“Kodomo no Hi” – Dia das Crianças no Japão

Fonte: LearnJapanese123

Desta vez os holofotes estão direcionados aos meninos!!! Nas vésperas do tão aguardado feriado de Golden Week, o Japão anuncia a chegada do Kodomo no Hi – Dia das Crianças, com as multicoloridas flâmulas em formato de carpas “Koinobori”, hasteadas em diversos locais para celebrar a felicidade e o bem-estar das crianças, assim como a esperança de que elas cresçam fortes e saudáveis.

O Kodomo no Hi, que será comemorado no próximo dia 5 de maio, faz parte do calendário deste feriado nacional e apesar de ser o Dia das Crianças, é tradicionalmente conhecido como Dia dos Meninos, pois as meninas, como mencionamos anteriormente, têm uma data especialmente dedicada a elas, o “Hinamatsuri”, cujas festividades acontecem anualmente no dia 3 de março. De certo modo, por ser o Dia das Crianças, tornou-se um feriado em que muitas famílias celebram a saúde e a felicidade tanto dos meninos como das meninas, sendo também um dia especial para que elas possam cultivar a gratidão às mães.  

Originalmente conhecido como “Tango no Sekku”, essa data era dedicada exclusivamente aos meninos e remonta ao período Nara (710-794), sendo que em 1948, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o governo japonês estabeleceu que fosse renomeado Dia das Crianças, para que se passasse a valorizar as crianças em geral, e não apenas os meninos. No entanto, ainda hoje a tradição prevalece, de forma que quando um menino nasce, seus pais ou avós costumam comprar (ou passar adiante) os elementos simbólicos dessa data festiva que compõem o altar montado com bonecos de guerreiros samurais (gogatsu ningyo), capacetes de samurai (kabuto), espadas (katana) e outros itens que faziam parte da antiga batalha nipônica, materializando valores como a persistência, a destreza marcial e a lealdade. Os bonecos, por sua vez, representam personagens folclóricos como Kintaro, Momotaro e Issun Bōshi, por simbolizar a força e a coragem dos lendários guerreiros samurais. Como o altar tem um preço relativamente elevado e ocupa espaço dentro das casas, muitas famílias estão optando atualmente por ornamentar suas casas apenas com o kabuto ou um dos bonecos, com o intuito de inspirar força e bravura, protegendo-os dos infortúnios e das doenças.

Fonte: Japan Sauce

No entanto, uma das tradições mais marcantes que comove a população e chama a atenção de qualquer turista estrangeiro, é a quantidade de Koinobori que se espalham nos ambientes externos como jardins, quintais e áreas públicas. Elas representam a energia, a força e a determinação das carpas que nadam contra as fortes correntezas do rio no período de desova, existindo até mesmo uma lenda sobre uma carpa dourada que nadou arduamente contra a correnteza e ao chegar rio acima, devido a sua coragem e persistência, transformou-se em um dragão. Tais atributos são vistos pelos japoneses como essenciais para que as pessoas superem as adversidades da vida, razão pela qual nas semanas que antecedem o Kodomo-no-Hi, o Koinobori é hasteado em todo o país para atrair essas características tão admiradas nas carpas, que passou a simbolizar o sucesso, a prosperidade, a longevidade e o desejo dos pais para que seus filhos cresçam fortes, corajosos e perseverantes.

Fonte: Coisas do Japão

No Koinobori, as cores e a disposição das carpas nas flâmulas tem um significado. No mastro, a carpa preta, que fica no topo da haste e é a maior de todas, simboliza o pai. Logo abaixo, a carpa vermelha, um pouco menor, a mãe e na sequência, a carpa azul, um pouco menor que a vermelha, costuma corresponder ao filho primogênito. Os outros filhos são representados por outras cores e tamanhos, de acordo com a ordem de nascimento, podendo ser verde, roxo ou rosa. Acima de todas essas cores, pode haver o fukinagashi, uma espécie de biruta (instrumento usado para mostrar a direção do vento) com cinco cores. Colocada acima da carpa preta, ela pode ter ou não o brasão da família na sua ponta. Para os japoneses, trata-se de um amuleto que simboliza proteção à criança.

Fonte: Just One Cookbook

Além desses adereços, como há pratos típicos em qualquer ocasião especial no Japão, é óbvio que no Dia das Crianças não poderia ser diferente. Dentre as iguarias servidas nesta data, uma delas é o chimaki, que são bolinhos de arroz cozidos no vapor, envoltos em folhas de bambu, por simbolizar a resistência às intempéries. O chimaki pode ser doce ou salgado, recheado com diferentes combinações de carnes e vegetais. Outra sobremesa bastante apreciada é o kashiwa mochi que é um bolinho de arroz feito com farinha de arroz recheado com doce de feijão vermelho (anko), cozido a vapor e envolto em folhas de carvalho, que por não perderem suas folhas antigas até que novas folhas comecem a surgir, representam a prosperidade da família, de geração a geração. E, para beber, o costume tradicional é saborear folhas de íris picadas e misturadas ao sakê, a tradicional bebida japonesa preparada a partir da fermentação do arroz.

Fonte: Just One Cookbook

Simmm… íris!!! A íris floresce no início de maio e é a flor que se destaca neste feriado para afastar todo e qualquer “mau olhado” nas crianças. Como a flor íris em japonês é shobu, e shobu também significa batalha, assim como os samurais costumavam tomar banho de imersão repleto de folhas de íris antes das batalhas, os japoneses acreditam que banhar as crianças com folhas de íris é extremamente auspicioso.

