
Coincidência ou não, o Dia Internacional da Solidariedade Humana também é celebrado, todos os anos, no mesmo mês em que a Magia do Natal desperta no coração das pessoas, o espírito da solidariedade.
Exatamente hoje, 20 de dezembro, é a data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para destacar a solidariedade como um dos valores humanos fundamentais para o desenvolvimento adequado das relações nacionais e internacionais entre todos os tipos de pessoas. Este dia promove o auxílio às pessoas que têm menos benefícios por aqueles que possuem melhores recursos, principalmente econômicos. A maior ênfase dada à esta celebração é a erradicação da desigualdade e da pobreza.
Mas… o que é solidariedade? Por que dizemos que a sociedade precisa ser solidária ou que nós precisamos ser solidários uns com os outros?
O conceito de solidariedade é bastante complexo e aberto a inúmeras interpretações, que dependerão muito das experiências pessoais que cada um de nós vivenciamos no dia a dia. Conforme André Bakker do Instituto Aurora, “solidariedade é tanto um desejo quanto uma atitude. Um desejo ou atitude de uma pessoa ou grupo com o objetivo de ajudar ou apoiar outras pessoas, grupos ou causas. Esse desejo ou atitude é motivada por um sentimento de vínculo com essa pessoa, grupo ou causa”.
Vocês sabiam que por trás desse conceito, existe uma história de lutas sociais por direitos humanos? Segundo Baker, a fraternidade, que foi um dos ideais da Revolução Francesa (1789) através do famoso lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, é o primeiro nome associado à solidariedade. É nesse momento histórico que a versão que conhecemos dos direitos humanos começa a se estruturar, sendo que o princípio da fraternidade era que todas as pessoas fossem tratadas com igual respeito, para que a vida na sociedade fosse possível. Todavia, por conta de diversos conflitos sociais que eclodiram em alguns países da Europa durante a Revolução de 1848, conhecido por Primavera dos Povos, a fraternidade cedeu seu espaço à solidariedade, que passou a fazer parte do cenário político como uma bandeira dos movimentos sociais.
Assim, em razão das transformações que o mundo vem passando ao longo das décadas, não há hoje um conceito único acerca da solidariedade, podendo ter várias origens e significados, inclusive atribuindo à ela a responsabilidade que todos têm uns para com os outros. E, também, a responsabilidade que as nações têm uma para com as outras. Nesse sentido, ao instituir o Dia Internacional da Solidariedade Humana em 2005, a ONU destaca a importância de valorizar o papel das ações coletivas na superação de questões que ultrapassam as barreiras de cada país, como as doenças, as questões ambientais e climáticas e, em razão da globalização econômica, a pobreza e a miséria que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.
Diante desse ideal trazido pelas Nações Unidas, assumir a solidariedade como um princípio ou um valor para pensar a sociedade, é compreender que o ser humano não está sozinho. Vivemos em um sistema social que exige a participação de todos, tanto na política como na economia, que nos levam às relações de cooperação e reciprocidade. Nessa perspectiva, pelo fato de não vivermos isoladamente, desconectados uns dos outros, a solidariedade, conforme Franz Kafka, “é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.

À vista disso, querendo ou não, precisamos uns dos outros para sobreviver e o principal motivo que nos leva, muitas vezes, a não inserir práticas de solidariedade na rotina é a velha desculpa da falta de tempo. No mundo turbulento em que vivemos, parece impossível encaixar no dia a dia, mais uma atividade no meio do trabalho, dos cuidados com a família, filhos e amigos, dos projetos pessoais, da vida social, entre outros.
Mesmo sabendo que não é preciso mais do que algumas horas do fim de semana para visitar um asilo e compartilhar alguns momentos com quem precisa ou visitar um lar de crianças carentes e doar roupas, alimentos ou brinquedos, o que nos conforta é que também podemos praticar a solidariedade dentro dos ambientes em que estamos inseridos, como no trabalho, no condomínio ou no bairro onde moramos, pois em todo lugar existe um jeito de ser solidário.
A grande sacada, entretanto, é encontrarmos uma causa que nos inspire e que nos impulsione a continuar. Podemos começar adotando pequenos gestos que, pode não parecer, mas são extraordinariamente eficazes para transformar as pessoas e as circunstâncias em que elas se encontram. Até nas nossas escolhas diárias, como os alimentos que consumimos e os produtos que utilizamos, é um ato de solidariedade. Talvez, sem perceber, algumas ações solidárias já estão incorporadas no nosso cotidiano, tais como:
- Ajudar algum familiar em uma questão prática;
- Recolher o lixo de parques ou outros ambientes que frequenta;
- Ser doador de órgãos;
- Visitar doentes e idosos;
- Adotar um animal;
- Dedicar seu tempo a alguém que precisa;
- Juntar-se a grupos voluntários;
- Ajudar alguém a largar um vício;
- Doar roupas, alimentos, livros ou qualquer outro item para uma instituição;
- Ceder o seu lugar em transportes públicos;
- Consumir mais produtos de vendedores do seu bairro;
- Oferecer para fazer compras para alguém que não pode sair de casa;
- Dar aulas gratuitas sobre um assunto que você domina;
- Rezar e interceder pelo próximo;
- Ligar para alguém que está passando por dificuldades.
Deu para perceber que fazer o bem sem olhar a quem, não precisa estar relacionado com uma religião ou filosofia? Revigorar esse sentimento de empatia com todas as pessoas, independente se as conhecemos ou não, nos leva a crer que ajudar uns aos outros é condição sine qua non para o nosso bem-estar neste planeta. Afinal, como sabiamente expressa Alvaro Granha Loregian, “ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não precise receber”.
Para isso basta simplesmente “arregaçar as mangas” e começar!!! À medida que praticamos atos solidários, somos capazes de perceber o quanto agir pelo outro faz bem pois nos deixa mais alegres e motivados, melhorando a saúde física e mental, promovendo a autoconfiança e impulsionando o movimento do bem pelo bem.

Face a face com desafios globais sem precedentes, onde nos deparamos com drásticas mudanças climáticas e ecológicas, crises financeiras e econômicas, fome e doenças infecciosas, terrorismo e guerras que nos deixam instáveis e confusos, acreditamos que agora é a melhor hora para mostrarmos o lado bom da natureza humana: o lado do amor e da compaixão. Mesmo sendo impossível fazer tudo por todos, sempre podemos fazer o bem por e para alguém, pois certamente isso também nos fará um grande bem. Que os anjos digam amém!!!
~ Bia e Dani ~