
No dia 10 de novembro comemoramos o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez que foi instituído com o propósito de educar, conscientizar e prevenir a população brasileira para os problemas advindos da surdez que afeta, em algum grau, de acordo com o IBGE, mais de 10 milhões de pessoas, sendo que no mundo todo, a estimativa é de que 900 milhões de pessoas podem desenvolver a surdez até 2050, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Como vimos anteriormente, a surdez é o nome dado à impossibilidade ou à dificuldade de ouvir. Dependendo da causa, uma pessoa pode nascer ou se tornar surda e por existir vários graus de perda auditiva, ela pode impedir ou dificultar a percepção dos sons pelo indivíduo. A audição não tem relação apenas com o ouvido: na verdade ela é constituída por um sistema auditivo que capta as ondas sonoras acústicas e as transforma em códigos neurais, que serão interpretados pelo cérebro.
Quando ocorre um dano em qualquer uma das partes pelas quais o som atravessa, a capacidade auditiva pode ficar seriamente comprometida. Desse modo, a surdez pode ser congênita ou adquirida e afetar pessoas de qualquer idade sob diferentes maneiras, provocando alterações na comunicação com grande impacto na saúde e na qualidade de vida, no desenvolvimento acadêmico e nas relações de trabalho.
Principais causas e tipos de perda auditiva
1. Surdez de condução ou transmissão: ocorre quando a passagem de som para o ouvido interno é bloqueada. Em geral, ela tem causas curáveis, podendo ocorrer rompimento do tímpano, excesso de cera que se acumula no canal auditivo e até mesmo infecção do ouvido. Esse tipo de surdez pode ser tratada com medicamento ou cirurgia.
2. Surdez de cóclea ou do nervo auditivo (neurossensorial): ocorre quando o som não é processado ou transmitido ao cérebro. É desencadeada por viroses, meningites, uso de certos medicamentos ou drogas, propensão genética, exposição ao ruído de alta intensidade, presbiacusia (perda da audição provocada pela idade), traumas na cabeça, defeitos congênitos, alergias, problemas metabólicos, tumores, entre outros. Na maioria dos casos, o tratamento ocorre por meio de medicamentos, cirurgias e uso de próteses auditivas.
Esses são os dois principais tipos da surdez. Em alguns casos podem ocorrer tanto os sintomas da surdez de condução como da surdez neurossensorial. Nesse caso, chamamos de surdez mista.
Além disso, podem ocorrer outros fatores que se relacionam à perda de audição, como nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, uso de antibióticos tóxicos e infecções, como sífilis e rubéola, que podem levar à surdez congênita (quando a surdez ocorre desde o nascimento).
Segundo o otorrinolaringologista Luiz Fernando Lourençone, do Instituto de Olhos e Otorrino de Bauru (IOB), a causa da surdez pode estar relacionada a diversos fatores, entre eles, o genético, os ambientais ou os decorrentes do envelhecimento. Nas crianças, as doenças infectocontagiosas, a exemplo da meningite e da rubéola, são potenciais desencadeadores da perda auditiva, de forma que a criança com dificuldade auditiva pode perder estímulos importantes para o seu desenvolvimento, que envolvem o aprendizado, a comunicação e a socialização. O médico aponta que quando a perda auditiva é congênita, é possível ser detectada e diagnosticada nos primeiros meses de vida, razão pela qual o Teste da Orelhinha, um exame rápido e indolor, é tão importante e não pode ser negligenciado. Ele também comenta que na terceira idade, devido ao envelhecimento natural dos órgãos, o problema aparece com certa frequência, sendo mais perceptível após os 65 anos e comprovado cientificamente que a perda auditiva no idoso é um dos fatores mais expressivos de desagregação social.
