
Difícil acreditar que o tempo passou tão rápido e entrei, como num passe de mágica, na casa dos sessenta. Na medida que a “ficha está caindo” e vejo meus cabelos já grisalhos, venho me dando conta de que cheguei numa fase da vida cujo texto, tão bem delineado por Elaine Matos, reflete profundamente a minha existência nesse momento.
De repente
De repente tudo vai ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, antes fundamentais e que hoje chegam a ser insignificantes. Vai reduzindo a bagagem e deixando na mala apenas as cenas e as pessoas que valem a pena. As opiniões dos outros são unicamente dos outros, e mesmo que sejam sobre nós, não tem a mínima importância. Nada vai mudar.
De repente passamos a valorizar o que tem valor de verdade e a amar de forma diferente de todas já vividas. Vamos abrindo mão das certezas, pois com o tempo já não temos mais certeza de nada. E, de repente, isso não faz a menor falta, pois o que nos resta é ser apenas feliz. Percebemos que o hoje é apenas agora, e nada, absolutamente nada além disso. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado mas sim a vida que cada um escolheu experimentar.
De repente não existe pecado, mas sim ponto de vista. O improvável passa a ser regra. O extremo passa a ser meio termo, pois no dia a dia percebemos que nada é exato e tudo chega a ser inconstante demais para ser determinante ou absoluto. De repente o inverso vira verso. Por fim entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego. É viver sem medo e simplesmente fazer algo que alegra o coração naquele momento. E só.
De repente a saudade se torna um sentimento devastador e descobrimos que o coração fala mais alto, então este sentimento único e profundo fica acima de qualquer razão.
De repente tentamos compreender sentimentos jamais compreensíveis aos olhos de outras pessoas. Descobrimos o verdadeiro valor da verdade e com ela chega a plena certeza de que ter dignidade, transparência e retidão de caráter são qualidades obrigatórias para se viver bem com os outros, com o mundo e, principalmente, consigo mesmo.
De repente descobrimos que os planos traçados e escolhidos por nós são unicamente nossos, pois de repente, em meio aos nossos planos, chegam as escolhas de Deus.
(Elaine Matos)
Enfim, de repente “sessentei” e me assustei!!!
~ Bia ~