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Abraçar sem abraçar…
Fonte: Herp Hoje vamos falar de abraço porque esse carinhoso gesto que é uma das melhores formas de comunicação universal, dispensa palavras e faz um bem danado à nossa saúde tem, merecidamente, o seu dia especial. Simmm… hoje, 22 de maio, é o Dia Mundial do Abraço!!! Nosso eterno Cazuza já dizia que o abraço é o encontro de dois corações e a não menos famosa banda Jota Quest, em uma de suas músicas diz que o “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”, expressando que “tudo que a gente sofre, num abraço se dissolve e tudo que se espera ou sonha, num abraço a gente encontra”. Melhor interpretação para um abraço não poderia existir, não é mesmo?
Jota Quest – Dentro de um Abraço Tanto é que, de acordo com a literatura científica, dar ou receber um abraço é a forma mais simples de fazer o corpo liberar oxitocina, conhecida como o hormônio do amor e da felicidade. Após um abraço, o sentimento de bem estar, conforto e alegria “contagiam” tanto quem abraçou, quanto quem recebeu o abraço, ajudando a curar a solidão, o isolamento e até a raiva, pois desde que nascemos somos condicionados a ter o contato com outras pessoas e antes disso, ainda na barriga da mãe, nos sentimos seguros, abraçados, estabelecendo uma relação de confiança, conforto e acolhimento, de modo que o abraço nada mais é do que “uma forma de expressar sentimentos e emoções, trazendo diferentes sensações para quem oferece e quem recebe. Pode demonstrar intimidade, proximidade, uma relação querida, uma saudade, um cuidado. Pode também significar afeto, carinho, cuidado, amor, perpassando por vezes a necessidade da palavra e se fazendo suficiente ao sentir o abraço naquele momento”, conforme aponta a psicóloga Letícia Lozan.
Ao contrário de alguns países como, por exemplo, o Japão que não tem o costume de abraçar (tema para um post à parte), esta ação aparentemente tão simples sempre esteve presente no comportamento de todos nós, brasileiros, de modo que, com a pandemia, em razão do distanciamento social, nunca antes um abraço foi tão valorizado. Tivemos que nos adaptar às novas circunstâncias e o abraço foi deixado de lado, sendo substituído pelo toque com os cotovelos ou mãos fechadas que, convenhamos, não se compara aquela gostosa sensação de ternura e de bem-estar-bem que só um abraço pode nos acalentar, uma vez que, como seres humanos que somos, nossas relações são pautadas no contato físico e o abraço faz parte desse universo.
Segundo depoimento do professor de psicologia médica da Pós Graduação em Psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Luiz Guilherme Pinto, à Agência Brasil, a situação que o mundo vivenciou por conta do coronavírus, é muito particular pois boa parte da população que ainda está tomando todos os cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias “está carecendo de abraços” pois não há como negar que tivemos que ressignificar as formas de transmitir afeto e manter a distância interpessoal impactou negativamente em diversos aspectos da vida, principalmente no psicológico de cada um de nós!
Conforme descreve o psicólogo Marcello Santos, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) ao referido site, o abraço é a poesia do mundo sem palavras. “É aquele momento em que você envolve o outro e o outro te envolve. É o momento em que você acolhe aquilo que o outro está trazendo. Você acolhe o outro incondicionalmente no seu abraço e isso faz com que o sujeito se sinta dentro de um clima de hospitalidade, de cordialidade, de afeto. Como falam em algumas culturas, é o choque de corações”, reforçando que “o abraço requer uma certa intimidade que, às vezes, ocorre naquele momento único, como acontece muitas vezes em jogos de futebol, quando os torcedores se abraçam para comemorar um gol do seu time. Ou no Ano Novo, em que pessoas desconhecidas uma das outras, acabam abraçando alguém para compartilharem as suas alegrias”. Como podemos verificar, há abraços para muitos momentos: aquele que conforta, o que reforça os laços de amizade, o que protege, o que põe fim à saudade, nos dando conta de que, desde que nascemos, aprendemos a usar o abraço para demonstrar afeto, transmitir segurança, cuidados e muito, muito amor.
Diante desses argumentos em que um aconchegante abraço pode aliviar a dor, a depressão, ansiedade, pânico, abandono, entre outros sentimentos que têm, de uns tempos para cá, abalado emocionalmente a população, a demonstração de carinho, qualquer que ela seja, continua sendo extremamente necessário. Segundo muitos psicólogos, deixar de abraçar “presencialmente” não significa que essa ação não possa acontecer, existindo várias formas de abraçá-la virtualmente. Obviamente, todos nós queremos e buscamos um “caloroso” abraço para nos sentirmos compreendidos, protegidos e confortáveis, mas como demonstrar que estamos próximos mesmo distantes fisicamente?
Caetano Veloso – Um Abraçaço A canção de Caetano Veloso, “Um Abraçaço”, que foi lançada em 2012, muito antes do isolamento imposto pelo coronavírus, descreve um pouquinho dos novos tempos que vivemos. O universo que vivenciamos atualmente está cada dia mais residindo nas lentes azuis de computadores, smartphones… e os abraços, infelizmente, ficaram escassos, dando vazão às telas que “felizmente” apareceram em boa hora para nos ajudar a preencher os espaços que a saudade teima em ocupar. Afinal, não é na adversidade que a vida mostra o lado reverso da moeda? Então, quaisquer que sejam os motivos, se não é possível estar sempre por perto dos familiares e amigos queridos para abraçá-los pessoalmente, podemos e devemos sim, ressignificar e distribuir “abraços” virtuais. Mas de que maneira?
A manutenção dos vínculos e cuidado com as relações pode, por exemplo, ser feita usando as redes sociais e meios tecnológicos como formas de contato e proximidade, ou seja, através de mensagens, ligações e chamadas de vídeo, a qualquer momento do dia, sem motivo específico, só para “matar” a saudade. Outra forma que também nos faz sentir perto de alguém especial é enviando flores e/ou presentes mas, independente das pequenas atitudes, o que importa mesmo é não deixarmos de cultivar os bons sentimentos e as boas energias pois o abraço, mesmo não sendo presencial, pode nos proporcionar coisas boas, como sugere Kathleen Keating, autora do livro “A Terapia do Abraço”, ao descrever alguns tipos de abraços que valem a pena relembrar, tais como:
- Abraço Amizade : é um tipo de abraço que ajuda a quebrar a timidez, aumentar a auto-estima e melhorar a confiança entre amigos.
- Abraço de urso: é um tipo de abraço muito usado entre pais e filhos, avós e netos e até para amigos que queiram expressar sua amizade, solidariedade e alegria de estar junto com aquela pessoa.
