À procura da felicidade

Fonte: Canção Nova

Quem diria que até a felicidade tem a “felicidade” de ter o seu próprio dia! Essa semana, mais precisamente no dia 20 de março, comemoramos o Dia Internacional da Felicidade. Instituído em 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) financia anualmente o Relatório Mundial da Felicidade, com indicativos medidos em vários países. A Finlândia lidera o ranking pela 6º vez consecutiva como o país mais feliz do mundo e o Brasil vem perdendo posições, sendo que de 16º lugar em 2016, foi para 41º em 2021, ocupando atualmente o 49º lugar. 

Mas… o que é felicidade?

Embora existam muitas definições para o que seja a felicidade, segundo a pesquisadora Carla Furtado, fundadora do Instituto Feliciência, o conceito de felicidade significa mais do que um estado de euforia ou alegria, afirmando que “a felicidade é uma construção feita ao longo da vida, baseada na percepção das emoções positivas que vivemos e no propósito de vida que temos”. Ela diz, inclusive, que é possível ser feliz mesmo em tempos nebulosos, a partir do momento que buscamos ativamente por coisas e pessoas que nos tragam sentimentos positivos, de pertencimento e conexão, apontando ser uma habilidade que adquirimos treinando todos os dias e que “ser feliz é esse caminho que vamos construindo, não o destino final”.

Nesse sentido, muitos cientistas sociais atribuem a felicidade a dois elementos: o equilíbrio emocional que diz respeito à quantidade de emoções e humores positivos vivenciados por uma pessoa e os níveis de satisfação que se referem à quão satisfeita essa pessoa se encontra com a sua vida. Assim, ao experimentarmos uma variedade de emoções, ser feliz também está associado à percepção geral sobre a vida. Se somos otimistas, é provável que mais sentimentos e emoções boas sejam experimentados no dia a dia. Em compensação, se enxergamos a vida como um estorvo, a tendência é estar rodeado de emoções ruins, pois raiva, tristeza e angústia são expressões claras de infelicidade. 

De acordo com a Vittude, a felicidade é um termo abrangente e pessoal, sendo que na Psicologia usa-se a expressão bem-estar subjetivo (BES), que engloba três aspectos:

  • Subjetividade: bem-estar conquistado através da experiência pessoal de cada indivíduo, envolvendo os eventos de vida, os relacionamentos interpessoais e a vivência diária. Sentir que possui um propósito de vida também proporciona felicidade. As pessoas precisam ver sentido em seus relacionamentos, planos e comportamentos, mesmo que sejam simples.
  • Satisfação: para o psicólogo Martin Selligman, a principal forma de medir a felicidade é analisar o seu nível de satisfação com a vida. Quanto mais satisfeitas as pessoas estiverem com todos os segmentos de suas vidas, mais bem-estar psicológico terão. 
  • Predominância do positivo: surge do prazer em fazer o que se gosta e de realizar desejos. Em ambas as situações, as pessoas ficam mais felizes ao satisfazerem as suas necessidades. Essas, por sua vez, dependem muito da personalidade, objetivos pessoais e crenças cultivadas desde os primeiros anos de vida. Algumas pessoas encontram a felicidade na simplicidade, enquanto outras somente estão felizes quando se desafiam e prosperam. 

Apesar das pessoas felizes possuírem mais familiaridade com esses aspectos, não é possível analisar as suas experiências de vida e torná-las uma referência universal, pois todos nós possuímos percepções diferentes sobre o que é felicidade. Por exemplo, para alguns, viajar pode ser a principal razão da felicidade, enquanto para outros, fazer trabalhos voluntários pode trazer uma imensa satisfação. Tomando-os como pressuposto, para analisar o nível de felicidade, a psicóloga Tatiana Pimenta sugere respondermos às seguintes perguntas:

  • Que experiências, hábitos, objetos e relacionamentos lhe fazem feliz?
  • Quão satisfeito você está com a sua vida?
  • Você sente mais prazer e alegria do que emoções negativas, como tristeza, medo e raiva?

Através das respostas, é possível pontuar quais aspectos da vida necessitam ser ajustadas. Por exemplo, se existe uma insatisfação com o trabalho atual, quais mudanças podem ser feitas para elevar o nível de satisfação? As pessoas felizes geralmente compartilham algumas características, cujos atributos também podem ajudar a responder a última pergunta, tais como:

  • risadas e sorrisos constantes;
  • reconhecimento da alegria diária;
  • facilidade em fazer amigos e manter relacionamentos;
  • postura benevolente e vontade de ajudar o próximo;
  • se colocar em primeiro lugar;
  • resiliência;
  • fé no futuro;
  • otimismo;
  • paciência;
  • assume responsabilidade por seus atos;
  • jogo de cintura no ambiente de trabalho;
  • habilidade de resolver conflitos. 

