
Dando continuidade ao post anterior, onde falamos sobre Sedentarismo, como no início deste mês, mais precisamente no dia 4 de março, foi o Dia Mundial da Obesidade, achei por bem trazer esse assunto, pois ambos, na quase totalidade das vezes, costumam andar de mãos dadas.
Mas, o que é obesidade?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por definição, a obesidade é uma doença crônica, com o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo que pode prejudicar a saúde. A caracterização da obesidade depende de um parâmetro muito importante: o Índice de Massa Corporal (IMC) que é um índice simples que considera o peso e a altura da pessoa, comumente utilizado para classificar sobrepeso e obesidade. Apesar de ser um método prático e rápido, o IMC nem sempre é o mais preciso, pois desconsidera a distribuição de gordura no corpo e as proporções corporais, indicando que uma das formas de controlar essa limitação é também analisar, além do IMC, a circunferência abdominal. Nesse caso, medida igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres são sinais de alerta, principalmente para doenças do coração.
No entanto, combater a obesidade não é só uma corrida contra a balança e a fita métrica pois, apesar de muita gente achar que ela está associada apenas ao sedentarismo, a obesidade não pode ser simplesmente vista apenas como uma questão de “vencer a preguiça e a gula” ou até mesmo da “falta de vontade” em praticar atividades físicas. Por conta de uma série de fatores (hormonais, inflamatórios, medicamentosos e genéticos), pessoas obesas geralmente não se satisfazem com a mesma quantidade de comida que as pessoas de peso considerado adequado e, muitas vezes, se elas emagrecem, o cérebro entende que o corpo precisa poupar energia, o que acaba fazendo com que elas voltem a ganhar peso novamente. Estudos científicos também mostram que, nos últimos vinte anos, o número de crianças e adolescentes com obesidade e sobrepeso quase dobrou no mundo. Se essa tendência continuar, poderemos, daqui a alguns anos, ter mais casos de obesidade infantil do que crianças com baixo peso corporal.
Por que será que isso está acontecendo?
Além dos fatores acima mencionados, outros fatores também interferem na obesidade, como a situação socioeconômica e o ambiente em que vivemos, onde é possível verificar as drásticas mudanças causadas pela tecnologia no estilo de vida, principalmente dos mais jovens. As atividades e brincadeiras ao ar livre, por exemplo, perderam espaço para smartphones e jogos eletrônicos; e os hábitos alimentares também mudaram radicalmente, sendo que o estilo de vida “moderno” está levando milhões de pessoas a consumirem cada vez mais alimentos processados e os famosos “fast-foods”, mais e mais acessíveis ao consumidor. Deste modo, não é raro encontrarmos adultos, crianças e adolescentes consumindo cada vez menos alimentos saudáveis.
Quais são as causas da obesidade?
De acordo com a Sabin, a obesidade é uma doença que pode ser influenciada por múltiplos fatores, como a alimentação, hábitos de vida (tabagismo e consumo de álcool, por exemplo), sedentarismo, fatores psicológicos e sociais sendo, portanto, considerada uma doença multifatorial.
A causa fundamental da obesidade é um desequilíbrio energético entre as calorias consumidas e as calorias gastas. Ou seja, a pessoa ingere mais calorias do que seu corpo consegue gastar, fazendo com que o corpo, ao longo do tempo, vá armazenando toda essa caloria na forma de gordura, aumentando o peso corporal.
A partir desse conceito, fica bem mais fácil compreender que o principal fator influenciador para o desenvolvimento da obesidade é o sedentarismo (falta de atividade física) aliado ao consumo excessivo de alimentos calóricos e com excesso de gordura. Razão pela qual, diz-se que o desenvolvimento da obesidade está diretamente ligado a questões comportamentais e de estilo de vida.
No entanto, fatores genéticos que facilitem o acúmulo de gorduras também podem influenciar no desenvolvimento da obesidade. Afinal, nem toda pessoa sedentária e com uma má alimentação torna-se obesa.
Fatores psicológicos e ambientais também exercem influência, especialmente questões emocionais como o estresse, baixa autoestima, preconceito, depressão, ansiedade e insatisfação com o corpo podem desencadear uma compulsão alimentar, prejudicando a manutenção do peso corporal.
Alterações glandulares em crianças e adolescentes como, por exemplo, deficiência do hormônio de crescimento ou alterações na tireoide, também propiciam o aumento de peso. Por fim, a utilização de alguns remédios como antidepressivos, antipsicóticos e corticoides (recomendados contra alergias e inflamações) podem levar ao ganho de peso.
Desse modo, o excesso de gordura no corpo acaba desencadeando ou agravando muitas doenças, atingindo o coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo. Isso leva a uma série de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer, bem como problemas de saúde mental, sem considerar que pessoas com obesidade também têm três vezes mais chances de serem hospitalizadas devido à COVID-19.
Diante de todos esses “males”, a chave para prevenir a obesidade é agir cedo, de preferência antes mesmo de o bebê ser concebido. Uma boa nutrição na gravidez, seguida de amamentação até os seis meses de idade e continuada até dois ou mais anos, é ideal para todos os bebês e crianças pequenas, pois uma das formas mais eficazes de combater a obesidade é a mudança no estilo de vida, com hábitos saudáveis, ressaltando-se que intervenções medicamentosas só devem ser consideradas quando medidas não farmacológicas não surtem efeito, contribuindo para o controle da doença e diminuição das comorbidades. Se você, assim como eu, está acima do peso, vale a pena conferir algumas dicas legais para mudar o estilo de vida, clicando no site Saúde Não Se Pesa que é um movimento para conscientização sobre obesidade, organizado pela Novo Nordisk.
Como não existe uma fórmula mágica para tratar o excesso de peso sem adotar um estilo de vida saudável, com menos consumo de alimentos calóricos, prática regular de exercícios físicos e atividades de lazer que auxiliam na redução do estresse e, consequentemente, na perda de peso, caso seja necessário, é aconselhável consultar um profissional da saúde para uma avaliação de possíveis fatores que possam estar contribuindo para a obesidade e a busca por um tratamento e orientações que possam reduzir o fator causal do problema. Assim, se você tem interesse em saber se está acima do peso, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) disponibiliza uma calculadora de IMC, que calcula o resultado de acordo com peso e altura fornecidos e indica a sua classificação, bem como o peso ideal seguindo a tabela de referência. É só clicar aqui para fazer uma autoavaliação. Caso o resultado esteja alterado, é recomendável procurar um médico especialista para uma avaliação mais criteriosa e iniciar o tratamento mais indicado para seu caso.
Como acabamos de ver, falar sobre a obesidade vai muito além dos números da balança. A obesidade é realmente uma doença complexa, de origem multifatorial, com diversas causas envolvidas em seu surgimento, que podem ser de natureza individual, coletiva, social, econômica, cultural e ambiental, não estando relacionada apenas a atitudes e comportamentos individuais. Porém, vale lembrar que dentre as estratégias de prevenção e cuidado da obesidade para deter o avanço ou reduzir a prevalência da doença, é preciso manter hábitos saudáveis como alimentação adequada e uma vida mais ativa fisicamente, gerando maior qualidade de vida. Afinal, a prevenção sempre foi, é e será a melhor estratégia, e isso vale para qualquer doença!!!
~ Bia ~