- Abraço imaginário: é um tipo de abraço, literalmente, imaginário e muito eficiente, principalmente quando estamos em situações difíceis onde precisamos de apoio e não temos ninguém por perto.
Desse modo, quando o abraço convencional não é possível e temos que apelar para o abraço imaginário, as 3 dicas básicas da psicóloga Beatriz Ferreira Neves do Hospital Estadual de Ribeirão Preto (HERP) para se “abraçar sem abraçar”, com bastante criatividade e vontade de abraçar, não só no Dia do Abraço mas em todos os outros dias do ano, são:
- Se abrace. Cruze seus braços e envolva seus ombros com suave pressão. Feche os olhos e sinta o quanto o seu abraço é bom e confortante… você é capaz de grandes abraços!
- Abrace seu animal de estimação. Dê um abraço em seu animalzinho de estimação (proporcional ao tamanho do mesmo) e sinta o carinho e a cumplicidade que os envolve… aproveite este sentimento de amizade verdadeira!
- Abrace uma almofada com o cheiro da pessoa que você gosta. Coloque numa almofada um perfume que te lembre a pessoa que você ama ou imagine o perfume dela na almofada… e abrace com vontade!
Eu, particularmente, adoro abraçar e como estou ciente que o abraço é um excelente “suplemento”, mesmo distante não deixo de “abraçar sem abraçar”, quase todos os dias, meus adoráveis netinhos Yan, Léo e Lia e as minhas filhas Dani e Paty, não me sentindo solitária ou emocionalmente machucada por não poder (por enquanto) abraçá-los pessoalmente. Aprendi a dominar algumas dicas de abraços virtuais, desenvolvendo uma certa confiança na minha capacidade natural para compartilhar abraços maravilhosos, como podemos nos encantar neste vídeo em que é perceptível mudar paradigmas e sentir um “delicioso” e carinhoso abraço virtual!
Léo com 1 ano e 11 meses abraçando a vovó Bia Como se vê, até mesmo abraços virtuais podem despertar uma série de emoções, não existindo receitas prontas a serem seguidas e sim, descobertas e redescobertas a serem feitas quantas vezes forem necessárias, pois dentro de cada singularidade, é possível abraçar sem abraçar, de maneira inimaginável há algumas décadas atrás.
Nunca é tarde para investir nos afetos. Bora começar pelos abraços virtuais…
Feliz Dia do Abraço para todos nós!!!
~ Bia ~
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No mês de maio, a vida tem o seu esplendor
Fonte: Fujiyama “Azul do céu brilhou / Mês de maio enfim chegou / Olhos vão se abrir pra tanta cor / É mês de maio, a vida tem o seu esplendor”. Assim começa a música “Mês de Maio” do nosso querido cantor Almir Sater e assim começo o post do mês de maio, recheado de várias datas muito muito especiais.
Como deu para perceber, estou bem “atrasadinha” pois hoje é dia 11, já estamos quase na metade do mês e só postei um assunto no final do mês de abril, falando do Dia dos Meninos que foi comemorado no dia 5. Fiquei sem postar na semana passada pois foi o feriado de Golden Week no Japão e aproveitamos para passear nos arredores do Monte Fuji, a montanha “sagrada” da terra do sol nascente.
No post anterior comentei que a comemoração alusiva ao Dia das Crianças (Kodomo no Hi) faz parte do calendário do Golden Week, mas para que se possa compreender melhor acerca deste feriado, vou falar um pouquinho mais a respeito.
A Golden Week (Semana Dourada) é a junção de 4 feriados nacionais no Japão, comemorados bem próximos uns dos outros no final de abril e início de maio. Estes feriados levam a um período de descanso excepcionalmente longo, considerado o período de férias por excelência para os japoneses, sendo que muitos deles solicitam folgas de trabalho remuneradas (yukyu) para prolongar suas férias e aproveitar alguns dias a mais para “curtir” um merecido descanso.
Embora o início do feriado seja, oficialmente, no dia 29 de abril indo até o dia 5 de maio de cada ano, as festividades geralmente têm início 1 a 2 dias antes e continuam alguns dias depois, especialmente quando os dias de folga caem em um fim de semana prolongado, como ocorreu neste ano, pois o feriado teve início no dia 29 de abril (sábado) e estendeu-se até o dia 7 de maio (domingo).
Dentre os eventos comemorativos no Golden Week temos:
- 29 de Abril – Showa no Hi (Dia de Showa) é o aniversário do último imperador Showa, Hirohito, que governou o destino do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
- 3 de Maio – Kenpo Kinenbi (Dia da Constituição) é o dia em que se comemora a ratificação da constituição japonesa de 1947.
- 4 de Maio – Midori no Hi (Dia do Verde) é o Dia do Meio Ambiente, cuja data era comemorada no mesmo dia do aniversário do imperador Showa, sendo posteriormente alterada para o dia 4, devido à lei que estabelece que o dia que cai entre dois feriados nacionais também deve ser feriado.
- 5 de Maio – Kodomo no Hi (Dia das Crianças), também chamado de Tango no Sekku (Dia dos Meninos) homenageia principalmente os meninos.
Diante de todos esses eventos que permeiam o agradável clima primaveril, é certamente uma das datas favoritas para viajar, não só pelo país, mas para o exterior, visitar os familiares ou apenas descansar. Aproveitando o embalo, fomos passear em alguns pontos turísticos das províncias de Shizuoka e Yamanashi.
Fonte: Gurunavi A primeira parada foi em Fujinomiya (Shizuoka) para conhecermos as famosas Cataratas de Shiraito, cujas águas cristalinas provêm das nascentes do Monte Fuji. Com 150m de comprimento e 20 m de altura, foi nomeada uma das “100 melhores cachoeiras” pelo Ministério do Meio Ambiente do Japão e realmente impressiona pela sua beleza ímpar. Como o cenário muda de acordo com a estação, é um dos lugares que pretendo voltar no outono para apreciar o belíssimo espetáculo das folhas amarelo avermelhadas contrastando com os delicados filamentos das águas com formatos de fios de seda, que emanam das sólidas paredes de lava do Monte Fuji.
Fonte: Tabi À caminho de Yamanashi, na região dos Cinco Lagos Fuji (Fujigoko) que fica na base norte do Monte Fuji, a montanha nem sempre é visível por causa das nuvens, mas tivemos uma sorte incrível pois fomos agraciados, literalmente, com um maravilhoso “céu de brigadeiro” que permitiu contemplarmos, sob diferentes ângulos, através dos passeios nos lagos Kawaguchiko, Saiko, Yamanakako, Shojiko e Motosuko, a imponente montanha de 3.776 metros diante de nossos olhos.