Por que é difícil ser feliz?

Nem todas as pessoas conseguem sustentar a felicidade por muito tempo ou encontrar motivos para rir. Às vezes, essa dificuldade pode estar associada a transtornos mentais nem sempre diagnosticados, como a depressão e a síndrome do pânico. Em outras, pode ser por conta da mentalidade cultivada por esses indivíduos, pois como mencionado anteriormente, uma parcela considerável do nosso bem-estar psicológico é afetado por eventos de vida e sentimentos. Assim, a psicóloga Tatiana Pinheiro argumenta que uma pessoa pode ter vivências incríveis, mas alimentar o tédio, a insatisfação e o medo, não conseguindo aproveitar as oportunidades que vão ao seu encontro. Em contrapartida, outra pessoa pode viver em um ambiente estressante e, ainda assim, encontrar motivos para sorrir. Ela consegue fazê-lo através da esperança e do bom humor. 

Querendo ou não, encontraremos situações desagradáveis em nossas vidas, de maneira que quando damos muita atenção para os elementos negativos, muitas vezes distante do nosso controle, pois envolvem atitudes de outras pessoas, decisões de governantes, ações do clima, avanço ou estagnação da economia global, entre outros fatores, acabamos por consumir informações de má qualidade e cercados de emoções negativas e, de quebra, as razões para ser feliz vão desaparecendo cada vez mais de nossa vida. Contudo, quando valorizamos os aspectos positivos, encontrar a felicidade deixa de ser um desafio, uma vez que, ao enxergarmos o lado bom de toda situação, somos capazes de superar grandes adversidades, de sentir satisfação e gratidão com o necessário, não se deslumbrando com o luxo e nem com a riqueza e de desenvolver bons hábitos. 

Posto isso, para não sermos afetados diante de acontecimentos ruins, a neuropsicóloga Juliana Gebrim orienta que “celebrar pequenas vitórias, por exemplo, mesmo as que passariam despercebidas, nos ajuda a focar no aspecto positivo da vida”, incentivando-nos à prática de atividades físicas para manter a saúde mental e emocional em dia. No caso das situações que provoquem muita angústia, ela aconselha buscarmos ajuda profissional, pois “a psicoterapia auxilia a encontrar a felicidade e alcançar bem-estar físico e emocional, além de ajudar a ter mais autoconhecimento, autoestima e confiança”.  

Então, como manter a felicidade no dia a dia?

Muito embora possa parecer utópico ser feliz o tempo inteiro, é possível ser feliz a maior parte do tempo. No intuito de dar o pontapé inicial na jornada pela felicidade, vale a pena dar uma “olhadinha” nas dicas da Vittude que nos ajudam a ser feliz: 

  • Agradecer pelos bons elementos presentes em nossa vida com constância é uma estratégia simples para elevar o humor e renovar a perspectiva sobre ela. Praticar a gratidão especialmente nos dias que sentir que nada dá certo vai fazer com que a gente se sinta bem melhor. 
  • Conhecer-se é essencial para ter uma vida feliz já que, através do autoconhecimento, conseguimos identificar exatamente o que gostamos e o que não gostamos. Então, nada melhor do que questionarmos quais fatores nos causam alegria e sensações boas, trazendo-os para a nossa vida, mas tomando o devido cuidado para não utilizá-los como mecanismos de gratificação, uma vez que podemos nos tornar dependente deles. 
  • Fazer boas amizades pois as pessoas querem ficar perto de quem é positivo para compartilhar a abundância de positividade. Assim, como as pessoas felizes têm mais facilidade e oportunidades de criar laços afetivos, a dica é fazer amizade com pessoas bem humoradas e aprender a ver o lado bom da vida com elas. 
  • Aprender a controlar as emoções para não sofrermos desnecessariamente. Sempre que sentirmos tristeza ou raiva, devemos refletir se realmente vale a pena se entregar às essas emoções. Com a prática, esse exercício simples pode nos ajudar a controlar as emoções com mais eficiência.

Como acabamos de ver, a felicidade pode sim, ser construída diariamente. Quando nos dispomos a isso, adquirimos mais qualidade de vida, resiliência e controle emocional. Afinal, nada melhor do que nos deixar levar pelo pensamento de Santo Agostinho, que enfatizou que a “felicidade é seguir desejando aquilo que já se possui”. Vamos, então, focar ainda mais na lista de agradecimentos do que na lista de desejos, como sugere Carla Furtado, e nos aproximarmos cada vez mais da felicidade ordinária, ao invés de procurá-la no extraordinário, pois a felicidade está basicamente em cultivar todos os dias uma mentalidade otimista perante tudo e todos!!!

~ Bia ~ 

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s