Fonte: Teniteo

Uma atividade muito legal que costuma fazer parte deste evento são os “origamis” de capacete de samurai. São feitos em diferentes tamanhos, mas o que mais entretém a criançada são os capacetes grandes, para que, ao colocá-los, se sintam como se fossem verdadeiros samurais. Essa diversão me levou às doces lembranças da infância, quando fazíamos, (eu, meus irmãos menores, meus primos e minhas primas) origamis de chapéus com jornais e depois de prontos, uma vez colocados em nossas cabeças, fazíamos a maior algazarra, marchando e cantando a famosa e antiga canção marcha soldado/cabeça de papel/se não marchar direito/vai preso pro quartel. Bons tempos!!!

Léo, Lia e Yan (Abr/2023)

Nostalgia à parte, escrevi este post pensando nos meus netinhos Yan e Léo, pois em março, no Dia das Meninas, prestei a minha homenagem para a minha princesinha Lia. Ao conversar com a Dani, minutos atrás, ela me mostrou uma foto do Léo quando estava com 1 ano e disse estar atônita pois daqui 3 meses ele irá completar 3 anos, me fazendo lembrar que o tempo está passando muito rápido e eu ainda não conheço nenhum dos meus netinhos pessoalmente. Apesar de estar distante, como eu os vejo praticamente todos os dias, acompanhando o desenvolvimento desde o nascimento, não tenho do que me queixar pois eles me proporcionam muitas e muitas alegrias através das nossas “videoconferências”. Aguardo, sim, o dia em que poderei abraçá-los carinhosamente e transmitir “ao vivo” o enorme amor e carinho que sinto por eles, mas enquanto esse dia não chega, é uma bênção ter a internet a meu favor numa hora dessas. 

Assim como as meninas tem uma canção dedicada a elas no Hinamatsuri, como não poderia deixar de ser, os meninos também têm uma canção dedicada a eles. Que tal homenagearmos todos os meninos, ouvindo a antiga e popular canção alusiva à essa data? A canção é Koinobori e para acessá-la, é só clicar neste link, ok?

Feliz Dia das Crianças! Feliz Dia dos Meninos!

~ Bia ~

Ser criança “para a vida toda”

O Dia das Crianças no Brasil é comemorado no dia 12 de outubro, sendo que na maioria dos países do mundo, as celebrações são realizadas em 20 de novembro por conta da oficialização, em 1959, da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959. Entretanto, mais do que programações especiais e festividades, vou aproveitar a oportunidade para fazermos reflexões sobre a importância de ser criança.

A primeira palavra que provavelmente faz referência à infância é crescer. Crescer e aprender!!! Mas eu acho que a palavra que melhor contextualiza essa fase da vida é “viver”. Viver o momento presente, viver as descobertas, viver os conhecimentos e viver as experiências. 

Afinal, é uma fase marcada pelas “vivências”, ou seja, pelas aprendizagens. É nesta fase que a criança descobre o mundo na qual está inserida e aprende sobre regras de convívio social, cooperação, comunicação e até mesmo a resolver os conflitos. 

No entanto, muitos de nós, passamos a infância e a adolescência ansiosos por nos tornarmos adultos, acreditando que seríamos muito mais livres e felizes, mas isso nem sempre acontece, não é mesmo? A fase da infância, “vapt vupt” desaparece como num passe de mágica e daí é comum encontrarmos adultos dizendo que não viveram o seu tempo de criança. É o caso de Orson Welles, famoso ator norte americano ao declarar: “Lutei para escapar da infância o mais cedo possível. E assim que consegui, voltei correndo pra ela”. Por esse motivo, penso ser importante conscientizar a criança sobre a importância de ser criança, de viver o presente, mostrando-lhe que esta é a verdadeira chave para que seja o adulto que quer e merece ser!

Assim, nada melhor do que ensiná-la que a fase da infância tem o seu tempo e que a essência de uma vida feliz vem de sabermos aproveitar o momento presente da melhor forma possível. Nesta fase, ao saber brincar, ela poderá desenvolver inúmeras competências e habilidades, tais como a imaginação, atenção, raciocínio, criatividade e socialização, que irão estimular a maneira de ser e agir na fase adulta. 

Viver no mundo da fantasia é estimular a imaginação e a criatividade e deve ser vivida intensamente enquanto criança. A fantasia tem um papel importante no desenvolvimento emocional, permitindo que ela veja realidades diferentes  e o mundo com “outros olhos”. Além disso, a fantasia proporciona um contato maior entre a criança e seus sentimentos e emoções, melhorando as habilidades de comunicação. Conforme ela vai se sentindo mais confiante e segura, os problemas de comunicação tendem a diminuir e ela poderá se transformar em um adulto capaz de expressar seus pensamentos e solucionar os impasses com muito mais facilidade. 

Viver na infância é também ensiná-las a desenvolver a responsabilidade. A criança, embora pequena, precisa aprender a cuidar de seus pertences, a responder por seus atos e a cumprir obrigações – todas, é claro, de acordo com a idade que possuem. Criança só com direitos e sem deveres pode se tornar “criança mimada” e, ao longo dos anos, pode desenvolver uma crença de que realmente não têm obrigações. Ao se tornar adulto, terá mais problemas em lidar com os desafios e as frustrações da vida. 

Desse modo, saber viver tudo isso e muito mais na infância é a chave para que ela seja “criança feliz para a vida toda”. E essa criança que brincou quando precisou brincar, que fantasiou quando precisou fantasiar, aprendeu a cuidar de seus pertences e “vivenciou” tantas outras coisas legais para se “curtir” na infância, é a essência do adulto que será quando crescer.

Por isso, precisamos ensiná-la o valor de ser criança “para a vida toda”. E nada melhor do que saber qual é a nossa essência para que possamos, também, ser crianças “para a vida toda”, não é mesmo? Feliz Dia das Crianças para todos nós!!!

 “O segredo da genialidade é carregar o espírito da infância na maturidade.” (Thomas Huxley)

~ Bia ~