Fonte: BBQ HACK Fujigoko é conhecida como uma área de resort, onde caminhadas, camping e esportes no lago estão entre as atividades populares ao ar livre mais apreciadas pelos japoneses.
Fonte: Coisas do Japão Há também muitas fontes termais e museus na área, junto com o Fuji Q Highland, um dos parques de diversões mais populares do Japão, com montanhas-russas de deixar qualquer um de “cabelo arrepiado”. Ao contrário das minhas filhas que adoram esse tipo de entretenimento, prefiro ficar horas a fio apreciando indescritíveis paisagens naturais.
Dentre uma lista enorme de atrações turísticas ao redor dos cinco lagos, a parada obrigatória para fotógrafos e amantes de belíssimas paisagens, sem dúvida, o Arakurayama Sengen Park, o principal ponto turístico da cidade de Fujiyoshida, de onde é possível se encantar com uma das mais exuberantes vistas do Monte Fuji.
Fonte: Yamanashi Outro passeio imperdível nessa época do ano é o Fuji Shibazakura Festival, onde um gigantesco “carpete” de flores shibazakura (musgo rosa ou musgo flox em inglês), em diferentes tons de rosa, cobre uma vasta área no pé do Monte Fuji. O local do festival, conhecido por Fuji Motosuko Resort, está localizado a cerca de três quilômetros ao sul do Lago Motosuko e durante o festival, que é realizado em meados de abril até o final de maio, os visitantes têm a oportunidade única de apreciar cerca de 800.000 pés de shibazakura floridos, cujo impressionante cenário seria digno de ser, até mesmo, pintado ao ar livre pelo renomado pintor francês Claude Monet, que ficaria encantado em retratar o primoroso campo de shibazakura, com o Monte Fuji ao fundo, em dias ensolarados. Um deleite para os olhos!!!
Fonte: Tenki Outro cenário que também deixaria Monet de “queixo caído”, considerado um lugar sagrado e fonte de inspiração artística, é Miho no Matsubara, localizada na província de Shizuoka. Com cerca de 54 mil pinheiros negros alinhados à beira mar, numa extensão de aproximadamente 6 km, o local também é um dos três bosques de pinheiros mais famosos do Japão (Nihon Sandai Matsubara). Por causa da sua beleza cênica, tendo como pano de fundo o magnífico Monte Fuji, exibido em várias obras de arte, foi também escolhido como um dos três locais cênicos mais famosos do Japão (Nihon Shin Sankei). A paisagem, de tirar o fôlego, que vem conquistando o coração dos japoneses há decadas, é um tesouro nacional que vale a pena conhecer, sendo tombado como Patrimônio da Humanidade desde 2013. Como o Milton é apaixonado por pinheiros, ficou em êxtase diante deste fascinante espetáculo a céu aberto!!!
Fonte: Hamamatsu.com Por fim, de volta para casa, passamos em Hamamatsu, ainda na província de Shizuoka, para visitarmos o Parque das Flores que é um belíssimo jardim botânico à beira do Lago Hamana, com mais de 3.000 espécies de plantas espalhadas em uma vasta área de aproximadamente 30.000 metros quadrados. Com variadas espécies de flores que possuem épocas distintas de florescimento, no final de março até o início de abril, cerca de 1.300 cerejeiras e 500 mil tulipas se harmonizam no meio de uma bela paisagem. Durante o mês de abril as azaleias esbanjam sua formosura, seguidas da glicínia que começam a florescer no final de abril e início de maio. As delicadas rosas começam a exalar suas fragrâncias em maio e em junho é a vez das hortênsias ostentarem sua inegável beleza. Como o nosso objetivo era apreciar as glicínias, não poderíamos deixar de “bater o cartão de ponto” neste parque para ver de perto essas lindas flores que são um colírio para nossos olhos. No ano passado, fomos no Ashikaga Flower Park, mas desta vez, optamos por vê-las em Hamamatsu e estavam tão lindas quanto às glicínias de Ashikaga. Além das glicínias, o perfumado Rose Garden, com mais de 1.000 rosas de 270 variedades plantadas em um terreno de 3.000 metros quadrados, foi um espetáculo à parte.
Fonte: Hamamatsu.com E assim, em contato com a natureza e “desfrutando” lugares incrivelmente pitorescos, renovamos nossas energias no “Golden Week”. Sem sombra de dúvida, para quem mora no Japão, no mês de maio, no auge da multicolorida primavera, a vida tem o seu esplendor!!!
~ Bia ~
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“Kodomo no Hi” – Dia das Crianças no Japão
Fonte: LearnJapanese123 Desta vez os holofotes estão direcionados aos meninos!!! Nas vésperas do tão aguardado feriado de Golden Week, o Japão anuncia a chegada do Kodomo no Hi – Dia das Crianças, com as multicoloridas flâmulas em formato de carpas “Koinobori”, hasteadas em diversos locais para celebrar a felicidade e o bem-estar das crianças, assim como a esperança de que elas cresçam fortes e saudáveis.
O Kodomo no Hi, que será comemorado no próximo dia 5 de maio, faz parte do calendário deste feriado nacional e apesar de ser o Dia das Crianças, é tradicionalmente conhecido como Dia dos Meninos, pois as meninas, como mencionamos anteriormente, têm uma data especialmente dedicada a elas, o “Hinamatsuri”, cujas festividades acontecem anualmente no dia 3 de março. De certo modo, por ser o Dia das Crianças, tornou-se um feriado em que muitas famílias celebram a saúde e a felicidade tanto dos meninos como das meninas, sendo também um dia especial para que elas possam cultivar a gratidão às mães.
Originalmente conhecido como “Tango no Sekku”, essa data era dedicada exclusivamente aos meninos e remonta ao período Nara (710-794), sendo que em 1948, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o governo japonês estabeleceu que fosse renomeado Dia das Crianças, para que se passasse a valorizar as crianças em geral, e não apenas os meninos. No entanto, ainda hoje a tradição prevalece, de forma que quando um menino nasce, seus pais ou avós costumam comprar (ou passar adiante) os elementos simbólicos dessa data festiva que compõem o altar montado com bonecos de guerreiros samurais (gogatsu ningyo), capacetes de samurai (kabuto), espadas (katana) e outros itens que faziam parte da antiga batalha nipônica, materializando valores como a persistência, a destreza marcial e a lealdade. Os bonecos, por sua vez, representam personagens folclóricos como Kintaro, Momotaro e Issun Bōshi, por simbolizar a força e a coragem dos lendários guerreiros samurais. Como o altar tem um preço relativamente elevado e ocupa espaço dentro das casas, muitas famílias estão optando atualmente por ornamentar suas casas apenas com o kabuto ou um dos bonecos, com o intuito de inspirar força e bravura, protegendo-os dos infortúnios e das doenças.
