que objetiva contribuir para a reflexão e ação no âmbito dos ODS, envolvendo todas as crianças e jovens na consciencialização do papel de cada um na construção de um mundo mais seguro, mais saudável e mais sustentável. Afinal, de acordo com a Unicef, crianças, adolescentes e jovens precisam de um espaço para se envolver com aqueles que vão colocar os ODS em prática. Os jovens podem ajudar a mudar sua própria vida e suas comunidades – elas têm ideias, energia ilimitada para a ação e maior participação no futuro. Capacitadas e fortalecidas pelo conhecimento e pela consciência dos seus direitos e das necessidades urgentes do mundo, elas podem garantir que os gestores cumpram os compromissos assumidos. Bela iniciativa, vocês não acham? 

Ainda mais neste momento crítico, em que a Guerra na Ucrânia vem intensificando as desigualdades globais, a Agenda 2030 e seus ODS permanecem como o caminho mais adequado a seguir, não apenas rumo à recuperação, mas à reconstrução de um mundo melhor, sem deixar ninguém para trás. Que possamos refletir de que maneira contribuir para não deixarmos ninguém para trás!!!

~ Bia ~