Atualmente, com os elevados níveis de poluição sonora, a cultura da prevenção e a redução de exposição do ouvido a riscos desnecessários são essenciais para manter uma audição saudável, de maneira que devemos sempre buscar a prevenção da surdez. Podemos evitar a perda de audição, tomando algumas precauções como:
– No caso das gestantes, por exemplo, uma orientação médica pré-natal é essencial para evitar doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose, que podem provocar a surdez. Sem esse acompanhamento, as mulheres podem se tornar suscetíveis às doenças durante a gestação.
– Em bebês e recém nascidos, o teste da orelhinha é o exame mais indicado para identificar anormalidades na audição logo nos primeiros meses de vida. Com base nesse exame, o pediatra pode solicitar o auxílio de um otorrinolaringologista, por exemplo, para evitar maiores prejuízos.
– Também são recomendadas técnicas simples, mas muito eficazes, como o cuidado redobrado com objetos pontiagudos. Nunca insira canetas ou grampos, por exemplo, no ouvido, porque esses objetos podem causar sérias lesões. É por esse motivo que eles também devem ser mantidos longe do alcance dos pequenos.
– Para trabalhadores expostos a ruídos por tempo prolongado ao longo dos anos, em setores como a indústria, construção civil, metalurgia e mineração, é imprescindível o uso de protetores auriculares, para atenuar o ruído e tornar o barulho confortável ao ouvido. Segundo a legislação brasileira, a distribuição do EPI é uma obrigação do empregador quando os níveis de ruído aceitáveis são ultrapassados.
– Evite tomar remédios sem prescrição médica e tome cuidado especial com os fones de ouvido, porque o seu uso prolongado, com som acima do recomendado, também pode causar a perda auditiva.
Deu para entender que a precaução é o melhor remédio para quem tem receio de comprometer a audição?
No entanto, se você percebeu que tem algum grau de perda auditiva, tomar essas medidas não vai resolver o seu problema. É necessário buscar atendimento especializado para entender a dimensão da perda auditiva, realizar um diagnóstico personalizado e, aí sim, iniciar o tratamento. Contudo, antes de avaliar os tratamentos existentes, vale lembrar que a surdez não é um “bicho de sete cabeças”, sendo que uma pessoa com deficiência auditiva é plenamente capaz de realizar todas as funções de uma pessoa ouvinte, desde que respeitada a sua acessibilidade.
Encontrar uma forma de lidar com a perda auditiva pode ser um desafio, mas no momento em que há suspeita ou diagnóstico de deficiência auditiva, inicia-se um novo mundo de conceitos e informações. Quanto mais cedo reagirmos aos sinais da perda auditiva, ainda que seja leve, melhor será a qualidade de vida no longo prazo, não existindo, porém, um tratamento único para a surdez. A escolha do método terapêutico depende de vários fatores como: idade, duração, tipo e grau de perda auditiva.
Pessoas com perdas condutivas podem ser tratadas através de medicamentos ou cirurgias. Já os casos de deficiências neurossensoriais quase sempre serão tratados com auxílio de dispositivos tecnológicos desenvolvidos para a reabilitação auditiva, sendo os mais comuns:
- Aparelhos Auditivos
- Implantes Cocleares
- Implantes de orelha média
- Próteses Auditivas Ancoradas ao Osso (surdez unilateral)
A boa notícia é que para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência auditiva, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a reabilitação com o auxílio do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) e implantes cocleares. Ainda no SUS, o paciente também tem acesso ao atendimento integral: diagnóstico, indicação do implante, preparação para cirurgia (consultas e exames), acompanhamento feitos por profissionais especializados e terapias após procedimento cirúrgico. Para mais informações, acesse o site: www.saude.mg.gov.br/deficiencia
Diante do exposto, o velho e bom ditado “prevenir é melhor do que remediar”, adequado a incontáveis situações no cotidiano das pessoas, aplica-se igualmente à manutenção de uma audição saudável. Deparamos diariamente com várias surpresas e a melhor coisa que existe é colocar a saúde em primeiro lugar. Só assim conseguiremos relaxar e desfrutar os prazeres da vida, não é mesmo?
~ Bia ~