Fonte: Japan Sauce No entanto, uma das tradições mais marcantes que comove a população e chama a atenção de qualquer turista estrangeiro, é a quantidade de Koinobori que se espalham nos ambientes externos como jardins, quintais e áreas públicas. Elas representam a energia, a força e a determinação das carpas que nadam contra as fortes correntezas do rio no período de desova, existindo até mesmo uma lenda sobre uma carpa dourada que nadou arduamente contra a correnteza e ao chegar rio acima, devido a sua coragem e persistência, transformou-se em um dragão. Tais atributos são vistos pelos japoneses como essenciais para que as pessoas superem as adversidades da vida, razão pela qual nas semanas que antecedem o Kodomo-no-Hi, o Koinobori é hasteado em todo o país para atrair essas características tão admiradas nas carpas, que passou a simbolizar o sucesso, a prosperidade, a longevidade e o desejo dos pais para que seus filhos cresçam fortes, corajosos e perseverantes.
Fonte: Coisas do Japão No Koinobori, as cores e a disposição das carpas nas flâmulas tem um significado. No mastro, a carpa preta, que fica no topo da haste e é a maior de todas, simboliza o pai. Logo abaixo, a carpa vermelha, um pouco menor, a mãe e na sequência, a carpa azul, um pouco menor que a vermelha, costuma corresponder ao filho primogênito. Os outros filhos são representados por outras cores e tamanhos, de acordo com a ordem de nascimento, podendo ser verde, roxo ou rosa. Acima de todas essas cores, pode haver o fukinagashi, uma espécie de biruta (instrumento usado para mostrar a direção do vento) com cinco cores. Colocada acima da carpa preta, ela pode ter ou não o brasão da família na sua ponta. Para os japoneses, trata-se de um amuleto que simboliza proteção à criança.
Fonte: Just One Cookbook Além desses adereços, como há pratos típicos em qualquer ocasião especial no Japão, é óbvio que no Dia das Crianças não poderia ser diferente. Dentre as iguarias servidas nesta data, uma delas é o chimaki, que são bolinhos de arroz cozidos no vapor, envoltos em folhas de bambu, por simbolizar a resistência às intempéries. O chimaki pode ser doce ou salgado, recheado com diferentes combinações de carnes e vegetais. Outra sobremesa bastante apreciada é o kashiwa mochi que é um bolinho de arroz feito com farinha de arroz recheado com doce de feijão vermelho (anko), cozido a vapor e envolto em folhas de carvalho, que por não perderem suas folhas antigas até que novas folhas comecem a surgir, representam a prosperidade da família, de geração a geração. E, para beber, o costume tradicional é saborear folhas de íris picadas e misturadas ao sakê, a tradicional bebida japonesa preparada a partir da fermentação do arroz.
Fonte: Just One Cookbook Simmm… íris!!! A íris floresce no início de maio e é a flor que se destaca neste feriado para afastar todo e qualquer “mau olhado” nas crianças. Como a flor íris em japonês é shobu, e shobu também significa batalha, assim como os samurais costumavam tomar banho de imersão repleto de folhas de íris antes das batalhas, os japoneses acreditam que banhar as crianças com folhas de íris é extremamente auspicioso.
Fonte: Teniteo Uma atividade muito legal que costuma fazer parte deste evento são os “origamis” de capacete de samurai. São feitos em diferentes tamanhos, mas o que mais entretém a criançada são os capacetes grandes, para que, ao colocá-los, se sintam como se fossem verdadeiros samurais. Essa diversão me levou às doces lembranças da infância, quando fazíamos, (eu, meus irmãos menores, meus primos e minhas primas) origamis de chapéus com jornais e depois de prontos, uma vez colocados em nossas cabeças, fazíamos a maior algazarra, marchando e cantando a famosa e antiga canção marcha soldado/cabeça de papel/se não marchar direito/vai preso pro quartel. Bons tempos!!!
Léo, Lia e Yan (Abr/2023) Nostalgia à parte, escrevi este post pensando nos meus netinhos Yan e Léo, pois em março, no Dia das Meninas, prestei a minha homenagem para a minha princesinha Lia. Ao conversar com a Dani, minutos atrás, ela me mostrou uma foto do Léo quando estava com 1 ano e disse estar atônita pois daqui 3 meses ele irá completar 3 anos, me fazendo lembrar que o tempo está passando muito rápido e eu ainda não conheço nenhum dos meus netinhos pessoalmente. Apesar de estar distante, como eu os vejo praticamente todos os dias, acompanhando o desenvolvimento desde o nascimento, não tenho do que me queixar pois eles me proporcionam muitas e muitas alegrias através das nossas “videoconferências”. Aguardo, sim, o dia em que poderei abraçá-los carinhosamente e transmitir “ao vivo” o enorme amor e carinho que sinto por eles, mas enquanto esse dia não chega, é uma bênção ter a internet a meu favor numa hora dessas.
Assim como as meninas tem uma canção dedicada a elas no Hinamatsuri, como não poderia deixar de ser, os meninos também têm uma canção dedicada a eles. Que tal homenagearmos todos os meninos, ouvindo a antiga e popular canção alusiva à essa data? A canção é Koinobori e para acessá-la, é só clicar neste link, ok?
Feliz Dia das Crianças! Feliz Dia dos Meninos!
~ Bia ~
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Livrarias à beira da extinção?
Fonte: Inteligência Financeira É impressionante como no mês de abril temos várias comemorações alusivas à leitura. No dia 2 tivemos o Dia Internacional do Livro Infantil, no dia 18 comemoramos o Dia Nacional do Livro Infantil e no dia 23, foi dia de celebrar o Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral. Do papiro utilizado para a escrita na Antiguidade à tela dos aparelhos eletrônicos, o percurso do livro ao longo da História vem alicerçando a importância desse produto cultural como instrumento de difusão de conhecimento, além de fonte inesgotável de entretenimento, visto a humanidade ter experimentado nas páginas de romances, contos, crônicas, textos teatrais, coletâneas de poemas, entre outros, inúmeras emoções desencadeadas pela literatura, que tem o livro como principal suporte. O escritor, por sua vez, figura imprescindível para a existência do livro, não poderia ser deixado de lado nessa data, uma vez que a celebração do dia do livro está diretamente associada ao reconhecimento dos direitos autorais.
Tendo, portanto, como principais objetivos o reconhecimento e a exaltação da importância do livro e do escritor para o desenvolvimento intelectual da humanidade, o Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral é, sem dúvida alguma, a materialização física e simbólica da criatividade humana pois, através dele, compartilha-se conhecimentos sistematizados por todas as ciências — exatas, biológicas e humanas —, impulsionando o desenvolvimento da humanidade em múltiplos aspectos: econômicos, científicos, sociais, políticos, sociológicos, históricos e antropológicos.
