Saudade…

Fonte: Catho

Dá pra acreditar que até a saudade consta no calendário de comemorações? Simm… Hoje, 30 de janeiro, é o Dia da Saudade no Brasil. Mas, para que serve esta data? Para recordar a memória das pessoas que partiram, das que estão distantes, dos tempos bons, das lembranças da infância, entre outros.

A saudade é, sem dúvida, um sentimento marcante na vida de todo ser humano, pois demonstra como as pessoas que mais gostamos são importantes e essa data é justamente oportuna para homenagearmos as pessoas queridas que se foram ou para “matarmos a saudade” de entes queridos que estão distantes, nos remetendo à falta que algo ou alguém nos causa, bem como o sofrimento que essa privação pode, momentânea ou permanentemente, nos afetar. 

Desse modo, a palavra saudade, que pode levar ao sentimento misto de saudosismo e melancolia, está ligada a duas palavras do latim, com significados diferentes, porém contextualmente similares. A primeira se refere à palavra “solitate”, que significa solidão, ou seja, a sensação de estar sozinho, com lembranças daqueles que estão longe, ou mesmo a ausência de pessoas, objetos ou situações, podendo-se dizer que é, até mesmo, um sentimento nostálgico daquilo que não voltará mais. A segunda é a palavra “solitude” que está relacionada à saudade daqueles que esperam por alguém ou algo que partiu, porém que voltará um dia.

Segundo a psicóloga Zenilce Bruno, em depoimento ao portal O Povo, apesar de semelhantes, os sentimentos de saudade e nostalgia não são iguais e precisam ser entendidos para melhorar o autoconhecimento. Ela esclarece que a saudade assume caráter afetivo e pessoal. O termo é usado para descrever a falta que sentimos de ex-namorados, amigos, parentes e entes queridos que não estão mais conosco. A nostalgia costuma ser usada para relembrar uma época de vida, uma fase, viagens, uma música.

Como acabamos de ver, a definição de saudade é bem ampla, podendo significar tanto a nostalgia de uma comida que saboreamos no passado e sentimos falta, uma viagem que fizemos a um determinado lugar, como um sentimento mais profundo, quando nos referimos a algo mais pessoal como um ente querido que está longe ou alguém que amávamos mas que se foi.

Esse sentimento que aperta o peito, nos transportando para um tempo em que fomos felizes, trazendo, às vezes, até mesmo lembranças dolorosas, pode ser resgatado com um abraço, uma fotografia, uma lembrança, um encontro, uma ligação ou uma mensagem de carinho, pois como dizia o poeta Mario Quintana, “o tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.”

E o que nos faz parar no tempo?

Para mim, as boas lembranças das pessoas que, nas diversas fases da minha vida, foram cruciais para a construção da minha existência. Se fosse enumerá-las, a lista seria enorme, mas no topo estão meus avós paternos. Convivi com eles até os meus dezessete anos e tê-los por perto durante toda a minha infância e adolescência, recebendo imenso carinho e afeto, foi um enorme privilégio. Razão pela qual tenho muitas e muitas saudades dos bons tempos que passamos juntos.

Obviamente, sentimos falta de tudo que nos faz bem e como dizem que a saudade está relacionada a afetividade, dias atrás, ao ler o comentário da Carmo, mãe do meu genro Murilo, no post Rir é o melhor remédio e é de graça, citando seu pai, Sr. Henrique, fiquei muito emocionada pois ele, que sempre nos cativou pela sua alegria, candura e generosidade, partiu há dois anos, deixando uma enorme lacuna em nossos corações. Tenho certeza que a saudade que sente pelo seu querido pai, Carmo, é infindável, mas sabemos que ele continua presente em sua vida, apoiando e te protegendo, sempre com seu amável sorriso, te fazendo refletir acerca de toda sabedoria que ele te deixou e incentivando você a sorrir, principalmente nos momentos difíceis de sua vida.  

Assim, a saudade também me leva a navegar nas lembranças dos agradáveis bate-papos com o Sr. Henrique; do abraço aconchegante que só a Elisa Mieko conseguia dar; do olhar terno da doce lhasa Maggie que esteve tão presente na minha vida; da deliciosa coxinha de frango que só a Dona Teru, minha sogra, sabia fazer; da primeira vez que fui à praia e entrei no mar com o meu pai; da inesquecível viagem ao Japão com meus avós, enfim… de tudo aquilo que desponta em mim uma lágrima de tantos momentos felizes!!!

Sem contar que continuo sentindo saudades dos meus amigos e familiares, dos meus netinhos e das minhas filhas que moram longe, das viagens em família e de tantas coisas e de tanta gente que alimentam a minha eterna gratidão ao Universo por fazerem parte da  minha vida. E você? De quem e/ou do que tem saudades? 

Afinal, Fernando Pessoa declarava que “não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram”.

~ Bia ~