Embora a existência de um dia dedicado à celebração do livro e do autor também venha, ano após ano, incentivando o debate acerca das incertezas advindas da popularização de novos suportes tecnológicos para a difusão de conhecimento e sobre os direitos do autor na era digital, colocando-nos frente a frente com situações que despertam a nossa atenção em um mundo cada vez mais carente de humanização, não é de se estranhar que a chegada de formatos digitais tenha aflorado discussões acerca da sobrevivência do “livro de papel” propriamente dito. Razão que nos leva a direcionar para o futuro incerto das livrarias, que é o título deste post.
Vocês sabiam que a livraria mais famosa do mundo fica no coração de Paris? Segundo Taísa Szabatura, em seu artigo publicado na Revista IstoÉ em 13/11/2020, a Shakespeare and Company fez no início do mês da publicação, há quase 3 anos, um pedido inusitado aos seus clientes, pedindo para que comprassem livros pois, caso contrário, teriam que fechar as portas. A mensagem, enviada por Sylvia Whitman, proprietária da famosa livraria, pegou muita gente de calça curta por não ser um simples golpe de marketing, mas por expor a nua e crua realidade que livrarias do mundo todo vem enfrentando ao longo dos tempos.
Se antes da pandemia o setor já estava em crise, com o “lockdown”, até os endereços mais charmosos da literatura anunciaram o fechamento. A pergunta que se fez naquela ocasião foi: livrarias fazem parte do “serviço essencial” ao cidadão durante uma crise sanitária? Anne Hidalgo, então prefeita de Paris, disse que sim e foi mais longe, pedindo à população para que não comprasse livros na Amazon e valorizasse as livrarias alternativas da cidade. Apesar da atenção recebida naquele período, Taísa acredita que ainda é cedo para cravar um final feliz ao pequeno, porém poderoso endereço às margens do Sena, em frente à Notre-Dame, ressaltando que “a livraria de língua inglesa que leva o nome de William Shakespeare é tão relevante quanto o museu do Louvre ou a Torre Eiffel”. Para se ter uma ideia da sua imponência, a livraria faz parte da vida de escritores renomados há mais de um século, motivo pelo qual o pedido de socorro causou enorme repercussão entre os bibliófilos. Fundada em 1919, a tradicional Shakespeare and Company conquistou o coração de muitos escritores ao amparar, em 1922, o lançamento de “Ulysses”, obra máxima de James Joyce, tornando-se, desde então, local de peregrinação entre os amantes da literatura.
Até mesmo em Nova York, conforme destaca Taísa, quem está com o futuro ameaçado é a Strand Book Store, fundada em 1927 e um cartão postal da cidade. Assim como a Shakespeare, a Strand que é uma das maiores livrarias de livros novos e usados do planeta, corre o risco de sumir do mapa, pois mesmo tendo um “espaço” que define a clássica imagem do negócio livreiro, com iluminação controlada, chão de madeira e “ares” de biblioteca, sua clientela diminuiu drasticamente.
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Bernardo Gurbanov, a crise do setor é generalizada e se manifesta em vários países, sendo um dos principais motivos a compra de livros, tanto digitais como impresso, pela internet, que vem substituindo o comércio presencial, fato este que infelizmente culminou no fechamento de várias lojas da Livraria Cultura, cuja falência foi decretada recentemente, causando burburinho no mercado editorial. O diretor comercial da Editora Planeta, Gerson Ramos, disse ao PublishNews que a renomada livraria marcou a vida de milhares de leitores e profissionais do livro, enfatizando que “um dos ônus de ser profissional no mercado de livros é o de precisar separar a emoção e a paixão que temos pelas obras dos autores e das livrarias, para conseguir manter foco na obtenção dos resultados necessários para mantermos nossas empresas saudáveis”. Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da Editora Rocco, também deu o seu parecer, citando que a Cultura fez história no mercado brasileiro com ótimos livreiros e um padrão que era modelo para outras redes, lamentando que o mercado tenha perdido uma rede como essa e apontando que o declínio vem desde 2018 e que esse desfecho não pegou ninguém de surpresa, pois o mercado, como um todo, assistiu a sua longa agonia.
No entanto, o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares, comentou que “as livrarias são fundamentais para um mercado saudável e sustentável e que a diversidade de pontos de venda contribui para um mercado mais estabilizado e promove o acesso ao livro”, anunciando que “felizmente, podemos constatar, nos últimos meses, o surgimento de novas livrarias no país e expansão das redes de forma renovada e com foco no leitor e que o interesse pela leitura continua vivo e isso é perceptível pela grande quantidade de conteúdos sobre livros nas redes sociais”. Compartilhando desta visão otimista, Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL) esclarece que “aqueles que amam o livro lamentam toda e qualquer perda ocorrida no mundo das livrarias”, argumentando que “ver outras livrarias prosperando, abrindo novas filiais, em novos formatos, nos alegra”, ao observar a retomada do hábito de leitura da população brasileira, após os últimos três anos, em meio a um cenário econômico complexo devido à pandemia. Ele, inclusive, analisou que “ao longo de 2022, esse comportamento foi mantido e influenciou o crescimento do mercado e a abertura de novas livrarias, superando o saldo de livrarias fechadas”.
Deste modo, muitas livrarias estão buscando a criatividade para não terem que fechar as portas. Em Paris, o pedido de socorro teve efeito imediato e a Shakespeare and Company foi obrigada a suspender temporariamente as vendas. A procura pelo seu clube de assinaturas, chamado “Amigos da Shakespeare and Company”, no qual o leitor recebe, por um preço fixo, livros exclusivos, carimbados e cuidadosamente embalados, chamou a atenção do público leitor que tem a comodidade de receber o livro em casa, de qualquer lugar do mundo. Da mesma forma, a Strand manda um alerta: apoie o nosso negócio e compre um “gift card”. Como podemos verificar, apoiar ações que fortaleçam as livrarias, sejam elas pequenas, médias ou grandes, é o caminho para que, em médio prazo, possamos recuperar os espaços perdidos desde 2018. Até mesmo a Editora Todavia, em nota enviada ao PublishNews, alega que quando uma livraria deixa de existir é um estrago brutal na paisagem da cidade e no cenário cultural do país inteiro, torcendo para que a nossa indústria encontre nesse revés, motivação para criar e manter caminhos sustentáveis para chegar ao leitor. Afinal, percebe-se uma mudança cultural que mostra a queda do prestígio do livro como objeto de consumo, pois não temos como negar que a praticidade da compra remota e os livros digitais tornaram as visitas às livrarias cada vez mais eventuais e, assim, muitos clientes simplesmente desapareceram.
“Criei esta livraria como um homem escreveria um romance, construindo cada cômodo como um capítulo, e gosto que as pessoas abram a porta do jeito que abrem um livro, um livro que leva a um mundo mágico em sua imaginação.” George Whitman – fundador da Shakespeare and Company
~ Bia ~
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Ler dá asas à imaginação!
Fonte: Pinterest Foi com esta epígrafe “Quem escreve um livro cria um castelo, que o lê mora nele”, que Monteiro Lobato se inspirou para escrever dezenas de livros infantojuvenis, sendo considerado o pai da literatura infantojuvenil no Brasil, razão pela qual comemoramos anualmente, no dia 18 de abril, data natalícia do escritor, o Dia Nacional do Livro Infantil. Talvez meus queridos netinhos que acabaram de nascer e que já estão vivenciando um mundo altamente tecnológico, jamais compreenderão como Monteiro Lobato deu asas à minha imaginação, me levando a aventurar num mundo repleto de aventuras e de peripécias que povoam uma de suas maiores criações, o Sítio do Picapau Amarelo.
Composta por uma série de 23 volumes de fantástica literatura, a história se passa em um sítio que leva o nome de Picapau Amarelo, onde mora uma senhora chamada Dona Benta, junto com sua neta Lúcia, mais conhecida por Narizinho, Tia Nastácia que é a cozinheira que trabalha na casa e Tio Barnabé. Nos livros da série, o Sítio também recebe a visita de Pedrinho (outro neto de Dona Benta), que vive na cidade grande e vem passar as férias com a avó e a prima.
Muito sábia, Dona Benta sempre lê e ensina coisas novas aos netos, contando para eles sobre a cultura do Brasil e do mundo. Já Tia Nastácia, além de preparar os famosos bolinhos de chuva, ensina às crianças sobre cultura popular e o folclore brasileiro, costurando para Narizinho sua inseparável amiga: a espevitada boneca de pano falante Emília. As leituras e ensinamentos de Dona Benta e Tia Nastácia levam as crianças a desenvolver a criatividade e a imaginarem um mundo de fantasias, envolvendo-se em diversas aventuras.
Tio Barnabé, por sua vez, é um grande conhecedor da floresta e de seus habitantes fantásticos, sendo alguns deles o Saci Pererê, a Cuca e o Visconde de Sabugosa, um inteligente boneco feito de sabugo de milho, cuja sabedoria também obteve por meio dos livros da estante de Dona Benta. Nas aventuras, o Visconde é sempre escolhido por Pedrinho para fazer as coisas mais perigosas, pelo fato dele ser “consertável”. Até mesmo Emília usa e abusa do Visconde, ameaçando “debulhá-lo”. Entre os animais do Sítio, temos o Marquês de Rabicó, o burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim, onde todos convivem harmoniosamente com personagens do mundo da imaginação, além de personagens que Monteiro Lobato resgata da mitologia grega.
Dessa maneira, o escritor tinha como principal intenção nos levar para o incrível mundo da imaginação e, ao mesmo tempo, despertar e aguçar a nossa curiosidade em aprender cada vez mais por intermédio da leitura. Dentre os livros mais famosos do Sítio do Picapau Amarelo que até hoje se mantêm vivas em minha memória estão: As Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho, O Picapau Amarelo, Emília no País da Gramática e Histórias de Tia Nastácia. O Sítio do Picapau Amarelo também foi adaptado diversas vezes, desde 1950, para filmes e séries de televisão, sem contar que as trilhas sonoras das séries inspiradas neste Sítio são um capítulo à parte. Muitas das canções foram compostas e interpretadas por grandes nomes da nossa MPB como, por exemplo, a faixa que leva o nome da série, música tema composta e cantada por Gilberto Gil.
Como vimos, o Dia Nacional do Livro Infantil é uma homenagem a Monteiro Lobato e eu espero, à medida que meus netinhos forem crescendo, ter a oportunidade de acompanhá-los no encantado mundo do Sítio do Picapau Amarelo. Não obstante, não podemos nos esquecer que essa data celebra a literatura infantil brasileira como um todo. Afinal, ela só passou a ser consagrada no Brasil no início do século 19, conquistando leitores, emocionando gerações, fornecendo às crianças a chave do mundo da leitura, tão essencial para despertar o interesse pela literatura e possibilitando experienciar sentimentos complexos que farão parte da vida adulta.
Neste sentido, ler as obras de vários autores é importante para que as crianças criem um repertório de leitura e possam descobrir quais estilos mais lhes agradam pois, quaisquer que sejam os gêneros, seja poemas, contos, fábulas, tirinhas, textos teatrais ou novelas juvenis, o mais legal é que temos uma extensa lista de obras literárias. Selecionar as melhores delas é basicamente impossível, mas sendo hoje uma data especial em que podemos homenagear todos os escritores da literatura infantojuvenil brasileira, vamos destacar apenas alguns deles e suas imperdíveis obras:
1- Ana Maria Machado foi a primeira autora de literatura infantil a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Tem mais de cem livros publicados, com mais de 20 milhões de exemplares vendidos, publicados em vinte idiomas. Bisa Bia, Bisa Bel surgiu do desejo da autora de falar sobre os seus avós para os seus filhos, abordando a memória e ensinando as novas gerações a refletirem sobre as origens da família, investigando antepassados com quem não se teve a chance de conviver.
2- José Mauro de Vasconcelos é o autor da obra O Meu Pé de Laranja Lima, um clássico da literatura infantojuvenil nacional e um campeão de vendas. Publicado pela primeira vez em 1968, conta a história do menino Zezé e seu amigo vegetal Minguinho, o pé de laranja lima, com quem desabafa, pois seu mundo não se restringe à fantasia infantil. Zezé vive uma dura realidade: a violência doméstica, cuja realidade é amenizada pela sensibilidade e carisma do protagonista e por sua amizade com Manoel Valadares, o Portuga. O livro ensina as crianças sobre injustiças e trata também do pesado tema da negligência durante a infância, ilustrando como elas tendem a se refugiar no seu próprio universo particular quando se sentem acuadas ou com medo.
3- Clarice Lispector costuma ser celebrada pelos seus livros de literatura adulta. No entanto, os seus livros infantis são igualmente uma preciosidade. Escritos inicialmente para os próprios filhos, as obras foram publicadas e hoje são consideradas referências da literatura infantil brasileira. Em A Mulher que Matou os Peixes ficamos conhecendo uma narradora culpada pelo assassinato – sem querer! – de dois pobres peixinhos vermelhos que eram os bichos de estimação dos seus filhos. Ao longo das vinte e poucas páginas, a obra ensina o pequeno leitor a lidar com a dor e com a perda, e também exercita nos pequenos a capacidade de compreensão e do perdão.
4- Ziraldo é um artista de muitas facetas. Além de ilustrador, é cartunista, jornalista, chargista, pintor e também dramaturgo. Autor de mais de 130 livros, é um dos escritores mais amados do Brasil e responsável por um dos grandes fenômenos da literatura infantil: O Menino Maluquinho, publicado pela primeira vez em 1980, em que propõe fazer com que as crianças agitadas se sintam compreendidas e acolhidas pelo convívio com o seu menino maluquinho. Além disso, é interessante assistir o pequeno garoto enfrentando uma série de desafios e situações limite, o que fortalece sua autonomia e identidade.
5- Lygia Bojunga é lembrada como um dos nomes mais fortes da literatura infantil brasileira por investir em histórias que dialogam de maneira certeira com os pequenos. Em A Bolsa Amarela, Raquel é a protagonista dessa história que marca o desejo da descoberta, os anseios pela autonomia e alguns toques dos questionamentos de identidade, característicos da pré-adolescência.
6- Mauricio de Sousa é um dos mais famosos cartunistas do Brasil, membro da Academia Paulista de Letras e, é claro, criador da Turma da Mônica, que já estimulou várias gerações de crianças a criarem o hábito da leitura através das histórias em quadrinhos. Uma Aventura no Limoeiro é o livro personalizado da Turma da Mônica, onde qualquer criança pode criar seu próprio personagem e fazer parte de uma aventura com a turminha.
7- Ruth Rocha é uma das mais importantes escritoras brasileiras de literatura infanto juvenil com mais de duzentos títulos publicados, cujas obras já foram traduzidas para vinte e cinco idiomas. Em seu livro infantil Marcelo, Marmelo, Martelo, o livro faz menção a uma das maiores dúvidas de Marcelo: por que as coisas têm determinados nomes? Inconformado, Marcelo decide dar novos nomes àqueles que considera não combinarem com o nome que originalmente têm. Assim, neste enredo, a escritora investiga a persistente curiosidade das crianças e o gesto de questionar o já pré-estabelecido.
8- Pedro Bandeira é um dos autores mais populares da literatura infantil brasileira. Em Papo de Sapato o escritor parte de uma ideia bem criativa: e se os sapatos pudessem contar histórias? É no meio do lixão que os sapatos velhos e sem uso são descobertos. Encontra-se desde as botas antigas de um general, que já testemunharam duras batalhas, até a sapatilha de uma grande bailarina e as chuteiras de um famoso jogador de futebol. A criação de Pedro Bandeira nos faz pensar na sociedade de consumo que muitas vezes estimula a compra e depois o descarte. Também convida o leitor e a leitora a refletir sobre justiça social.
9- Marina Colasanti é uma escritora ítalo-brasileira, que publicou diversos livros de contos, poesia e literatura infanto-juvenil. Sua obra Uma ideia toda azul recebeu o prêmio de melhor livro para jovens, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Para compor a criação, a autora se inspirou nos contos de fadas clássicos e muitas vezes fez uma releitura de histórias já presentes no inconsciente coletivo, narrando um universo mágico e maravilhoso que transporta as crianças para essa realidade paralela, estimulando a imaginação.
10- Oswaldo Faustino é jornalista e escritor, tendo atuado em diversos veículos de comunicação como TV, rádio e mídia impressa. Em 1999 começou a se aventurar na coautoria de títulos voltados ao público infantil e desde então, segue fascinado por esse universo e também pelas relações etnico-raciais. Luana – A Menina que viu o Brasil Neném leva o leitor a viajar através do berimbau mágico de Luana para diferentes momentos da história do Brasil. As viagens consistem em apresentar determinadas épocas e despertar a importância de nossa diversidade e cultura.
Além desses escritores, temos dezenas de outros autores de livros infantojuvenis que nos contemplam com suas magníficas obras. Gostaria muito de honrá-los agora, mas como o post ficaria muito, muito longo, deixarei para apreciá-los posteriormente. Todavia, antes de finalizar, sendo hoje o Dia Nacional do Livro Infantil, não posso deixar de citar o livro infantil O Extraordinário Mundo de Miki, totalmente escrito em língua de sinais (SignWriting) especialmente dedicado às crianças surdas. O livro, escrito pela Dani, recebeu o prêmio literário Aniceto Matti da Secretaria de Educação e Cultura de Maringá em 2019, ocasião em que 1000 livros foram publicados e distribuídos gratuitamente para as crianças surdas de todo o Brasil.
Muito orgulho da mamãe aqui que, cercada de livros, livros e mais livros, também conseguiu incutir nas “filhotas” o gosto pela leitura, a ponto da Dani ser uma ávida leitora desde a infância e se empenhar em escrever e promover livros infantis em escrita de língua de sinais, pois só assim, através do contato desde cedo com livros que sejam acessíveis e de fácil compreensão, é possível incentivar a formação do hábito de leitura pelas crianças surdas, oferecendo-lhes as asas tão necessárias para que possam desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Enfim, como exaltou Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”.
~ Bia ~
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Saúde para todos
Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde O Dia Mundial da Saúde, celebrado anualmente no dia 7 de abril, marca o aniversário de fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, ocasião em que vários países se uniram para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir aos vulneráveis – para que todos, em todos os lugares, pudessem atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar. Além de focar na jornada para alcançar a Saúde para Todos, que é o tema deste ano, a OMS celebrará seu 75º aniversário sob o tema 75 anos melhorando a saúde pública, objetivando relembrar os sucessos da saúde pública que melhoraram a qualidade de vida durante as últimas sete décadas, além de motivar ações para enfrentar os desafios de saúde de hoje e de amanhã.
No quesito saúde, muitas pessoas consideram-se saudáveis quando estão sem nenhuma doença, não é mesmo? Porém, a falta de enfermidades não significa, necessariamente, presença de saúde, pois afirmar que uma pessoa está saudável requer a análise de um conjunto de fatores, tais como a qualidade de vida e aspectos físicos e mentais. Diante dessa ambiguidade, a OMS aprovou, em 1946, o conceito que visa ampliar a visão do mundo a respeito do que é ser ou estar saudável, definindo que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Para se ter uma ideia acerca da sua importância, de acordo com a Lei nº 8.080, de 1990, “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
A lei também aponta que para haver saúde, alguns fatores são determinantes, tais como: “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer, e o acesso aos bens e serviços essenciais”. Assim, por mais irrelevantes que esses fatores possam parecer, de uma forma ou de outra, podem afetar a vida de um indivíduo e, consequentemente, a sua saúde, fazendo com que o Estado tenha o dever de garantir o bem-estar da população, sendo ele o responsável pela qualidade de vida de todos os cidadãos. No entanto, para que a gente possa se valer dessa premissa, é fundamental que, além de cuidarmos da nossa saúde, possamos nos engajar nas lutas sociais em nosso país, destacando que não devemos reivindicar melhorias apenas em hospitais, mas lutar por mais segurança, educação, lazer, cultura, entre outros direitos básicos e fundamentais para o completo bem-estar individual e social.
Euforismo à parte, o Dia Mundial da Saúde é uma data que deve ser lembrada principalmente para que todos nós possamos redobrar cuidados próprios e preventivos com a saúde, com atenção voltada ao corpo, à mente e, portanto, ao bem-estar físico, psíquico e social. Muitas vezes não é fácil levar uma vida saudável, seja pela praticidade ou pela correria do cotidiano, mas que tal verificarmos algumas dicas de saúde do Hospital Santa Cruz de Canoinhas que podem, ao longo do tempo, fazer toda a diferença?
- Alimente-se bem: A alimentação é parte fundamental em nossa saúde e tudo aquilo que ingerimos, trará algum resultado, seja positivo ou negativo. O corpo humano precisa de uma série de nutrientes, mas não é raro que alguns destes nutrientes fiquem fora da nossa dieta. Evitar alimentos gordurosos, processados e com excesso de sódio e açúcar já é um bom começo. O sódio é um grande vilão da pressão arterial e os alimentos gordurosos podem provocar, a longo prazo, o entupimento de artérias importantes.
- Beba água: Pode parecer bobagem, mas o consumo de água é vital para o nosso corpo. Para se ter uma ideia, o corpo humano é formado por cerca de 70% a 75% de água e ela está presente em cada célula do nosso organismo. A água é responsável pelo transporte de vários nutrientes que alimentam nossas células. Para que o nosso corpo funcione “a todo vapor” é preciso estar hidratado. Outro motivo para uma boa hidratação é o funcionamento dos órgãos, principalmente dos rins. Com o consumo baixo de água, o rim começa a diminuir o processo de filtragem das toxinas e minerais, o que pode ocasionar problemas de cálculos renais. Lembrando que a dose diária de água recomendada para uma pessoa adulta é de, no mínimo, 1,5 litros a 2 litros.
- Durma o necessário: A vida moderna pode oferecer centenas de maravilhas, como internet, celulares, televisões. Nossos dias ganharam inúmeras tarefas e o tempo para o descanso acabou diminuindo. Você se considera uma pessoa descansada e acha que tem dormido o suficiente? Segundo o Instituto do Sono, a dose diária recomendada de descanso pleno é de oito horas. Porém, o sono precisa ser de qualidade, num local confortável e livre de claridade e ruídos. Muitas vezes dormimos pouco e, pior, dormimos mal.
- Cuide da higiene: Algumas doenças oportunistas podem aparecer por causa da imunidade baixa ou pela falta de higiene. Lições simples como lavar as mãos após ir ao banheiro ou antes das refeições diminuem consideravelmente o risco de infecções por bactérias. Além disso, tomar banhos com frequência e viver em ambientes limpos são atitudes importantes que evitam a proliferação de fungos e bactérias. Ainda falando em higiene, é muito importante não esquecermos da saúde bucal. Para manter a boca livre de cáries e os dentes saudáveis é importante escová-los sempre após as refeições, de maneira adequada, e não esquecer a utilização do fio dental.
- Movimente-se: Eis uma das etapas mais difíceis de serem cumpridas, pois precisa de tempo, dedicação e força de vontade. Porém, não é preciso fazer uma mudança tão radical para conseguir uma qualidade de vida melhor. As pequenas atitudes podem ser fundamentais. Evite fazer pequenos percursos de carro, se puder fazê-los a pé. Caminhe sempre quando tiver oportunidade – este hábito pode se tornar uma constante e, só assim, você estará preparado para outras etapas como corridas ou outros esportes.
- Beba com moderação: O alcoolismo é um dos problemas sociais mais graves do mundo. Os casos de dependentes do álcool são analisados anualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que sempre divulga relatórios sobre o consumo de bebidas alcoólicas no mundo. Faça uma análise e veja o quanto de bebida alcoólica você consumiu no último mês. Se você bebe diariamente ou em quantidades excessivas, talvez seja a hora de dar uma analisada com cuidado na situação. Beber com moderação não faz mal à saúde, mas o consumo excessivo e constante pode prejudicar gravemente o organismo, além de promover o estado viciante. No último Relatório Anual do Consumo de álcool da OMS, o Brasil foi elogiado pela adoção da Lei Seca, que pune severamente quem dirige após o consumo de álcool. Este é mais um dos motivos para se controlar.
- Esqueça o cigarro: Alguns estados brasileiros também adotaram uma lei enérgica contra o consumo de cigarros em locais fechados e de convívio coletivo. Mesmo sendo uma droga legal, o cigarro é reconhecidamente o causador de diversas doenças como câncer de pulmão e enfisema pulmonar. Deixar de fumar não é uma tarefa tão simples e é preciso muita força de vontade e apoio de pessoas próximas. Mesmo assim, não desista e opte por uma vida mais saudável e duradoura.
- Consulte o médico: Uma das causas de mortalidade precoce é o diagnóstico tardio. Tente entender que o corpo humano funciona como uma máquina e, se alguma parte desta máquina parar de funcionar, o corpo vai sentir. Se você está com alguma dor ou percebeu algo diferente, por menor que seja, procure um especialista e esclareça suas dúvidas. Mesmo se não sentiu nada, tente fazer exames periódicos e fique de olho em doenças que estão presentes na sua família. Diabetes, hipertensão e câncer são doenças que podem ser hereditárias, portanto, todo cuidado é pouco nestes casos.
O Dia Mundial da Saúde vem ao encontro com propostas que se concentram em incentivar boas práticas para que a saúde seja tanto preservada, quanto tratada da melhor forma possível. É também um dia especialmente dedicado para se analisar as questões relativas à saúde no mundo, uma oportunidade para motivar ações de enfrentamento aos desafios da saúde atuais e futuros, informar a população e promover a saúde, para que todos, em todos os lugares, possam atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar. Que essa data nos leve à conscientização sobre o tema “Saúde para todos”, pois como dito anteriormente, a saúde é um direito de todos os cidadãos e é garantida pela Constituição Federal do Brasil de 1988. De acordo com o Art. 196 da Constituição:
“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Todavia, esse Artigo ainda desafia nossa reflexão e mobilização pela concretização do direito à saúde, pois como afirmam David Stuckler e Sanjay Basu, “a verdadeira fonte de riqueza de qualquer sociedade é o seu povo. Investir na saúde pública é uma escolha sensata em tempos de prosperidade e uma necessidade urgente em tempos de aflição”.
~ Dani ~